Novo Banco: “É essencial preservar capacidade produtiva no Turismo que permita que a economia portuguesa recupere”

A Sic Notícias realizou hoje, em parceria com o Novo Banco, mais uma Cimeira “Os Nossos Campeões”, desta vez dedicada ao setor do Turismo. O chief economist do Novo Banco, Carlos Andrade, fez uma introdução macro económica relativa ao setor na fase de confinamento e na sua transição para a retoma. 

O Turismo é um dos setores mais (senão o mais) afetados pelo surto da Covid-19 ao mesmo tempo que é “um setor absolutamente fundamental para a economia portuguesa”, começa por descrever o economista. E as estimativas iniciais da Organização Mundial de Turismo (OMT) apresentavam uma perspetiva de “queda do fluxo internacional de turistas entre 20 e 30%” enquanto a análise feita para Portugal apontava uma “queda na entrada de turistas internacionais até 40%”, o que significaria uma redução de cerca de 6,5 a sete milhões de turistas estrangeiros quando, o ano passado, o valor rondava os seis milhões de visitantes provenientes de outros países, contabiliza.

Carlos Andrade prosseguiu dando conta de que o peso do setor no VAB (Valor Acrescentado Bruto) é de cerca de 9% e que o consumo turístico, de residentes e estrangeiros, representou em 2019 o valor de 16% do PIB. As exportações de turismo representam “quase metade das exportações totais de serviços e 15-20% das exportações totais da economia portuguesa”, além das atividades ligadas ao setor representarem perto de 10% do emprego em Portugal. Nos últimos anos, aliás, registou-se no turismo uma “criação de emprego muito mais rápida do que no total da economia”. Estes “são valores muito importantes”, assegura.

“O turismo confere sustentabilidade ao crescimento da economia”

O chief economist do Novo Banco defende que “não há crescimento económico sustentado sem emprego e com acumulação de défices na balança corrente” e é aqui que o turismo tem o “duplo papel” de “promoção de emprego e de financiamento da economia” portuguesa. Em suma, o turismo “confere sustentabilidade ao crescimento da economia”.

A fase de contenção, para travar a propagação do vírus, contemplou o encerramento temporário das empresas que, consequentemente, levou à “queda de rendimento e quebra da procura”. Há efetivamente o risco de que “empregos sejam perdidos e empresas acabem por encerrar de forma mais permanente”. No turismo, em concreto, o risco é de “não termos guardado e preservado toda a capacidade produtiva no setor” ao deixar que “demasiadas pessoas percam o emprego e demasiadas empresas encerrem atividade”, explica. “É essencial preservar capacidade produtiva no turismo” que “permita que a economia portuguesa aproveite a fase de recuperação em pleno”, sugere Carlos Andrade.

“Portugal deverá capitalizar a imagem de destino seguro”

Na fase de recuperação “estamos a assistir a sinais muito positivos”, mas que têm os seus riscos, como o facto de, naturalmente, encontrarmos um “consumidor mais cauteloso” e “faz sentido esperar alguma alteração de comportamento no turista residente”, especula o economista. Ainda assim, “haverá uma aposta que deverá ser acentuada no mercado interno” fruto da “contenção da procura externa”. Segundo Carlos Andrade, “Portugal deverá capitalizar a imagem de destino relativamente seguro no contexto da Covid-19” que alcançou e que deverá aproveitar junto do setor turístico, recordando que existem outros destinos bem posicionados nesse sentido, como a Grécia ou a Croácia.

A palavra “confiança” será fundamental para “sustentar uma recuperação no setor do turismo” contando com o desafio da “rentabilidade”, no sentido em que “lidar com a crise acarreta um aumento de custos”. A aposta deverá ser então “investir num turismo de qualidade e de valor elevado”, adianta. O responsável do Novo Banco reflete que “a economia pós-Covid será uma economia menos globalizada, mais digital e mais consciente no sentido em que os consumidores vão ser mais exigentes, em termos de segurança, de saúde e ambiente”.