“O maior desafio é a internacionalização da Airmet”

Paulo MendesHá nove anos na Airmet, e há seis como diretor-geral do grupo, Paulo Mendes assume-se como alguém que gosta de desafios, explicando assim o seu rápido crescimento a nível profissional, apesar da tenra idade. Focado em liderar uma equipa também ela jovem, o profissional recebeu-nos para mais uma Grande Entrevista da Ambitur e explicou o que é hoje a Airmet e para onde vai caminhar no futuro, realçando a internacionalização como o grande desafio.

O que é hoje o “universo” Airmet?
Neste momento é um conjunto de serviços que são prestados aos clientes: agências de viagens independentes. O nosso foco, desde o início, foi arranjar soluções que visem aumentar a rentabilidade dos associados.
É este o nosso objetivo, seja ao nível das ferramentas de trabalho para o seu dia-a-dia, melhores condições comerciais ao nível da contratação para que possam ter mais argumentos de venda e diminuição de custos através de contratos que fazemos com empresas fornecedoras. Outra prioridade é a formação dos agentes de viagens através do nosso programa anual de formação certificada.
Hoje em dia temos uma panóplia alargada de serviços. A última novidade é uma plataforma tecnológica, o TravelMet, que é uma central de reservas consolidada e exclusiva para o grupo Airmet, em parceria com outra empresa, em que oferecemos tecnologia para os nossos associados, onde poderão reservar hotéis, avião mais hotel, cruzeiros, pacotes turísticos, entre outros, de uma forma eficaz e rápida, numa única plataforma. Pretendemos dar assim às agências uma ferramenta que andávamos à procura há já algum tempo. Estamos agora muito competitivos ao nível do preço. Este é um vetor importante na nossa estratégia: dar ferramentas aos nossos associados para que possam concentrar um volume de vendas que nos dê um maior poder de negociação.

Paulo Mendes altoComo se enquadra a Q´Viagens nessa estratégia?
Desde o início a marca tem como objetivo ser uma ferramenta de marketing de uma agência de viagens independente. Criámos esta marca de forma a centralizar todo um esforço de marketing e comunicação para as agências que utilizam a Q’Viagem!, de forma a se potenciar a captação de clientes para estas agências. Porque só funciona para alguns dos nossos associados? Porque acreditamos que um projeto de marca só funciona se as lojas tiverem uma imagem unificada e seguir uma política de comunicação em conjunto. Isso não resulta para todo um grupo de gestão, porque falamos em mais de 200 marcas diferentes. Esse é um dos maiores desafios que os grupos de gestão têm.
O caminho da Q’Viagem! continua a ser no sentido de criar uma rede com marca própria para agências independentes, não prevemos ir ao encontro de um modelo de franchising.
Temos investidores que querem abrir uma agência de viagens, que vêm ter connosco e que falam do seu projeto, nós apresentamos as duas alternativas: um projeto com a marca já criada ou o projeto com a marca do próprio investidor. Quem opta pelo projeto de marca deve implementar todos os requisitos que estão no manual da marca da Q’Viagem! e que deve ser respeitado.

