É hoje apresentada a Plataforma sobre Turismo e Hospitalidade (NOVA TOHO), da Universidade NOVA de Lisboa, Isabel Rocha, pró-reitora da Universidade NOVA de Lisboa e responsável pelo projeto esteve à conversa com a Ambitur.pt e explicou os motivos que levaram a esta iniciativa, cujo objetivo é “apoiar a inovação e a formação multidisciplinar no setor do turismo”.
Na verdade, já há três anos que a NOVA tomou consciência da pertinência de intervir neste setor, e desde então está inscrito no Plano Estratégico da universidade para 2020-2030. Nos últimos dois anos, foi feito um “extenso levantamento interno das capacidades da NOVA relevantes para este setor e dos especialistas e grupos de investigação”, esclarece a responsável, que adianta terem sido identificadas ainda áreas de formção e estabelecidas parcerias nacionais e internacionais. Paralelamente, foram executados já alguns projetos, nomeadamente em colaboração com o Turismo de Portugal. “Após os últimos 20 meses de pandemia e de alguns adiamentos causados pela mesma, consideramos que este é o momento certo para lançarmos a Plataforma, coincidindo com o momento de recuperação e reestruturação que se prevê para o setor”, frisa Isabel Rocha.
Reconhecendo que os desafios que se colocavam ao setor do turismo antes da pandemia, e que ainda se mantêm, são vastos e relacionados com necessidades crescentes resultantes da transformação digital, da maior sustentabilidade ambiental e social e da valorização do património cultural, incluindo a gastronomia, a NOVA acredita que “estes desafios só podem ser respondidos com uma abordagem multidisciplinar baseada em ciência e tecnologia”. Justifica assim o contributo das universidades para este setor económico, afirmando que se torna necessário colocar esse conhecimento ao serviço do turismo.Por outro lado, a NOVA conta com várias Unidades Orgânicas e Centros de Investigação com conhecimentos e especialistas nas áreas do digital, sustentabilidade, património, gastronomia e saúde. Pelo que, aponta a pró-reitora da instituição, o objetivo da plataforma é “colocar à mesma mesa esses especialistas para contribuir para responder aos desafios colocados, em parceria com os mais diversos agentes do setor”.
A nível de parcerias, Isabel Rocha recorda que a NOVA faz parte de um consórcio criado recentemente – o TIA (Tourism International Academy) – que integra ainda a Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, o Turismo de Portugal e diversas empresas e entidades do setor da hotelaria e turismo, aos quais se juntará proximamente a Universidade Aberta. Este consórcio permite identificar necessidades de formação do setor e tendências internacionais, bem como desenhar planos de formação que responsam a essas necessidades e tendências. A NOVA, por sua vez, terá um papel particular nas formações multidisciplinares para quadros nas áreas já referidas anteriormente. Por outro lado, a responsável refere haverá outros formatos de colaboração, adequados a cada situação, passando pela formação de consórcios, nomeadamente internacionais, para projetos de inovação, ou pela prestação de serviços
NOVA TOHO já está operacional
A NOVA TOHO, que está já totalmente operacional, funciona assim como uma plataforma com entrada única e centralizada, liderada por um diretor executivo que trabalha na reitoria e que será o interlocutor com entidades externas que pretendam aceder aos especialistas da instituição para projetos e parcerias concretas. Os diferentes especialistas (professores e investigadores da NOVA) já identificados são chamados a colaborar para os diferentes projetos de inovação e formação.
A nova plataforma estará assim a apoiar o setor do turismo “através de projetos conjuntos nas áreas já indicadas, com parceiros do setor e, eventualmente, outros parceiros académicos, com vista a resolver problemas concretos ou inovar através de novas ferramentas ou até novos serviços no setor”, sublinha Isabel Rocha. Também será útil na formação dos profissionais do setor que estarão na linha da frente para implementar essa transformação, acrescenta.
A pró-reitora da NOVA contextualiza ainda o atual momento que a indústria do turismo está a viver, reconhecendo porém que, já antes da pandemia, o setor estava em mudança. Mas não duvida que hoje as questões da sustentabilidade são muito mais prementes e que “há um mercado em crescimento para produtos mais sustentáveis, desde hotéis a percursos turísticos”. Isabel Rocha exemplifica com o facto de os turistas se precuparem cada vez mais em saber a pegada carbónica de uma viagem, ou com o facto de a construção e a operação de um hotel ter de ter atualmente em consideração as questões da sustentabilidade.
Por outro lado, lembra que a digitalização estará sempre presente desde o momento da marcação da viagem, passando pelo aluguer de um barco para um passeio ou pela visita a um museu sem passar por filas e poder usufruir de uma experiência de realidade virtual.
” A todas estas tendências veio juntar-se a necessidade de garantir que os locais que visitamos cumprem as regras sanitárias ou de saber o grau de adequação de um destino a alguém que tem um problema de saúde”, acrescenta a responsável. Pelo que, “a transformação necessária para responder a estes desafios é enorme”, aponta Isabel Rocha. Tendo Portugal estado na linha da frente em muitos aspetos no setor do turismo, a pró-reitora acredita que “a participação das Universidades neste esforço irá garantir que também nesta transformação que se avizinha podemos liderar”.