“O NDC representa um impacto de 40/50% nas vendas das agências viagens nacionais”

“Relativamente ao tema do NDC entendo, por um lado, que as companhias aéreas precisam de ser mais eficientes na sua distribuição, mas isto tem um impacto direto nas agências de viagens e na sua rentabilidade”. Esta é a posição veiculada por Miguel Quintas, CEO da Consolidador.Com, na mesa-redonda promovida no âmbito da Convenção da Airmet (da qual a Ambitur fez parte como moderador), este fim-de-semana, na Figueira da Foz. O mote foi “Os novos desafios da distribuição turística” e o responsável abordou algumas das questões que têm agitado o sector da distribuição das agências de viagens pela Europa e especificamente em Portugal.

Para Miguel Quintas, hoje no mundo global e olhando para as empresas que detêm produto turístico, estas querem diferenciar-se dos seus concorrentes para conseguirem um maior valor acrescentado. No caso de uma companhia aérea como a Lufthansa, esta terá mais dificuldade em diferenciar o seu produto, até porque o produto de avião é muito standardizado hoje em dia. “As agências de viagens sabem que se eu quiser fazer um voo Lisboa-Madrid, o que eu procuro em primeiro lugar é preço. Como é que me consigo diferenciar quando estou num cenário em que o preço predomina?”, questiona Miguel Quintas. Curiosamente, este é o cenário que as agências de viagens também sentem no seu dia-a-dia. Mas, “como é que eu me consigo diferenciar quando entra um cliente na minha agência de viagens? Se nos estamos a diferenciar pelo preço, já dizem os livros de economia, tenho que trabalhar a área da eficiência da produção, a área da eficiência da distribuição, reduzindo custos substancialmente, pois no caso de o produto conseguir diferenciar-se por um valor intrínseco tenho mais margem para poder cobrar ao meu cliente”.

Sendo assim, considera Miguel Quintas, quando falamos do paradigma da alteração da distribuição a nível nacional, não se pode dissociar da alteração do paradigma a nível internacional. “O mundo é cada vez mais global, as companhias de aviação associam-se cada vez mais em grupo ou cooperando e, portanto a agência de viagens a nível nacional, que tem uma dimensão relativamente reduzida, para ter impacto na venda direta das grandes companhias ou dos grandes distribuidores, tem que assumir o papel de distribuidor do produto que tem mais-valia ou valor acrescentado, que pode trazer, vendendo de forma cliente ao seu cliente. Temos aqui uma dialética completamente diferente”, acrescenta.

Por outro lado, Miguel Quintas deixou o alerta: “Relativamente ao tema do NDC, por um lado, entendo que as companhias aéreas precisam de ser mais eficientes na sua distribuição, mas isto tem um impacto direto para as agências de viagens e sua rentabilidade. Este é um impacto muito forte partindo do princípio que cerca de 40/50% das vendas das agências de viagens nacionais são aviação”. Pois lembra o responsável que “o NDC pode significar que eu sou mais ou menos competitivo, num produto que é uma comodity, face ao mesmo lugar vendido na web ou no próprio site da companhia aérea. Pois muitas vezes a agência de viagens só poderá igualar o preço desse mesmo produto perante o cliente se dispuser de tecnologia e capacidade de integração no acesso à tecnologia que lhe permita competir com estes canais.

Para o responsável, “este é um tema com impacto profundo, tem que ser avaliado. Há companhias aéreas a adotar tecnologia, há outras companhias, que por visão estratégica, adotarão mais tarde. Mas este é um tema que os próprios GDS terão uma palavra a dizer”.

*Este artigo faz parte de um conjunto que a Ambitur irá publicar ao longo desta semana sobre a Mesa Redonda “Os novos desafios da distribuição turística” que juntou Francisco Teixeira –Country Manager at Royal Caribbean; Fernando Bandrés – Soltrópico TO General Manager; Miguel Quintas – CEO at Consolidador.com; Gavin Eccles – CCO at SATA; e Patrick Hedley – Country Manager at Lufthansa Group. A Ambitur juntou-se a este painel como moderador e a este lote de convidados.

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