Paulo MendesQual o momento mais desafiante do trajeto da Airmet?
O maior desafio, que até hoje tivemos, é a internacionalização da Airmet, mais concretamente a Airmet Brasil. Neste momento estamos a relançar este projeto. A Airmet Brasil chegou a ter cerca de 200 agências de viagens na zona de S. Paulo e agora estamos a recomeçar com boas perspetivas de crescimento, pelo que acredito que iremos chegar aos números do passado rapidamente porque neste momento, temos já a pessoa certa para gerir o projeto no Brasil. Vamos estar na ABAV com uma presença própria da Airmet Brasil e vamos fazer o chamado “relançamento”. Temos 20 agências connosco, num trabalho de alguns meses. A Mariana Ferrari é a responsável que está a frente do projeto.
Em Portugal o maior desafio foi sem dúvida nenhuma o início da empresa, o porta-a-porta a apresentar o projeto e a sua aceitação. Temos de agradecer aos agentes de viagens que acreditaram em nós desde o inicio e a todos fornecedores que acreditaram no nosso projeto. O crescimento de 30 para 120 agências foi fundamental, aproveitando as oportunidades que havia no mercado. Isso também se deve a termos aportado algo mais ao mercado, no caso a tecnologia, formação e novos serviços. Na altura, nenhum grupo de agências de viagens em Portugal tinha tecnologia para oferecer aos seus agentes de viagens. Trouxemos isso ao mercado, o desafio foi ultrapassado e fizemos com que o mercado ficasse melhor porque os concorrentes foram atrás. Por outro lado fomos pioneiros em criar um programa de formação continua e certificada para as agências de viagens independentes e sentimos orgulho em ter criado o primeiro consolidador aéreo exclusivo para agências de viagens em Portugal.
A Airmet quando entrou não foi mais do mesmo. Hoje em dia fazer contratação por contratação já não chega, temos de dar mais serviços aos agentes de viagens. Temos um sistema de faturação para os agentes de viagens que é o mais barato no mercado, mas não temos só um programa de faturação, também damos apoio fiscal, ajudando os agentes de viagens no seu dia-a-dia. Para além das restantes ferramentas de trabalho também apostamos forte na formação. A Airmet faz o seu caminho com estes três pilares: contratação, fornecendo ferramentas e formação com o objectivo de crescer de mão dada com os seus clientes.

Paulo MendesPara onde caminha a Airmet? O que se pode esperar da empresa daqui a dois anos?
O caminho está traçado e os objetivos a médio longo prazo também. Estes passam por continuar a crescer junto dos nossos associados em Portugal e internacionalização da Airmet, Brasil e outros mercados, também queremos dar o nosso contributo para valorizar o nosso setor e ter uma voz ativa em defesa dos nossos associados nas várias vertentes.
Mais importante que isso é crescer em número de associados e volume de faturação. Sendo que a continuidade da centralização de serviços para os nossos clientes é outra das vertentes, de modo a que possam ter produto diferenciado, que é o objetivo da TravelMet. Sendo assim, o próximo passo é aumentar o número de serviços agregados a uma só plataforma.
Quanto ao resto, pretendemos manter bem o que já fazemos atualmente, melhorar a formação, as nossas ferramentas tecnológicas. Vamos por exemplo, lançar agora a nova imagem do site da Airmet, no qual vamos fazer alterações nos próximos dois meses. Vamos criar também atualizações na nossa intranet de forma a ser mais apelativa e com novas soluções de trabalho para o agente de viagens. O futuro passa também por criar mais sinergias de trabalho nos mercados onde a Airmet existe. Neste momento temos muitas sinergias com a Airmet Espanha mas o objetivo, e já o estamos a fazer com a Airmet Brasil também, é que este triângulo permita a um benefício das agências de viagens portuguesas e vice-versa. Através desta triangulação de mercados pretendemos um aumento da massa crítica.
Nos próximos dois/três anos temos também um grande desafio que não é só da Airmet, é do mercado, em que pretendemos ter uma voz ativa, que diz respeito às alterações na legislação que irão ocorrer em meados do próximo ano. Também pretendemos arranjar soluções que permitam às agências de viagens oferecerem novos produtos que possam ser comercializados em época baixa, por forma, a manter a rentabilidade do seu negócio. Esta é uma atividade muito sazonal, que trabalha muito de abril a setembro, mas, que depois, no resto do ano, tem pouca margem de negócio, tirando o corporate, que para somente em julho e agosto. Ou seja, o objetivo é dar às agências de viagens a hipótese de poderem comercializar produtos complementares à sua atividade.

 

Esta é a 1ª parte da Grande Entrevista publicada na íntegra na Edição 293 da Ambitur.