Ministra do Turismo da Bulgária veio a Portugal para aprender com “os melhores”

A ministra do Turismo da Bulgária esteve em visita a Portugal, depois do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ter estado na capital Sófia, acompanhado de mais de vinte empresários. Portugal e a Bulgária são parceiros de negócios de longa data, mas as trocas comerciais entre os dois países ainda são muito reduzidas. Com uma grande vontade de aprender mais com Portugal no sector económico e do turismo, Nikolina Angelkova, ministra do Turismo da Bulgária, esteve reunida com o ministro da Economia, António Pires de Lima, o secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, com o presidente do Turismo de Portugal, João Cotrim de Figueiredo, bem como com a direcção da Associação Portuguesa das Agências de Viagem e Turismo (APAVT), para conhecer melhor a realidade turística nacional, a nossa oferta e as estratégias de formação em turismo e de promoção. Em entrevista à Ambitur, Nikolina Angelkova, desvendou o que a trouxe a Portugal e como os dois países poderão cooperar na área do turismo.

“A principal motivação da minha vinda cá foi perceber como o vosso país está a desenvolver o sector do turismo porque Portugal é um excelente exemplo do que foi conseguido nos últimos dois a três anos, desde que lançaram uma nova estratégia de comunicação e os bons resultados apareceram. No ano passado, Portugal esteve entre os primeiros que tiveram melhores resultados no sector e, para mim, como ministra do Turismo, é importante aprender com os melhores”, explicou Nikolina Angelkova. Além disso, é a primeira vez que a Bulgária tem um ministro do Turismo, o que motivou, ainda mais, a visita do executivo que quer ver as que considera serem “das melhores práticas” no sector e ver como as pode utilizar e implementar na sua estratégia tendo em consideração as características da Bulgária. “O facto de a Bulgária ter um ministro do Turismo, na verdade, é a primeira vez que há este cargo na história do Governo, incentivou esta visita. Antes costumava ser parte do ministério da Economia e da Energia a tratarem destes temas”, esclareceu.

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Depois de reunida com os detentores das tutelas da economia e do turismo, Nikolina Angelkova, mostrou-se surpreendida com o trabalho que tem vindo a ser feito em Portugal, e, espera agora, poder levar para casa novas ideias para investir no país dos Balcãs. “Nós estivemos há pouco reunidos e eu fiquei deveras impressionada com o trabalho desenvolvido na comunicação e formação, pelo que acho que podemos definitivamente cooperar nesta área”, garantiu. E acrescentou: “Estamos a planear começar a efectuar mais trocas de experiências com as pessoas que visitam Portugal e as que vêm visitar a Bulgária, para ver como é que podemos melhorar o nosso modelo, as nossas estratégias de comunicação e a nossa formação. Gostaríamos, até, de introduzir o tema no nosso sistema de educação porque mais de 90% do produto da área do turismo é resultado das pessoas e nós temos realmente de investir nisso”. Nikolina Angelkova salientou, ainda, que a Bulgária é um “país pequeno” e, por isso, têm de ser “mais criativos e inovadores” para competir com os países maiores. “O turismo é o sector mais competitivo.e nós gostaríamos de aprender com os melhores”, frisou.

Troca de experiências entre os países

A ministra do Turismo da Bulgária, que desenha, agora, como principais objectivos, que os dois países iniciem uma cooperação e que a Bulgária consiga importar conhecimento de Portugal nesta área, aproveitou para explicar à Ambitur como a troca de experiências de dois países “muito diferentes mas também muito parecidos”, poderá ser benéfica para ambos. “Nós temos uma boa cooperação com vários países a nível da economia e da política e eu acho que nós não somos competitivos no sector do turismo, mas parceiros”, disse entusiasmada.

