MSC Cruzeiros: “Queremos colocar os navios em todas as regiões onde normalmente operamos no momento certo”

A indústria global dos cruzeiros não escapa aos impactos nefastos da pandemia de Covid-19 no setor do turismo. Em março, época de confinamento, os cruzeiros de todo o mundo viram-se forçados a suspender as suas operações e tem sido um “processo” a sua retoma, com avanços e recuos. A MSC Cruzeiros nunca baixou braços e foi a primeira companhia a retornar ao Mediterrâneo, fruto do seu rigoroso Protocolo de Saúde e Segurança até então adotado por muitas outras empresas. Eduardo Cabrita, diretor geral da MSC Cruzeiros para Portugal, fala sobre o futuro da companhia, das suas expectativas, e forma de atuar em plena crise, em entrevista exclusiva à Ambitur.pt.

Foi no dia 16 de agosto que a MSC Cruzeiros se tornou “a primeira companhia de cruzeiros a retomar as navegações no Mediterrâneo”, após a suspensão global da indústria em março face à Covid-19, depois da “aprovação por parte das autoridades competentes em Itália, Malta e Grécia” do Protocolo de Saúde e Segurança da companhia, conta Eduardo Cabrita. Desenvolvido por “especialistas médicos externos”, o novo protocolo assenta em nove pilares essenciais – “já inclusive adotados pela CLIA, outras companhias de cruzeiros, companhias aéreas e aeroportos internacionais” – para “proteger o bem-estar de todos os hóspedes, tripulantes e comunidades que o navio visita e onde faz escala”, adianta o responsável. Conheça-os:

1. Testagem a todos os hóspedes pelo menos 2x por viagem;

2. Testagem a toda a tripulação pelo menos 3x antes do embarque e semanalmente a bordo;

3. Desembarque nos portos apenas com excursões em terra protegidas, como “bolhas sociais” organizadas pela companhia – ou seja, os passageiros não podem sair do navio sem uma excursão da MSC, caso contrário ser-lhes-á negado o embarque;

4. Ventilação com ar fresco HVAC a bordo;

5. Plano de resposta de contingência que não sobrecarrega as infraestruturas de saúde locais;

6. Área de isolamento a bordo com rastreamento e seguimento, incluindo contactos chegados;

7. Utilização de máscaras faciais;

8. Distanciamento físico por todo o navio – assistido pela capacidade reduzida a bordo do navio;

9. Monitorização da prevalência da Covid-19.

Primeiros cruzeiros retomados a 50% da capacidade

O MSC Grandiosa foi o primeiro navio de cruzeiro da companhia a reiniciar operações com hóspedes a bordo, partindo de Génova, Itália, para o primeiro dos seus novos itinerários de sete noites pelo Mediterrâneo Ocidental, também com embarque em Civitavecchia, Nápoles e Palermo, no país, além de escala em Valetta, Malta. A MSC Cruzeiros anunciou, entretanto, que o MSC Grandiosa “estenderá os seus atuais cruzeiros até ao próximo ano”, vendo a sua capacidade reduzida para 70%, relembra o responsável, e com as seguintes medidas adicionais:

– Teste de antígeno à Covid-19 adicional para todos os passageiros feito a bordo a meio do cruzeiro, para além dos testes universais pré-embarque já existentes;

– A frequência dos testes a toda a tripulação durante o tempo a bordo foi aumentada de 2x vezes por mês para semanal, para além da avaliação pré-embarque para toda a tripulação e outras medidas de vigilância médica continua;

– Aumento da frequência da limpeza e higienização a bordo, particularmente em áreas públicas e em elevados pontos de contacto;

– Reforço da definição dos contactos próximos com finalidades de rastreio, reduzindo o tempo de contacto entre as pessoas de 15 para 10 minutos.

Seguiu-se o retorno do MSC Magnifica, em outubro, com um itinerário de 10 noites pelo Mediterrâneo Ocidental e Oriental, com escalas previstas nos portos de Livorno para visitas a Florença e Pisa, Messina, na Sicília, Pireus, para Atenas, Katakolon em Olympia, Valetta, em Malta, e Civitavecchia para Roma, antes de regressar a Génova. Todavia, Eduardo Cabrita explica que face às “restrições de viagens significativas”, sobretudo em França e na Alemanha, “suspendemos temporariamente os cruzeiros do MSC Magnifica” pelo que o navio só “regressará em dezembro para um itinerário de oito noites especial de Natal”.

O diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal comenta que “os nossos primeiros, no âmbito do novo protocolo, operaram com 50% da capacidade”, o que considera ser “um bom número para o nosso recomeço”, de forma a “garantir a nossa capacidade de implementar todas as medidas necessárias para proteger a saúde e a segurança” de todos.

Retoma por fases contempla 19 navios para o verão de 2021

Atualmente, devido às restrições dos países e viagens, os principais mercados da MSC Cruzeiros para os itinerários disponíveis são Itália, França e Alemanha. Mas a companhia mantém conversações, individualmente ou em conjunto com outras companhias, em áreas onde tradicionalmente opera como “no Brasil, Argentina e Uruguai na América do Sul, América do Norte, África do Sul, região do Golfo, China e Caraíbas”, adianta o diretor geral.

O objetivo da MSC Cruzeiros é “retomar todos os navios da nossa frota de regresso ao mar”, mediante um processo faseado, navio a navio. “Além do Mediterrâneo, queremos colocar os navios em todas as regiões onde normalmente operamos no momento certo”, refere Eduardo Cabrita. Tal plano permitirá “um total de 19 navios a navegar para a temporada do verão 2021”, incluindo o MSC Virtuosa e o MSC Seashore que se encontram em construção.

A retoma por fases da MSC Cruzeiros “visa refletir a procura antecipada por parte do consumidor, causada pela pandemia da Covid-19 e que afetará todos os aspetos das viagens e turismo”, conclui.

As perspetivas são otimistas mas “relativamente cautelosas”

Eduardo Cabrita admite que, tendo em conta o anúncio e implementação do Protocolo de Saúde e Segurança, “estávamos confiantes que veríamos as tendências de reservas aumentarem progressivamente”. Contudo, “os últimos meses têm sido um período difícil para muitos turistas decidirem quando será o momento certo para reservar o seu futuro cruzeiro” devido às “restrições aéreas e capacidade de voos muito reduzida”. Assim, as perspetivas da MSC Cruzeiros, no curto e médio prazo, “são relativamente cautelosas” embora pese a expectativa de que “a procura aumente progressivamente à medida que as restrições vão sendo aos poucos retiradas”.

A confiança da companhia, a longo prazo, é sustentada pela perceção de que “os clientes que já realizaram cruzeiros connosco estão ansiosos por voltar a passar férias a bordo de um dos nossos navios”, também estimulados pelo protocolo, afirma o diretor geral, o que “já se começa a refletir nas fortes tendências para o verão de 2021”.

A MSC Cruzeiros também está “muito satisfeita com o feedback dos agentes de viagens em Portugal” com os clientes portugueses a revelar interesse – “embora limitado a curto prazo” – em “reservar a bordo do MSC Grandiosa”,  até porque “o nosso regresso foi antecipado para ser mais dedicado a cruzeiros de proximidade” tendo em conta que “os hóspedes preferem distâncias curtas e opções de viagem reduzidas para chegar a um porto de embarque”, explica Eduardo Cabrita.

Em suma, o responsável acredita que: “À medida que formos reiniciando faseadamente com a introdução de mais navios, teremos mais opções e começaremos a assistir a um início de um novo normal, permitindo-nos recomeçar aos poucos. Estou otimista, mas de uma forma cautelosa e ponderada.”

Os cruzeiros podem ser uma das opções de férias mais seguras

Para Eduardo Cabrita, “o nosso protocolo veio demonstrar que os cruzeiros podem ser uma das opções de férias mais seguras na situação atual” até pelo “feedback dos milhares de passageiros que navegaram até agora, desde que recomeçámos as nossas operações, e que foi extremamente positivo”. No fundo, “sentiram-se seguros”.

Argumenta ainda que não há dúvidas, mesmo segundo a OMT, de que “a realização prévia dos testes ao vírus é a chave para ajudar à retoma gradual do setor do turismo” até haver vacina disponível. O diretor geral da MSC Cruzeiros Portugal termina partilhando que: “Este é um setor resiliente e os acontecimentos adversos que temos vindo a assistir mostraram a sua capacidade da recuperação. Quando terminar a crise, será necessário uma adaptação a um novo normal e teremos a possibilidade de ver o setor a evoluir e a inovar.”