O setor da distribuição das viagens em Portugal terá sido um dos mais atingidos financeiramente ao nível económico, no país. Mas o pior ainda poderá estar a chegar. Para Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo – APAVT, há um longo trajeto a percorrer pelas empresas da distribuição de viagens e que esse terá um ponto fulcral quando começar a retoma definitiva.
Na sua intervenção durante a abertura oficial da 17ª Convenção do Grupo de Agências de Viagens GEA, que decorreu em Fátima, este fim-de-semana, o responsável fez questão de frisar que é com um “sentimento de otimismo e felicidade que continuo no setor, apesar das dificuldades”. Mas, de seguida, avançou que o atual contexto significa “a maior crise das nossas vidas”. Para o responsável, “esta é uma crise que teve uma nova dose de incerteza nos últimos dias, e quando isso acontece há a possibilidade desta se alongar e adensar, o que não deixa de ser um problema adicional”. O presidente da APAVT alerta ainda que o futuro do setor só será conhecido no “período definitivo de retoma, sendo este o nosso maior desafio”. Ou seja, só quando este acontecer é que as necessidades de tesouraria “se irão verdadeiramente colocar”. Para Pedro Costa Ferreira, “não é com o início da retoma que as nossas dificuldades acabam, aí sim é que iremos iniciar uma nova maratona, de recuperação”.
O orador considera que a realidade do setor é complexa: “nós perdemos muito dinheiro, endividámo-nos muito e estamos endividados, fizemos, como os nossos colaboradores, imensos sacrifícios e o Estado deu apoios significativos”, mas foi tudo insuficiente. Para o dirigente da APAVT, este “sentimento de impotência” agrava-se momentaneamente “pela crise política, que dá aos políticos da nossa terra o maior alibi, de todos o que mais gostam: eu agora gostava de fazer, mas não posso.” Para Pedro Costa Ferreira, esta situação não ajuda “à resolução dos apoios, que são mais necessários hoje do que início da crise e exigem uma resposta dinâmica, que com a crise política vai ser mais difícil acontecer”.
Olhando para o caminho a fazer, o empresário destaca que passará por uma entreajuda de todos os parceiros do setor. Para o responsável também se têm revelado “uma série de oportunidades para as agências de viagens, existiram novas procuras que se aproximaram do setor e. por outro lado, a extrema complexidade das restrições à mobilidade, fizeram sublinhar um dos pilares inerente à existência das agências, é que informação é muito diferente de conhecimento”. Sendo assim, considera o interlocutor que há aqui um desafio, que passa por “transformar estas oportunidades de curto prazo, num negócio futuro, a médio e longo prazo”.
Apesar de o responsável não ter abordado o tema da TAP durante a sessão oficial de abertura da Convenção da GEA, numa intervenção na sessão interna dos associados da GEA, Pedro Costa Ferreira mencionou este tema alertando para a complexidade da situação da companhia aérea, assim como o seu impacto para o setor, de acordo com informação que ambitur.pt apurou.