“O nosso projeto é para continuar a crescer”

Nuno Mateus, diretor-geral da Solférias, recebeu a Ambitur no seu escritório um dia antes de entrar de férias para uma conversa sem pressas sobre o seu percurso na atividade da operação turística, aquela que admite realizá-lo a 100%. Falou do passado, do presente e do futuro, lembrando como tudo começou, da equipa de que faz parte e que o acompanha quase desde sempre, e dos projetos que tem para continuar a crescer. Não hesitou em abordar a sua experiência associativa na APAVT e diz que tem sido “extremamente positiva”.

 

NUNO MATEUS, SOLFERIAS, LX.

Que desafio vê quando lhe propõem o projeto Solférias?
A Solférias constituiu na altura um verdadeiro desafio porque era começar do nada. O operador existia mas todo o projeto a ser implantado era novo, de raiz, à imagem da equipa que entrou no operador. Se estávamos à espera desta evolução constante ao longo destes anos? Não sei, mas tínhamos ambição, e quando os desafios nos foram aparecendo ou os agarrávamos ou ficávamos parados. Não faz sentido numa empresa não se agarrar as oportunidades. Houve oportunidades criadas por nós, outras que surgiram por razões externas a nós. A verdade é que fomos agarrando as oportunidades que foram surgindo. Hoje em dia é diferente, os fornecedores vêm ter com a Solférias, mas no início nós tínhamos que ir bater à porta destes.

Qual o momento mais marcante na gestão do operador?
A discussão em relação à aquisição do Mundo Vip. Essa é uma oportunidade que surge do nada, com a sua parte positiva e negativa, como acontece em todos os negócios. Em 2013 entrámos no capital do Mundo Vip Madeira, que passa a ser Solférias Madeira. Não esquecendo que a marca Mundo Vip Algarve passou para Solférias Algarve. Fomos diversificando.
Fazer uma transição foi algo que nunca me passou pela cabeça mas, com a união de todos, conseguimos fazer uma transição rápida. Tivemos que ter um curso intensivo de vários destinos que não programávamos, entre eles a Disneyland, em Paris. Estes seis anos de Solférias foram muito intensos. Em termos emocionais é como se cá estivéssemos há 20 anos.

NUNO MATEUS, SOLFERIAS, LX.

Para onde pretende a Solférias ir? O lançamento da nova imagem é o ponto de partida para outra fase?
O que quisemos fazer com esta mudança de imagem foi abanar novamente. Não devemos fazer durante toda a vida as mesmas coisas, da mesma forma, ou seja, têm que haver desafios, estes devem ser motivacionais. O que nos interessa agora é o presente e o futuro, apesar de alguma nostalgia relativamente à imagem que nos acompanhou nestes primeiros seis anos. Não sentíamos um desgaste ao nível da imagem, mas esperar por isso poderia ser mais complicado de gerir. Sendo assim, com a imagem em alta, pretendemos marcar esta diferença. O que pretendemos é que a marca cada vez seja mais conhecida a nível nacional e do público final, que se perceba que a Solférias é uma marca de confiança, até porque somos muito seletivos em termos de qualidade da programação e do produto que comercializamos. Temos noção que temos muito produto dirigido à classe média e média alta; não publicamos um hotel que constantemente dê problemas, esta é uma maneira de estar nossa. Mesmo nos circuitos que fazemos temos um padrão que mantemos. A mudança de imagem é um novo desafio, para nós não há impossíveis, seja lá fora ou cá dentro. Desse desafio fazem parte também as tecnologias, que estão a ser desenvolvidas, apesar de ser um trabalho não tão visível. Em breve lançaremos o nosso novo site, que será mais uma parte visível deste nosso novo desafio. Esta fase começou o ano passado quando alterámos o back office no online. Essa é uma área que está estabilizada. Estamos agora a tratar de vários aspetos que não são tão visíveis, mas a parte mais visível, o novo site, irá ser lançada em breve. Este terá muito mais funcionalidades, contará com dois módulos que são de grande importância para a Solférias, sendo que um deles terá o foco em Portugal e outro a Disney.

Têm como objetivo ganhar mais dimensão?
Apesar de termos de ser realistas, pois o mercado tem a dimensão que tem, acredito que temos potencial para crescer, mas aqui as tecnologias são fundamentais, pois não poderemos multiplicar a nossa produtividade. Não conseguimos trabalhar 24 horas por dia. Ou temos ferramentas que nos ajudam ou não conseguiremos crescer. Há uns tempos, o cliente final esperava 48 horas por uma resposta, hoje isso não acontece, quer uma resposta imediata. Ou damos uma resposta imediata ao agente de viagens ou perdemos a venda, seja sábado, domingo ou feriado. O nosso projeto é para continuar a crescer.

NUNO MATEUS, SOLFERIAS, LX.

Os operadores nacionais têm evoluído de acordo com as necessidades do mercado?

Os operadores evoluíram nos últimos anos, estando muito mais organizados hoje. É uma questão de saber estar no mercado. Há destinos em que pode não haver tanta competitividade, mas nos países desenvolvidos a competitividade é muito grande, tanto interna como externamente, pois hoje em dia não se sabe muito bem de onde vem a concorrência. Temos de ter as melhores tecnologias disponíveis e dar resposta ao mercado.
Outra questão fundamental é o Provedor do Cliente. Todos os operadores portugueses são associados da APAVT, respondendo por esta via junto do Provedor, fundamental quando há problemas pois é um elemento neutro e credível que avalia a situação e dá a sua resolução ao mercado.

Como tem corrido a sua experiência associativa e que balanço faz do capítulo dos operadores da APAVT?
Foi um desafio. Para já nunca tinha pensado em desempenhar funções diretivas numa associação. Fazendo a vida de operador parte do meu ADN houve vários colegas que me incentivaram a aceitar o convite, achavam que seria um bom desafio para mim. Felizmente relaciono-me bem com todos os operadores e isso tem ajudado. Sou isento relativamente ao que é a minha posição na Solférias e na APAVT, não misturo as coisas. Da minha parte é um balanço extremamente positivo.

NUNO MATEUS, SOLFERIAS, LX.

O capítulo dos operadores da APAVT tem valorizado o campo de atuação destes no mercado, é esse o foco do trabalho?
O capítulo é muito importante para os operadores. Daqui a dois anos vamos ter o desafio da nova Diretiva Europeia dos Pacotes Turísticos que levanta algumas questões. Há vários problemas que nos unem e na APAVT não discutimos o nosso dia-a-dia, mas sim sinergias em relação a matéria sobre a qual temos de estar conscientes. Isso tem corrido de uma forma exemplar com a ajuda de todos. O mérito do que se tem conseguido é de todos.
Quanto ao grande desafio que se coloca hoje aos operadores turísticos este provém precisamente da nova Diretiva dos Pacotes Turísticos. Estamos a estudar como nos poderemos proteger face à responsabilidade que nos querem atribuir.«