Com um departamento de sustentabilidade que procura acompanhar todas as questões relacionadas com esta temática, incluindo igualmente a qualidade, segurança e segurança alimentar, bem como as respetivas certificações e galardões, o Grupo NEYA Hotels executa anualmente um programa de gestão de sustentabilidade, definindo objetivos e metas anuais. Pedro Teixeira, diretor de sustentabilidade que lidera este departamento, explica à Ambitur que o objetivo é “melhorar o desempenho de sustentabilidade da atividade hoteleira, com a redução dos impactes ambientais, assim como reforçar o papel positivo junto da comunidade local”. As áreas mais visadas nesta planificação relacionam-se com a otimização dos consumos de energia e de água, a gestão dos resíduos, a mobilidade e as emissões de CO2.
O responsável esclarece que as áreas onde os resultados têm sido mais expressivos prendem-se com a energia, resíduos, mobilidade e responsabilidade social corporativa. Assim, o grupo hoteleiro – com uma unidade no Porto e outra em Lisboa – tem atingido resultados positivos na redução dos consumos energéticos e dos resíduos produzidos, no aumento da taxa de separação de resíduos, na diminuição das emissões de carbono
para a atmosfera e, também, a nível social, apoiando instituições de cariz social relacionadas com crianças.
Pedro Teixeira admite, por outro lado, que os desafios são mais complexos e os resultados mais difíceis de atingir no que diz respeito aos consumos de água e à construção sustentável. Adianta que a NEYA Hotels partiu de uma base já otimizada em termos de consumos de água, com a implementação de soluções desde a fase de planeamento e construção que permitem consumos efetivos de água. “Este facto torna complexa a implementação de novas medidas que efetivamente reduzam ainda mais esses consumos”, reconhece o gestor. Já no que se refere à construção sustentável, recorda que foram dados “passos relevantes” no novo NEYA Porto Hotel mas ainda assim “é uma área complexa, onde poderiam ser implementadas muitas outras soluções que ainda encontram barreiras no nosso país, como sejam dificuldades burocráticas, tecnológicas, de arquitetura ou de custos”.
Outra questão que tem apresentado algumas dificuldades relaciona-se com a cadeia de valor e Pedro Teixeira alerta que “tem sido complicado garantir que os fornecedores respeitam e mantêm o mesmo nível elevado de gestão de sustentabilidade dos nossos hotéis”. O diretor de Sustentabilidade dos NEYA Hotels refere que a oferta de soluções e a disponibilidade dos fornecedores “ainda é incipiente e não responde aos elevados padrões que exigimos e gostaríamos de ver respondidos”. Áreas como a manutenção, o consumo de produtos químicos ou os abastecimentos relacionados com o F&B ainda não atingiram um nível de preocupação sustentável suficiente para garantir que toda a cadeia de valor possa, de facto, contribuir para uma efetiva redução do impacte ambiental da atividade hoteleira, detalha. Mas não deixa de dizer que se verifica “uma grande evolução nos últimos anos, com cada vez mais soluções e fornecedores preocupados e qualificados neste tema”.
Já o cliente dos NEYA Hotels demonstra uma preocupação com esta temática, evidente desde a abertura da unidade de Lisboa, em 2011, evidenciando-se uma procura por alojamentos que garantam uma minimização dos impactes ambientais associados a deslocações e dormidas, quer na vertente de lazer como no corporate. “Cada vez mais temos clientes particulares, operadores e empresas que procuram e reconhecem as práticas ambientais desenvolvidas nos hotéis, aumentando a sua fidelização à NEYA Hotels”, destaca Pedro Teixeira. E o número de comentários sobre a sustentabilidade do grupo também tem vindo a crescer nos canais disponíveis para o efeito, acrescenta. No entanto, quando se trata de colaborarem para o desempenho ambiental dos hotéis, o responsável admite que “ainda não é suficiente”, embora tenha crescido nos últimos anos. Mas para uma maior redução dos consumos de água, energia, resíduos e emissões de carbono nas unidades hoteleiras, é fundamental que “os clientes sejam mais conscienciosos e alterem os seus padrões de comportamento”, dando exemplos como a não lavagem diária da roupa de quarto e casa-de-banho, a separação dos resíduos nos quartos ou evitar o desperdício de alimentos às refeições.
O entrevistado não duvida que uma atuação no campo da sustentabilidade, e do sistema de gestão de qualidade, ambiente e segurança, traz vantagens a nível da competitividade, reputação e motivação. Mas vai além, apontando benefícios também ao nível da organização e gestão interna, redução de custos, definição de estratégia, redução dos riscos de segurança e organizacionais, cumprimento legal e comunicação com a comunidade local.
Apontando como desafios futuros as áreas da energia, água, mobilidade e resíduos alimentares, Pedro Teixeira lembra que todos eles têm “impactes cada vez mais expectáveis, também pelo aumento da atividade turística” e trazem associados “elevados custos financeiros, que se advinham cada vez mais elevados”. Pelo que defende que “a procura de soluções que minimizem estes impactos são essenciais para a sobrevivência do setor do turismo e da Hotelaria e, em último caso dos recursos naturais e energéticos disponíveis”.
Por Inês Gromicho