Novo Cais de Lisboa com investimento de 27 milhões de euros e pronto em 2020

Lisboa está a reabilitar a Frente Ribeirinha Central, desde o Terreiro do Paço à Doca da Marinha, naquela que é a maior operação de valorização do rio Tejo das últimas décadas. Ontem, 27 de novembro, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Associação de Turismo de Lisboa (ATL) apresentaram oficialmente aquele que será o Novo Cais da capital.

Com um investimento de 27 milhões de euros, o projeto pretende dotar a cidade para a “atividade marítimo-turística”, para o “transporte público fluvial entre as duas margens do rio” e para a “criação de espaços de lazer e equipamentos”, começa por afirmar Vítor Costa, presidente da ATL.

“Um projeto desenhado há muito tempo” e “bastante complexo”, descreve, destacando que o investimento foi conseguido graças à aprovação de um “financiamento de 16 milhões de euros pela CML” através do “Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa [taxas turísticas]”, sendo os restantes “11 milhões assegurados pela ATL”. A previsão é de que o Novo Cais de Lisboa esteja pronto no 2.º semestre de 2020.

Na sua intervenção, o dirigente louvou o papel de todos os associados da ATL que, desde o início, “lutaram” pelo projeto,”partilhando conhecimento e experiência na exploração do rio Tejo para lazer e navegação”. O momento serviu ainda para destacar as várias entidades parceiras no projeto como é o caso da Transtejo, APDL, Marinha Portuguesa, Metropolitano, LNEC, os vários municípios ribeirinhos do Tejo, Marinha do Tejo,  Infraestruturas de Portugal e CP, enumerou.

Com esta apresentação “oficial” do Novo Cais de Lisboa, Vítor Costa acredita que é uma “boa oportunidade” para que “haja aqui uma dinâmica acrescida para o que falta para terminarmos o projeto”. O momento serviu ainda para o responsável informar que, no início do próximo ano, serão lançados os procedimentos para “concessionar as bilheteiras, os slots dos tempos de utilização dos pontões instalados”, bem como os “quatro quiosques” e os “dois estabelecimentos de restauração”, sendo o concurso aberto a “todos os interessados” que “aguardam pela infraestrutura para desenvolver os seus negócios com melhores condições ou para avançarem com os seus projetos”. A mensagem do presidente da ATL foi clara: “No Novo Cais de Lisboa, haverá lugar para todos”, independentemente do seu “modelo de negócio e da sua dimensão”.

Já o presidente adjunto da ATL, José Luís Arnault, considera que esta é a “maior operação de valorização do rio nas últimas décadas”, sendo um orgulho para a Associação todo o trabalho que tem sido desenvolvido para “tornar Lisboa uma cidade cada vez mais atrativa e diferenciadora”. Neste caminho, o responsável destaca que as “memórias têm sido preservadas” ao mesmo tempo que se tem “apostado na modernização”, conseguindo oferecer “novas experiências”. Com “estratégia, dinamismo e coragem, há muito que pode ser feito” para que Lisboa “continue a ser um ponto de encontro” onde “há muito para descobrir e desfrutar”, afirma.

Para o responsável, a reabilitação da Frente Ribeirinha Central vai, assim, “valorizar a relação da cidade com o rio Tejo”, dotando Lisboa de “condições únicas para a atividade marítimo-turística”, melhorando o transporte público e, simultaneamente, fomentando a “criação de equipamentos e espaços de lazer”. “O Tejo vai ser devolvido à cidade”, declara, indicando que este “é um exemplo de como é importante para Lisboa ter um estratégia correta de desenvolvimento de Turismo” capaz de criar uma “dinâmica crescente das diferentes atividades e agentes da cadeia de valor do setor”, como a “construção, restauração, atividades culturais ou comerciais”.

Enquanto ATL, Arnault sublinha o compromisso em “continuar a trabalhar e a inovar afincadamente”, com a visão em “valorizar a autenticidade de Lisboa que bem merece”.

As sete frentes do Novo Cais de Lisboa: 

– A Estação Sul e Sueste vai recuperar o traço original de 1929, da autoria de Cottinelli Telmo, transformando-se no coração da atividade marítimo-turística do Tejo. Aí vai também nascer uma nova área com cafetaria, quiosque, restaurante e esplanadas, um posto de informação, uma Lisboa Shop e o terminal de apoio aos passeios no Tejo, com a instalação de oito bilheteiras de diferentes operadores. No interior da Estação, vai nascer o Centro Tejo, um espaço de promoção da oferta cultural e turística dos municípios ribeirinhos para iniciativas de valorização do rio e consciencialização ambiental. Na praça, a intervenção urbanística vai permitir recuperar os espaços públicos junto ao rio e ligar os percursos pedonais e cicláveis ao longo da Frente Ribeirinha;

– Os Pontões e Cais de Apoio à Atividade Náutica integrados no projeto de reabilitação ribeirinha, os dois pontões da Transtejo/Soflusa serão reforçados e, no quadro da reabilitação da Estação Sul e Sueste, serão instalados três novos pontões com passadiços. A missão destas novas estruturas será acolher as embarcações dos diversos operadores turísticos num sistema de slots por toque que possibilite uma atividade regular e eficaz e uma utilização partilhada. Será ainda reabilitado o pontão da Doca da Marinha para dinamizar novas propostas de transporte fluvial;

– O aterro entre o Cais das Colunas e a Praça da Estação, realizado aquando da construção do túnel e da estação do Metropolitano, será finalmente retirado. A praça vai recuperar o traçado original e o Cais das Colunas o relacionamento pleno com o Tejo;

– Entre a Estação Sul e Sueste e o novo Terminal de Cruzeiros, a Doca da Marinha vai dar lugar a um grande espaço arborizado onde os peões e as vistas sobre a cidade e o rio recuperam prioridade face ao automóvel. Este é um projeto da autoria do arquiteto João Luís Carrilho da Graça;

– O Muro das Namoradeiras está a ser reconstruído de forma a repor o muro original e o seu complemento até à Ribeira das Naus. Os postes de iluminação originais estão a ser alvo de reabilitação e vão ser repostos para preservar a silhueta original deste património simbólico da cidade. O projeto é do arquiteto Bruno Soares;

– Na Ala Nascente do Terreiro do Paço, vai nascer o Bacalhau Story Centre, uma homenagem a um símbolo da gastronomia, da cultura e da história de um país que há muito pensar global. Um espaço para lembrar as gerações de marinheiros e pescadores e explicar a maneira de ser de um povo sempre pronto a oferecer o que tem e ir até ao fim do mundo trazer o que lhe falta. O projeto é do professor Álvaro Garrido# do NewsMuseum e do arquiteto Tiago Silva Dias;

– Construído em 1937 para as campanhas de pesca do bacalhau na Terra Nova, o Navio Creoula vai agora dispor de um espaço próprio de ancoragem na Doca da Marinha e será ele mesmo recuperado e modernizado, ficando disponível para ser descoberto por lisboetas e visitantes.

 

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