Lusanova: “Acreditamos que a sustentabilidade será um fator de eficiência, resiliência e até competitividade”

O setor da distribuição, quer seja quem programa ou quem vende os destinos e programas junto do cliente, já sente a exigência crescente deste na hora de escolher as suas férias ou viagens de trabalho. Ambitur falou com várias empresas na sua edição 354, dedicada à temática da sustentabilidade, e todos assumem a sua responsabilidade enquanto intermediários que criam e moldam experiências. Falamos desta vez com Hugo Gomes, Sustainability Manager e responsável do Departamento de Marketing e Comunicação da Lusanova.

Hugo Gomes

O responsável do operador turístico português acredita que a sustentabilidade nos destinos está já a ser, e cada vez mais, valorizada pelos consumidores, não só ao nível ambiental mas também social. E explica que estudos recentes têm revelado essa preocupação crescente, muito até pelas novas gerações de viajantes, mais conscientes do impacto das suas escolhas. Hugo Gomes admite que “não têm ainda um peso crítico, mas tudo indica que para lá caminhamos” e que será um “fator diferenciador no futuro”.

Claro que é expectável que os consumidores exerçam uma pressão crescente sobre todos os intervenientes do setor, desde os destinos aos hotéis, passando por agências de viagens e operadores turísticos. Pressão direcionada para a adoção de práticas mais sustentáveis. Esta pressão, esclarece o Sustainability Manager da Lusanova, “será tanto mais forte quanto mais claras e confiáveis forem as informações disponibilizadas sobre os impactos ambientais das viagens”.

Para Hugo Gomes não há dúvidas do papel essencial de agentes e operadores neste caminho rumo a uma maior sustentabilidade, fazendo aqui a “ponte entre consumidor e destino”. O responsável defende que “cabe-nos informar, sensibilizar e propor alternativas mais responsáveis, além de trabalhar com parceiros locais que partilhem esse compromisso”. E assegura que a Lusanova está atenta a estas tendências e tem vindo a “integrar critérios de sustentabilidade na escolha dos nossos produtos e fornecedores, sem nunca comprometer a qualidade que os nossos clientes esperam de nós”. Foi aliás esta ambição que motivou o operador turístico a fazer a certificação da Travelife e a estar a implementar a ISO14001.

Hugo Gomes não nega que há desafios, e entre os principais está “encontrar um equilíbrio entre a preservação ambiental e a atividade económica “e isso implica implica planeamento, regulação e investimento em infraestruturas e em serviços sustentáveis.

Nos destinos internacionais, o responsável reconhece que os desafios variam conforme o grau de desenvolvimento, incluindo temas como gestão da água, resíduos, transportes e pressão turística. Já em Portugal, “vemos avanços em várias frentes, mas ainda há caminho a percorrer na articulação entre entidades públicas, privadas e comunidades locais”.

Uma última questão prende-se com o facto de uma maior sustentabilidade ambiental nos destinos poder repercutir-se nos custos das viagens. Hugo Gomes não descarta que é possível que, a curto prazo, algumas medidas sustentáveis impliquem custos adicionais. Mas considera que esse investimento será compensado por uma maior qualidade da experiência e por uma menor pressão sobre os recursos naturais, “responsabilidade que temos de partilhar”. E conclui afirmando que “a médio e longo prazo, acreditamos que a sustentabilidade será um fator de eficiência, resiliência e até competitividade”.

Por Inês Gromicho