O ‘novo normal’ será digital? O turismo é offline mas o online ajuda-o a preparar-se para a retoma

“A tecnologia pode contribuir para alterar suavemente as experiências”

“O online é um extraordinário meio e nunca um fim”

Na mesma senda, o administrador da Brasileira e da Fábrica da Sardinha, Tiago Quaresma, afirma que “este é um setor cujo produto será sempre offline e isso é muito bom”. Para si, “o digital e o online são extraordinários meios e nunca um fim” pelo que “se partirmos deste princípio estaremos sempre bem alinhados” com o que as tecnologias podem trazer ao setor.

A Brasileira e a Fábrica da Sardinha “vendem experiências e valor acrescentado”, o que “não é fácil de digitalizar nem nós queremos” porque “no dia em que forem digitalizáveis nós temos o mundo inteiro a competir connosco”, explica. Contudo, “a tecnologia pode e deve entrar em vários momentos que aceleram esta experiência”, nomeadamente, para receber visitantes internacionais “com um grau de personalização tal que lhe permita exponenciar a experiência”. Segundo Tiago Quaresma, “é algo que nos devemos preocupar em fazer enquanto país e setor porque podemos ser os primeiros do mundo a estar num nível tal de atenção ao detalhe que fará toda a diferença”.

Tiago Quaresma
Administrador Tiago Quaresma

Um dos seus mandamentos é que “o turismo é a grande montra do país” ao receber, por ano, duas vezes e meia mais pessoas do que a sua população e, nesse aspeto, “o digital pode entrar com um poder tremendo” a valer centenas de milhões de euros para Portugal. Antes da pandemia, já as duas marcas apostavam no digital, o que lhes permitiu beneficiar das suas mais-valias durante a crise: por exemplo, a Fábrica da Sardinha conta com 22 lojas para o “mercado turístico” e perdeu grande parte da procura, no entanto, já estava presente no digital pelo que “enviámos latas de conserva para os quatro cantos do mundo”, partilha o administrador.

Ainda assim, Tiago Quaresma assegura que “o cara a cara é fundamental” e conta-nos que tentou o “diálogo com a grande distribuição” mas que não foi bem sucedido porque “são comprimentos de onda diferentes” e que, quando isso aconteceu, “a alternativa foi contarmos a nossa história” com o foco nas pessoas. Daí “partimos para uma estratégia de lojas físicas que continuarão a ser o nosso futuro”, esclarece.  Na sua opinião, a Covid-19 vem “acelerar a importância da origem” para sabermos de onde vem o que comemos e a pessoa que nos atende até porque, num momento em que se fala tanto de confiança, “confiamos mais nela do que no comentário do TripAdvisor”.

O administrador analisa que “nenhum de nós cometeu um erro” e “estávamos num caminho de muita solidez”. O importante é então “segurar o setor inteiro para que assim que a tempestade passar ele estar cá e preservar o maior número de ativos desta oferta”. Se o fizermos, “saímos na frente”.