“O mais importante é a aposta no produto hoteleiro onde a inovação está estagnada”

A “Inovação no Turismo” foi o tema em debate no último painel da manhã da III Cimeira do Turismo Português, que se realiza hoje no Museu do Oriente, em Lisboa. Dionísio Pestana, presidente do Grupo Pestana, e Alexandre Pinto, CEO da JiTT.Travel, empresa que desenvolveu uma das aplicações móveis mais procuradas no Rio de Janeiro, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, partilharam a sua experiência acerca das novas tecnologias e do quanto estas podem contribuir para a inovação no turismo. Neste painel esteve ainda Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal.

Para Dionísio Pestana, “não é preciso continuar a inventar” pois “já há muita coisa boa no mercado”. O importante, considera o empresário é “monitorizar resultados, avaliar custos e decidir o que é que está a ser vantajoso e a dar retorno, ou não”. Atualmente, o grupo Pestana tem um departamento de Business Intelligence e uma equipa que trabalha com softwares específicos para, inclusive, sistematizar os comentários dos clientes nas redes sociais.

A ideia de que é preciso estar sempre a inovar é, para o presidente do grupo Pestana, uma falácia. “Stop running, stop transforming”, defendeu, citando uma frase com que se deparou há pouco tempo e que reteve em memória. O mais importante, preconiza, é a aposta no produto hoteleiro propriamente dito, sobretudo no segmento de resorts, que representa 60 a 70% dos dividendos totais obtidos no setor e onde, na sua perspetiva, a inovação está estagnada. “Se nos próximos anos não aparecer nada de novo em termos de produto e diferenciação ao cliente, vamos ficar de fora da concorrência tal como no passado ficámos quando perdemos para a Turquia, Egito e outros países. Podem vir as tecnologias todas, que se não nos centrarmos no produto vamos perder terreno”, resumiu. O empresário referia-se sobretudo ao turismo no Algarve e Funchal, admitindo que Lisboa e Porto têm uma dinâmica própria, fora deste cenário.

Alexandre Pinto, da JiTT.Travel adiantou que a idade dos utilizadores das aplicações concebidas na sua empresa anda entre os 25 e os 45 anos. O seu nível de exigência é persistentemente satisfeito pelas grandes empresas do setor, como a Google, que recentemente lançou uma nova plataforma, a Google Trips, deixando as pequenas empresas em permanente “estado de alerta”. “Quando começamos a ter os primeiros indícios de que somos reconhecidos, como aconteceu em artigos no New York Times e no trabalho que desenvolvemos para os Jogos Olímpicos, surgem novos dados no mercado”.

Por sua vez, Luís Araújo defendeu que “os fundos europeus têm de ser para todos”. “Vamos simplificar a linguagem de acesso a esses fundos. Se os grandes grupos às vezes não percebem o que lá está ou acham que é complicado, imagine-se os pequenos ou médios empresários”, prometeu o responsável do Turismo de Portugal, referindo-se à terminologia e processos de candidatura em vigor.