Não decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa já custa perto dos 7 mil milhões de euros 

O adiamento do novo aeroporto custa perto de 7 milhões de Valor Acrescentado Bruto (VAB) e perto de 28 mil empregos. Esta é uma das conclusões do estudo da consultora Ernest & Young (E&Y) “O custo da não decisão sobre a implementação do Novo Aeroporto de Lisboa”. Encomendado pela Confederação de Turismo de Portugal (CTP), o estudo sublinha que o adiamento da construção da infraestrutura traz todas estas perdas imediatas. Francisco Calheiros, presidente da CTP, considera que as circunstâncias mudaram: “O perfil da retoma já está a ficar muito próxima dos níveis de 2019 e, por isso, o cenário da “procura lenta” deixa de fazer parte da equação”.

Apresentação do Estudo

As perdas correspondem a 6.795 mil milhões de euros de VAB, 27.711 mil empregos, 3.229 mil milhões de euros em remunerações e 1.911 mil milhões de euros de receita fiscal e são valores que corresponde à solução escolhida (Portela+1). Mas há perdas imediatas: mesmo que a decisão seja tomada agora, já existe um prejuízo de 6,8 mil milhões de VAB. “Disto, já não nos livramos, porque a decisão ainda não está tomada”, sustenta Calheiros.

O estudo da E&Y contemplou quatro cenários: Recuperação Lenta, Recuperação Rápida (que contempla a solução Portela+Montijo), Decisão tomada em 5 anos, e decisão tomada em 13 anos (que contempla o novo aeroporto em Alcochete. Tal como indica Paulo Madruga, Paulo Madruga, associate partner da EY, o estudo avaliou duas variáveis: “Quando temos o aeroporto; e como é o perfil de recuperação da procura turística”.

No cenário em que em que a procura turística em 2023 já ultrapassa a registada em 2019 e em que a decisão sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa continua adiada (Portela+1 ou o novo aeroporto disponível em 2034), o estudo estima uma perda de “21.439 mil milhões de euros em VAB”, um valor que resultaria, em média, “menos 40 350 postos de emprego anualmente” e uma “receita fiscal perdida de 6 mil milhões de euros, até 2034”, refere.

Desta forma, a CTP considera que, no imediato, a solução mais eficaz será mesmo o Montijo+Portela com a construção de Alcochete para dar resposta aos mais 60 milhões de turistas que a primeira opção garante: “Sabendo nós que Montijo é de longe a solução mais rápida. De facto, essa é a que se assemelha à decisão rápida no estudo”, afinca Calheiros.

Francisco Calheiros deixa, no entanto, uma mensagem clara: “Decidam! Não podemos mais atrasar algo de tão importante para um país que não é rico, que tem a dívida pública que todos sabemos e que é através do turismo que estamos a crescer 60% este ano: é importante que esta decisão seja tomada o quanto antes”, sublinhou, acrescentando que a procura de uma solução já se arrasta há muito tempo. “Estarmos há 53 anos a decidir um aeroporto não é aceitável: o tempo continua a passar”, frisou.

Tendo em conta o atual estado, Francisco Calheiros disse que a CTP apresentou ao presidente da República e ao Governo a posição do setor: “Nesta última semana, foi explicado ao Presidente da República e ao Governo – todos eles sabem estes números -que a “recuperação lenta” já não está em cima da mesa e que urge uma decisão”.

A análise dos impactos económicos da não decisão sobre o novo aeroporto na região de Lisboa, assentou na informação de carácter quantitativo obtida a partir de diversas fontes, onde se incluem entidades estatísticas nacionais e internacionais como o INE, Banco de Portugal e Eurostat, entidades ligadas ao setor da aviação (ANAC, IATA e Eurocontrol) e a ANA Aeroportos de Portugal.

Para se ter uma ideia do valor que está a ser perdido pelo adiamento, a CTP colocou um contador atualizado ao segundo no seu site oficial.