Marcelo Rebelo de Sousa: “Não devemos ter medo do turismo”

O presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou ontem claro que os portugueses não devem ter medo da atividade económica do turismo. Na sessão de encerramento da Cimeira do Turismo Português, que decorreu em Lisboa, no dia de ontem, o responsável frisou várias vezes que o país deve-se afastar do “medo” da evolução do turismo em Portugal, em todas as suas componentes.

Para o presidente da República, “não devemos ter medo do turismo. Uma coisa é afunilarmos o nosso crescimento para essa singular (porque a mais das vezes concretizada dentro de fronteiras) exportação de serviços de bens. Outra, é ter medo do papel do turismo no nosso crescimento”. De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, não se deve também “ter medo da sua expansão e densificação, da sua perdurabilidade, sendo mais sustentável e cada vez menos sazonal. Ter medo de interações humanas, culturais e comunitárias”. O responsável continuou ainda no mesmo mote, enfatizando que: “No momento em que de quando em vez encontramos na sociedade portuguesa a tentação de se ter medo do turismo, é bom que se diga que não devemos nem podemos ter medo do turismo”. Como contrapartida, “temos porém de saber que turismo queremos para Portugal. Temos de assumir sem complexos que o êxito do turismo duradouro impõe uma estratégia nacional conjugada entre público e privado, constância ao longo do ano, maior equilíbrio regional, maior diversificação e qualidade. Mais vocação, formação, qualificação e inovação. Temos se assumir sem complexos que o turismo efetivamente sustentado supõe ainda que os turistas possam além de fruir da natureza, da história, da cultura, que possam usufruir com os portugueses e não apenas com o convívio com os outros turistas”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “o pior que nos poderia suceder” seria que nos centros monumentais ou vivenciais das grandes metrópoles se encontrasse tudo menos portugueses. “Isso seria perder uma das dimensões cimeiras do turismo, a descoberta das gentes do destino escolhido”, acrescenta. Por outro lado, condira que não cabe aos agentes turísticos substituírem-se aos autarcas, nem aqueles que decidem em termos urbanísticos. “Estes são desafios complexos. O turismo com atividade económico, social e cultural e como política pública é muito mais exigente do que a clássica e ultrapassada visão de décadas atrás”, concluiu o presidente da República.