Madeira: “Quando se carrega no acelerador, no que diz respeito à promoção nacional, a resposta é muito imediata”

São 10 anos de uma estratégia contínua da promoção da Região Autónoma da Madeira no mercado nacional, que simbolicamente poderá ser representada pelo número de 510 mil pessoas que visitaram o arquipélago em 2024, o dobro da população da Madeira. Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura e presidente da Associação de Promoção da Madeira, à margem da Bolsa de Turismo de Lisboa e num encontro com jornalistas passou um olhar pela última década do crescimento turístico da região, revelando os números que representam hoje a Madeira, a nível nacional e internacional.

Como mote da conversa, Eduardo Jesus salientou a importância do mercado nacional para o arquipélago, não se podendo dissociar a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) desta equação. Deixa nota que a presença da Madeira na BTL é entendida como obrigatória por ser o mercado nacional que está ali representado, acrescentando que “é um mercado que em 2015 não crescia com a Madeira. A partir dessa data nunca mais parou de crescer”.

O ano passado visitaram a Madeira mais de 500 mil pessoas de Portugal continental, mais precisamente 510 mil pessoas. “O que para nós é muito significativo”, pois é o dobro da população da Madeira, refere o Eduardo Jesus, que também salienta que tem sido um mercado que tem respondido muito facilmente ao apelo de visita da Madeira: “em determinadas circunstâncias, quando se carrega no acelerador, no que diz respeito à promoção nacional, a resposta é muito imediata”.

Ciclo de 10 anos

Esta também foi a ocasião do Secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira fazer balanços: “Queria também referir que estamos a completar 10 anos deste ciclo governativo. E por serem 10 anos, entendemos que é uma data que deve ser aqui lembrada. Foram 10 anos em que tomamos determinadas decisões que foram muito importantes para nós”.

Em primeiro lugar o responsável relembrou a postura tida em relação ao planeamento deste setor, onde fizeram aprovar uma Estratégia de Turismo para Madeira e onde foi projetado o Plano de Ordenamento de Turismo que vigora até 2027. Indica o responsável, que “houve decisões importantes como a concentração de toda a promoção na Associação de Promoção. Antigamente estava dividida entre a Associação de Promoção e a Direção Regional”. Destacou ainda que durante este período temporal foi reforçado o orçamento da Associação de Promoção que hoje está nos 16 milhões de euros por ano, para além do lançamento de uma nova marca e da estruturação de produtos.

Madeira procura sustentabilidade “ouro”

Relativamente ao processo de certificação da sustentabilidade do destino, destaca Eduardo Jesus, que este está a ter continuidade, pois “ainda há uma semana fizemos auditoria de acompanhamento para ganhar mais um nível dentro do âmbito da prata que já temos e visando para o ano estarmos no nível ouro, que significa o topo”.

Neste intervalo temporal a Madeira criou também um observatório de transporte aéreo, “que nos tem valido imenso, porque a informação sobre a acessibilidade determina muito as decisões que tomamos depois ao nível da promoção. Investimos em novos modelos de gestão deste sector que não existiam anteriormente, como o Prisma e o Zarco”, acrescenta o interlocutor. Estas são ferramentas que estão à disposição de todo o sector através da Associação de Promoção e que permitem conhecer origens, ofertas de acessibilidade, particularidades e até estudos de mercado de determinadas áreas que pretendem dar conforto às decisões também dos seus associados.

Relativamente à fase da crise pandémica, considera o responsável que “praticamente já nos esquecemos do tempo da pandemia, mas a pandemia foi uma enorme lição para todos nós e foi, acima de tudo, uma grande oportunidade para o sector turístico”. Para Eduardo Jesus, a Madeira saiu muito mais forte da pandemia, pois esta foi um acelerador da adoção de medidas e decisões.

Os “cartazes” da Madeira

Durante a intervenção do Secretário Regional da Madeira estiveram ainda em destaque a evolução do digital ao longo da última década, mas também dos grandes “cartazes” de atração na região.

“Queria referir a grande aposta da Associação de Promoção, no que diz respeito ao digital. Isso parece uma coisa «la palice», mas a verdade é que não havia alternativa”, indica o responsável. Que por outro lado destacou o trabalho que foi feito nos seus “cartazes turísticos”. “Recordam-se que a festa da flor era num fim-de-semana. Hoje a festa da flor é um mês, é um mês, de maio, na sua totalidade. Ativou-se o programa, estendeu-se o programa, complementou-se com outras atividades”, refere. Um trabalho que não ficará por aqui pois “a ideia é fazer com que esse momento de atração seja prolongado no tempo e permita mais estadias, permita mais impacto económico. Isso está a acontecer com a festa da flor. As festas do fim do ano começam agora em dezembro e acabam no dia de reis em janeiro. Muito provavelmente ainda vão crescer. Estamos a trabalhar no Festival do Atlântico, no mês de junho. Para este ano já será um festival de um mês muito cultural, com oferta diferenciada também”.

Eduardo Jesus também fez questão de deixar “uma nota final para dizer que o entrosamento destas duas realidades, de trabalharmos em equipa, não é por acaso que, por exemplo, a Diretora Regional do Turismo tenha assento na direção da Associação de Promoção. Estas coisas todas falam-se, combinam-se, sugerem-se. Desta articulação tem resultado aquilo que são os dados que vocês conhecem muito bem e que eu escolhi apenas dois ou três para terminar esta intervenção”.

10 anos em números

Por fim, os números que demonstram a força da atividade económica do turismo na região e a sua evolução na última década. Em 10 anos a Madeira cresceu 66,5% nas dormidas, tendo atingido no final de 2024, 11 milhões e 700 mil dormidas. Em proveitos totais do sector atingiram-se os 756 milhões de euros, o que é um crescimento de 133%. “Ou seja, em 10 anos, nós crescemos o dobro em valor relativamente ao crescimento da quantidade. E este é o que é o grande propósito de sustentabilidade deste sector, que é criar valor, ter valor”, salienta Esuardo Jesus. Por outro lado, defende que este trabalho tem vindo a ser feito, mas, simultaneamente, outro também: a remuneração das pessoas deste
sector. “E a Madeira pode se orgulhar que, nos últimos 10 anos, os colaboradores do sector do alojamento viram o seu poder de compra a crescer em 12,6% em termos reais, deduzidos da inflação”, considera o interlocutor. Acrescenta ainda que “isto talvez, justifique também o crescimento do número de pessoas afetas ao alojamento”. O alojamento passou em termos de colaboradores de 6.100 pessoas para 8.100 pessoas, o que significa um crescimento de 30%.

Hoje a Madeira trabalha com 54 companhias aéreas, para 114 aeroportos, em 32 países, com 139 rotas, em ligações diretas. E estes últimos quatro indicadores representam crescimentos à volta de 40% em 10 anos.

Por Pedro Chenrim

Leia também…

Madeira: Entre a gestão estratégica e a gestão tática turística