“Não se pode pegar em duas raparigas lindas de morrer, pô-las a passear e dizer que isto é uma ilha sexy”

“Não se pode pegar em duas raparigas lindas de morrer, pô-las a passear e dizer que isto é uma ilha sexy. Isto é desalinhado com a história, a cultura e a geografia”, falava Carlos Coelho, presidente da Ivity Brand Corp, na XI Conferência Anual do Turismo, que decorreu recentemente na Madeira, referindo-se a uma campanha publicitária sobre o arquipélago.

O especialista em gestão de marcas considera que “andamos todos à procura de uma modernidade”. Mas a ideia, explicou, não é que a modernidade seja “o enterro do nosso passado”, sobretudo “para quem tem tanto passado para dar ao futuro”. Um exemplo? A Madeira, cuja marca teve início há 600 anos, lembra o orador.

Para Carlos Coelho, um dos maiores riscos que se corre na promoção de um destino é a discrepância entre o que se comunica e o que se oferece: “Uma marca territorial só terá sucesso se for a alma de um povo”, defendeu, aproveitando a ocasião para salientar a importância dos destinos turísticos apostarem na autenticidade das suas regiões. “Uma marca de um território deve ser um fator agregador da identidade inteira de uma região”, insistiu o orador, deixando um apelo às entidades encarregues da promoção e divulgação turística de que explorarem outros caminhos. “A brand it’s not for christmas [uma marca não é para o Natal]”, frisou.

A XI Conferência Anual do Turismo, organizada pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas, decorreu no passado dia 12 de maio no Centro de Conferências do Funchal, na Madeira, subordinado ao tema “Marcas”. O evento contou com cerca de 900 participantes, entre eles nomes como Gonçalo Saraiva Mendes, diretor da PWC, e Pedro Celeste, professor da Universidade Católica do Porto, alguns dos oradores dos painéis de discusão.