“Eu penso que as diferenças que temos estão nas coisas comuns. Ambos somos países da União Europeia, somos os dois pequenos, temos os dois mar, temos os dois bom vinho e boa gastronomia, somos hospitaleiros e amigáveis e, ao mesmo tempo, competitivos. Eu penso que nós podemos realmente usar as nossas forças para reforçar e melhorar os produtos que oferecemos. A diferença está nos detalhes. É muito importante saber como comunicar para o mundo”, disse.

“A Bulgária ainda tem muito para fazer neste sector. Apesar de termos potencial, comparado com o que vocês já conseguiram, estamos muito abaixo. Também podemos aprender muito com o turismo do golfe, o turismo gourmet e do vinho, pois ambos temos bons vinhos e boa gastronomia”, acrescentou.

Neste momento, a Bulgária está a desenvolver fundações para os serviços fornecidos pelos pacotes de viagem e, segundo Nikolina Angelkova, a Bulgária pode “facilmente ser pioneira para os produtos de ‘tudo incluído’ que precisam de ser regulados”.

Os portugueses na Bulgária

Em Junho, quando o Presidente da República visitou a Bulgária, afirmou que “os empresários portugueses manifestam um grande interesse em conhecer melhor as oportunidades de negócios na Bulgária” e que está certo de que “será possível aprofundar a cooperação em múltiplas áreas, nomeadamente no domínio do turismo”. De acordo com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o número de empresas portuguesas que exportam para a Bulgária cresceu entre 2009 e 2013,passando de 189 em 2009 para 510 em 2013. A propósito dos investimentos dos portugueses na Bulgária, Nikolina Angelkova, explicou que em termos estatísticos, no último ano, os investimentos que Portugal está a fazer lá “são maiores que os turistas que estão a chegar”. Pelo contrário, “os turistas búlgaros em Portugal são superiores aos investimentos que a Bulgária fez aqui”. Por isso, diz Nikolina Angelkova, “temos de trabalhar mais para estarmos preparados para aumentar o investimento no sector”. “Por exemplo, o ministério búlgaro do turismo vai, até ao fim do ano, preparar para o Conselho de ministros, uma proposta para nos tornarmos numa referência para investidores turísticos, preparando um mapa de investimentos para as autoridades, investimentos turísticos ou potenciais investidores. Estes investidores vão ter de lidar apenas com o ministério do turismo e estamos, neste momento, a reduzir a burocracia dos investimentos para facilitar os investimentos no sector. Espero que estas medidas incentivem o negócio no país”, adiantou.

No ano passado, a Bulgária teve à volta de 7 mil turistas portugueses e 12 mil turistas búlgaros visitaram Portugal, números que a ministra do Turismo espera, agora, que aumentem. Nikolina Angelkova deixou, também, a vontade de ter mais investidores portugueses a investir na Bulgária, destacando as oportunidades do seu país. “Há um número considerável de oportunidades. A Bulgária é um dos países mais ricos em parques naturais de nascentes de água mineral, temos mais de seiscentas. Podem ser usadas para variados tratamentos, para o tratamento físico do corpo e para a reabilitação. Lá temos várias oportunidades para resorts e para hotéis combinados com restaurantes. Também temos várias oportunidades ao longo da costa para investimento turístico, como por exemplo, para resorts de golfe. Queremos aprender com a experiência que Portugal tem sobre a sua própria costa, como desenvolveu o seu planeamento urbanístico nessa área e como efectuou a promoção das suas regiões. E, claro, as visitas culturais”, advertiu.

No que diz respeito à oferta cultura, Nikolina Angelkova, lembrou a “grande variedade de história e cultura” da Bulgária. “A Bulgária é um dos três países, a par da Itália e Grécia, com mais artefactos descobertos no território. Temos mais de quarenta mil monumentos culturais descobertos durante os últimos anos e ainda imensos por descobrir e, por isso, um dos nossos focos são as escavações arqueológicas. Eu acho que o número de descobertas vai aumentar e isto é uma das nossas forças e é por isso que o turismo cultural será uma grande aposta deste ministério”, concluiu.