Metade dos imóveis de alojamento local estavam desocupados no Norte, Centro e Alentejo

Mais de metade dos imóveis em Portugal convertidos em estabelecimentos designados de alojamento local (AL) encontravam-se devolutos. A garantia é de um estudo apresentado esta manhã pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que caraterizou o AL nas regiões Norte, Centro e Alentejo, em parceria com o ISCTE e a Sítios.

O inquérito concluiu que a maioria dos empresários pretende continuar a sua atividade. Mas, embora antecipem uma evolução positiva da procura e da taxa de ocupação, admitem a sazonalidade como principal obstáculo ao negócio.

No caso do Norte, a região que concentra o maior número de unidades de AL (52%), destaca-se o distrito do Porto (69,4%), onde a maioria são apartamentos (68%). Nesta zona, 56% dos imóveis estavam desocupados antes de serem convertidos em AL.

Apenas 39% dos inquiridos admite ter adquirido o imóvel para o aluguer a turistas, enquanto que 53% já pertenciam aos empresários. Quase dois terços declaram que esta é a sua atividade económica principal (53%).

Também no Centro, quase metade dos imóveis (47%) estavam devolutos até à sua conversão em unidades turísticas. Do total de inquiridos, 23% acredita que os moradores são “indiferentes” ao AL.

Nesta região, destacam-se os distritos de Leiria (40%), Aveiro (21%) e de Coimbra (16%) como os locais onde está concentrada a maior fatia de oferta de AL. Cerca de metade dos empresários revelou que o AL não é a sua principal atividade económica, enquanto que 41% dos inquiridos assumem-se como empresários de turismo.

Já no Alentejo há um predomínio de moradias (64%) para AL. A maioria destes imóveis localizam-se, sobretudo, no distrito de Setúbal (64%) e no concelho de Grândola (34,9%).  Anteriormente, 55% destes imóveis estavam anteriormente desocupados e 12% eram segunda habitação.

Estudo vai avançar no Algarve, Madeira e Açores

A secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, anunciou aos jornalistas que a associação pretende avançar com o mesmo estudo nas regiões do Algarve, Madeira e Açores. Este inquérito decorre no âmbito do Programa Quality, projeto desenvolvido pela AHRESP, que tem como objetivos a valorização e qualificação do AL.

Para Ana Jacinto, o AL assume “um papel relevantíssimo na regeneração e na qualificação dos imóveis”, bem como na dinamização das regiões. “O crescimento do turismo exige diversificação da oferta”, acrescentou a secretária-geral da AHRESP, que considera que “o alojamento local proporciona a personalização de uma experiência única de turismo urbano ou rural”.

Segundo dados do Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local (RNAL), até outubro de 2017 estavam registadas 13.760 unidades de AL no Norte, Centro e Alentejo. A AHRESP analisou 2189 unidades de AL em funcionamento, que representam 16% do total da oferta nestas três regiões.