A V Cimeira do Turismo Português contou também com a presença de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal (TP), enquanto orador do painel dedicado à “Covid 19: Impacto no Turismo e na Economia”. O responsável considera que os próximos seis meses serão “críticos” mas que têm de existir medidas para que o “motor” esteja a funcionar e saia na linha da frente na retoma. Para o responsável, as empresas estão preparadas e não há que ter medo. O futuro do país, de todos os setores, depende também da retoma turística.
A primeira mensagem de Luís Araújo é de que o turismo vinha de “anos extremamente positivos” pois pela primeira vez, em 2018, “o peso dos quatro principais mercados emissores para Portugal baixou dos 50%”, ou seja, registou-se uma diversificação de mercados, e “em quatro anos aumentámos 60% as receitas recorrentes do turismo”. Já segundo os dados do INE, as receitas turísticas entre janeiro e julho de 2020 são comparáveis às receitas de 2010. Isto significa que “regredimos 10 anos” em receitas do turismo, resume o responsável.
Todavia, o presidente do TP realça que “o número de empresas de animação turística e de alojamento local quadruplicou, o número de agências de viagens duplicou e o número de camas em hotelaria aumentou cerca de 25%”. A seu ver, “é como se a família crescesse mas o cabaz de alimentação para a casa fosse o mesmo de há 10 anos”. Assim, a pergunta que se coloca é: “como conseguimos manter o motor a trabalhar e estar na linha da frente quando a confiança retomar?”.
“As empresas estão preparadas”
É essa a prioridade do Turismo de Portugal que, por isso, procura lançar “medidas que sejam de aplicabilidade prática e imediata” porque, de facto, “os próximos seis meses são críticos, de época baixa, principalmente para algumas regiões do país”. O importante para Luís Araújo é “não ter receio desta abertura ao exterior que tanto e tão bem temos feito”, e recorda que Portugal foi o primeiro país europeu a receber o selo Safe Travels, da OMT, porque “as empresas disseram que estavam preparadas”. O responsável avança que, no âmbito do selo Clean & Safe, “foram feitas quase 400 auditorias (por sistema de alerta) a 22 mil estabelecimentos e só três selos foram retirados”.
Mas o presidente do TP afirma que existem “sinais positivos”, como o facto de o “consumo dos portugueses em cartão de crédito reduzir 3% em comparação ao verão do ano passado” o que evidencia a “resposta do turismo interno”. Mesmo assim, não deixam de existir “fatores que geram muita incerteza” como a capacidade aérea, a sustentabilidade das empresas nacionais e dos distribuidores internacionais.
Luís Araújo reflete que “o futuro do turismo é o futuro do país”, na medida em que sua recuperação “não tem só a ver com as 95 mil empresas de AL, nove mil de animação turística e cerca de duas mil agências de viagens” mas também com “o efeito que isto tem, senão conseguirmos recuperar rapidamente, em todos os outros setores”.