A Ambitur.pt volta a oferecer-lhe esta rubrica inteiramente dedicada à Rota Vicentina com o intuito de convidar os nossos leitores a embarcarem numa viagem pelo Sudoeste e a conhecerem de perto o que é possível ver e viver nesta região. E quem melhor do que os empresários locais para mostrarem o que a Rota Vicentina tem de melhor? Hoje estamos à conversa com José Granja, da Vicentina Transfers.
Como se descreve, na primeira pessoa, o proprietário da empresa?
Cidadão do mundo, viajante e caminhante, foi em 2009 que cheguei à Costa Alentejana e Vicentina, onde tive o incrível privilégio de participar desde o início no projeto Rota Vicentina.
Que tipo de atividade desenvolve?
Oferecemos um serviço especializado de Transfer de Bagagens para caminhantes e ciclistas, ao longo da Rota Vicentina.
Como surgiu o interesse em explorar este negócio? O que esta região tem de tão especial?
É um serviço disponível noutros destinos de caminhada consolidados, como os Caminhos de Santiago em Espanha, França e Portugal ou Grandes Rotas no Reino Unido. A criação da Rota Vicentina como Grande Rota pedestre ao longo deste território incrível, abria a possibilidade de investir e trabalhar para replicar o modelo, ajustando-o ao contexto local. Nascia assim a Vicentina Transfers.
Como contribui a Rota Vicentina para o desenvolvimento turístico da região?
Há um antes e um depois da Rota Vicentina. Ela sempre lá esteve, percorrida desde tempos imemoriais, por pescadores e lavradores, moldada pelo tempo, por passos e histórias de vida. Em 2012 vê a luz do dia, tornada Rota Pedestre, um projeto concebido e implementado pela Associação Casas Brancas com o apoio de fundos comunitários e uma parceria alargada com autarquias locais, parceiros institucionais, empresas e acima de tudo a comunidade local.
Composta pelo Caminho Histórico, que liga Santiago do Cacém a Sagres, mais a interior, o Trilho dos Pescadores, entre Porto Covo e Lagos, ao longo da costa, Percursos Circulares por toda a região e mais recentemente uma rede de percursos para bicicleta com destaque para o BTT, a Rota Vicentina deixou der uma rota para ser uma rede de percursos e um fator de atratividade para o território durante todo ao ano.
Sendo a maioria dos visitantes caminhantes e concentrando-se sobretudo no litoral, o Trilho dos Pescadores tornou-se um dos motores de desenvolvimento turístico mais importante para a região e um modelo que importa replicar noutras zonas costeiras do país, pelo seu impacto na economia local e por atrair um tipo de turismo sustentável, que valoriza a paisagem, o território e identidade locais.
De salientar ainda, que por atrair visitantes fora da época alta, sobretudo na Primavera e no Outono, a Rota Vicentina veio revolucionar o mercado turístico da região, que passa a funcionar assim praticamente o ano inteiro, permitindo a sustentabilidade de uma série de negócios familiares e o incentivo a iniciativas empreendedoras.
O que há de diferente na atividade de acolhimento/prestação de serviços aos turistas?
Como observador atento desde o momento zero, é notável a crescente aceitação e conhecimento da comunidade relativamente ao projeto. Se numa primeira fase foi apenas no capítulo da perceção, hoje em dia há um claro reconhecimento do impacto que o projeto Rota Vicentina trouxe à região. É hoje evidente o crescimento e surgimento de novos serviços para apoio ao público de caminhantes que visita a região todos os anos. A cada temporada surgem novas ofertas de alojamento, bem como outros serviços complementares, o que evidencia a importância deste tipo de iniciativas estruturais para territórios de baixa densidade, como estímulo ao investimento e desenvolvimento económico.
Qual a experiência que pretendem proporcionar aos vossos clientes? Que serviços vos distinguem?
Mais do que um serviço de transfer de bagagens, oferecemos o privilégio de caminhar por esta paisagem incrível em total conforto e prazer. A experiência verdadeira não passa necessariamente por ter a capacidade, ou a juventude de carregar tudo às costas, mas sim ter a iniciativa de sair de casa, do conforto sofá, rumar ao Sudoeste de Portugal e embarcar numa viagem a pé. A bagagem não é um obstáculo à concretização deste desafio pessoal.
Oferecemos um serviço completo, ao longo de toda a Rota Vicentina, de norte a sul, a um preço justo, totalmente flexível e adaptável ao plano de caminhada de cada cliente. As reservas são feitas através de uma plataforma online, fácil e intuitiva, que permite de uma só vez organizar todos os transferes de bagagens necessários. Nunca foi tão fácil partir à aventura.
De que forma se relaciona a atividade/produto/serviço com a região?
O nosso serviço foi concebido e estruturado de raiz, de forma a se ajustar à realidade concreta do território e da Rota Vicentina, que é aos dias de hoje, um dos fatores diferenciadores e identitários do Sudoeste de Portugal.
Da vossa oferta, se tivesse que eleger uma atividade/ produto qual seria o que melhor reflete a identidade da região?
Fazer a Rota Vicentina é conhecer o que é nosso e está literalmente debaixo dos pés. Para quem habita na região ou apregoa que a conhece como a palma das mãos, é obrigatório passar do discurso ao terreno e percorrer este caminho, conhecer o trabalho feito e rever a paisagem pé ante pé, calmamente. Não há melhor forma de viajar, do que a pé.
Fazer o percurso de Porto Covo a Odeceixe é a melhor maneira de começar, para ficar com água na boca, sal nos olhos e uma vontade imensa de regressar. Afinal são 750 km de percursos pedestres sinalizados ao longo da Costa Alentejana e Vicentina.
Tudo isto, para quem queira, apenas com uma mochila pequena com o essencial.