Low cost foram “lufada de ar fresco” para o turismo nos Açores

Vários empresários e entidades públicas dos Açores consideram que a chegada das companhias aéreas de baixo custo aos Açores, em 2015, foi “uma lufada de ar fresco” para o turismo no arquipélago. “O projeto ‘low cost’ está a ser um grande sucesso para a economia dos Açores. Sem dúvida que o novo modelo particularmente assente nas ‘low cost’ permitiu um incremento muito significativo do turismo nos Açores em todas as épocas”, disse à Lusa o presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores.

Mário Fortuna afirmou que há mais turistas ingleses e que, além de um reforço no “turismo tradicional”, houve uma abertura a novos mercados, também devido a “uma política generosa por parte da TAP e altamente competitiva relativamente aos voos de ligação a Lisboa”. Ainda assim, considera o responsável, há “muitas arestas para limar”. Mário Fortuna afirma que “o investimento para o turismo deveria ser maior para o próximo ano”.

Segundo o Serviço Regional de Estatística, de janeiro a outubro de 2015, nos estabelecimentos hoteleiros da região (hotéis, hotéis-apartamentos turísticos e pousadas), registaram-se cerca de 1,1 milhões de dormidas, mais 18,2% face ao mesmo período de 2014.

O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Luís Duarte, considerou que a chegada das ‘low cost’ foi “uma lufada de ar fresco” para o turismo e frisou que “cada vez mais o destino Açores é falado”. “Antes tínhamos poucos turistas ao almoço e agora temos mais clientes”, referiu, assegurando que “há mais turistas dos Estados Unidos e do Canadá”, mas “a grande maioria são do continente”.

O secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, frisou que os Açores passaram em 2015 pela “maior reforma de sempre ao nível das acessibilidades e da mobilidade”, num processo que “vai muito para além da entrada das companhias ‘low cost’”, já que alguns mercados emissores de turistas e que não estão ligados à região por essas transportadoras “estão com um crescimento acima dos dois dígitos” – Alemanha, Estados Unidos da América, Canadá, Holanda e Bélgica.

“Nos mercados onde elas operam também há crescimentos muito expressivos, nomeadamente ao nível do mercado nacional e do mercado do Reino Unido”, sublinhou, lembrando que há um custo máximo para os residentes nos Açores nas deslocações ao continente e à Madeira.

Quanto ao impacto da chegada das ‘low cost’ junto da companhia aérea açoriana SATA, Vitor Fraga disse que a companhia pública tem o seu caminho a percorrer e que as medidas a adotar estão relacionadas “com a sua estratégia comercial”.

Para a Associação Ecológica Amigos dos Açores, há situações que devem ser “retificadas”, especialmente no verão: em alguns dos principais pontos turísticos de São Miguel, como as Sete Cidades, a Lagoa do Fogo ou a Caldeira Velha, já se verificou alguma “sobrecarga” de turistas este ano, com reflexos na circulação de viaturas e estacionamento. “Não basta trazer apenas pessoas, é preciso transmitir uma boa experiência que seja transversal”, referiu Diogo Caetano à Lusa.