Norte de Portugal e Galiza criam ‘cluster’ para dinamizar turismo transfronteiriço

O Norte de Portugal e a região da Galiza vão aprofundar as relações em torno do turismo, prevendo a criação de um ‘cluster’ que potencie os recursos culturais, patrimoniais e paisagísticos dos dois lados da fronteira ibérica. O anúncio foi feito esta terça-feira pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP).

Luís Pedro Martins, presidente do TPNP, apresentou os resultados do “Facendo Caminho”. O projeto lançado em dezembro de 2019 oferece motivos para o desenvolvimento de uma estratégia de estruturação, proteção e valorização das rotas portuguesas dos Caminhos de Santiago.

O objetivo, de acordo com um comunicado enviado pela TPNP à imprensa, é desenvolver ainda mais o potencial turístico destes percursos de peregrinação, bem como todas as mais-valias socioeconómicas e de coesão territorial que eles representam para as populações e economias locais.

O TPNP reconhece os constrangimentos por força do período pandémico, mas realça que, durante os três anos de execução do programa”, “foi possível uniformizar informação que se encontrava difusa, participar conjuntamente em feiras internacionais, disponibilizar mais informação digital e desenvolver estudos” para entender melhor o perfil dos visitantes e saber aquilo que eles procuram enquanto peregrino.

O “o sucesso da iniciativa” também foi reconhecido pelas outras instituições envolvidas no projeto – a Direção Regional da Cultura do Norte, o Turismo da Galiza e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) da Euro-Região Galiza/Norte de Portugal –, que já apresentaram, entretanto, uma nova candidatura para estender o projeto.

Ildefonso de La Campa, da Axencia de Turismo da Galiza, representou a Galiza na sessão, salientando o potencial deste segmento turístico que ainda pode ser desenvolvido. O responsável lembrou “os oito patrimónios mundiais existentes na euro-região” e o sucesso do projeto na promoção dos caminhos portugueses, que foram “aqueles que mais cresceram no último ano com o trabalho de mapeamento, proteção e valorização que foi feito”.

Laura Castro, diretora regional de Cultura do Norte, destacou o trabalho desenvolvido, mas ressalvou que ainda há informação por compilar. “Há uma vertente de espiritualidade muito presente em quem faz os Caminhos de Santiago, mas são cada vez mais os que o fazem sem motivações religiosas, só para conhecer o património cultural”, sublinha a responsável.

Nuno Almeida, que dirige o AECT da Euro-Região Galiza/Norte de Portugal, enfatizou o sucesso do projeto na consolidação e melhoria infraestrutural e na sinalização das rotas de peregrinação.

Desde dezembro de 2019 foi possível ainda trabalhar conjuntamente nos processos de certificação, melhorar a capacidade daqueles que integram a cadeia de valor, monitorizar o impacto dos fluxos turísticos na economia, instituir um manual de boas práticas e reforçar as questões relacionadas com a segurança dos peregrinos.

A sessão encerrou com as palavras de António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, que reforçou o caminho de cooperação com a Galiza. Destacou a importância que o turismo pode ter neste desígnio, seja através dos Caminhos de Santiago ou de outras vertentes, como o Enoturismo ou os Patrimónios da UNESCO.