“O crescimento do Turismo no nosso país impõe um novo modelo de Governance”

Estas são palavras de Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), que ontem, dia 27 de setembro, apresentou, em Vila Nova de Gaia, no The Yeatman Hotel, o “Turismo em Movimento – Roteiro para a Competitividade”. Para o responsável, este roteiro permite “concluir que o crescimento do Turismo no nosso país impõe um novo modelo de Governance que não se limite à gestão da atividade, mas que a liberte de constrangimentos e potencie toda a sua capacidade de gerar emprego e riqueza – para a CTP, isso só é possível com a criação de um Ministério de Turismo”.

O projeto do roteiro, desenvolvido ao longo dos primeiros oito meses deste ano, envolveu uma interação direta entre a CTP e a PWC com os principais stakeholders das sete regiões de Turismo, em debates realizados nas referidas regiões, e foi lançado na III Cimeira do Turismo, realizada no Dia Mundial do Turismo em 2016.

“O que pretendemos com este roteiro é contribuir para a implementação de estratégia nacional para o Turismo, a partir de uma base de trabalho sólida, sistematizada e desenvolvida em diálogo permanente com os agentes nacionais e regionais”, afirma Francisco Calheiros. E acrescenta: “o Turismo é uma atividade económica essencial ao desenvolvimento da sociedade e, como tal, exige uma política que lhe garanta competitividade e sustentabilidade. E essa política só será bem-sucedida se resultar de um processo de trabalho participativo e mobilizador, que envolva e concilie realidades nacionais e regionais”.

O roteiro identificou os principais desafios nacionais e regionais que se colocam à atividade turística. Entre os primeiros está a necessidade de reforçar o Turismo na macroestrutura do Estado, de aprofundar a participação dos privados nas decisões públicas e de apostar na formação e requalificação dos recursos humanos, de forma a constituir um ativo diferenciador e decisivo para a qualidade e autenticidade da experiência do turista.

A evolução para um sistema com custos menores para as empresas, com mais transparência, equidade e justiça na definição de taxas, desburocratização e desmaterialização dos processos, estão também entre as necessidades mais urgentes para tornar as empresas mais competitivas.

Dia Mundial do Turismo

A propósito do Dia Mundial do Turismo, que ontem se comemorou, Francisco Calheiros fez questão de sublinhar que “nenhuma outra atividade económica teve a importância do Turismo para o equilíbrio da balança comercial, para o aumento da exportação de serviços e para a criação de postos de trabalho”, e acrescenta também que “nenhuma outra atividade económica projetou tanto a imagem de um país moderno, cosmopolita, seguro e hospitaleiro como o Turismo”.

Porém, recordou que nem sempre foi fácil chegar a este ponto, apontando “as dificuldades de acesso ao financiamento, os sucessivos aumentos da carga fiscal e dos custos de contexto, a falta de investimento em promoção, as constantes alterações legislativas, os excessos de burocracia, muitos foram os obstáculos que os nossos empresários tiveram de enfrentar para colocar Portugal na rota dos grandes destinos turísticos”.

E para que o país não pare, o presidente da CTP, no seu discurso, alertou que embora este bom momento não seja um fenómeno passageiro, “também não podemos tomá-lo como garantido”. Explicou que Portugal tem margem para crescer nos principais países emissores mas ainda em mercados de grande dimensão como os EUA, China, Japão e Coreia. E recordou que falta “uma solução definitiva para garantir mais ligações aéreas, dado que o Aeroporto de Lisboa se encontra no limite da sua capacidade”.

No que toca à parte privada, Francisco Calheiros defendeu que os agentes do setor privado não sejam excluídos das decisões que interferem diretamente com a sua atividade.