O olhar sobre os desafios do consumidor para 2017

Com o fim de 2016, é tempo de balanços e de abertura de perspetivas para o ano que se segue. Seja ao nível do consumidor, do produto ou das oportunidades, 2017 apresenta-se como um ano em que se espera que o setor do turismo continue a crescer, numa visão unânime de quinze empresas entre operadores turísticos, agências de viagens, rent-a-car’s e companhias aéreas, presentes no mercado nacional.

Paula Canada, diretora de Marketing TAP

A começar pela TAP Portugal, 2017 será um ano em que o “setor do turismo vai continuar a crescer e por isso o setor aéreo vai ser crucial para sustentar esse crescimento”. Paula Canada, diretora de Marketing na transportadora, assegura que a TAP pretende crescer “com o lançamento de novas rotas, que vão trazer seguramente novas oportunidades em termos de destinos”. Mais do que isso “será também um ano de grande aposta no cliente, com o objetivo de melhorar o produto e serviços proporcionados, melhorando toda a sua experiência nos diversos pontos de contacto com a companhia”, refere.

Em relação à procura dos clientes, Paula Canada sustenta que vai “manter-se a procura de preços baixos, sobretudo no segmento de lazer”. “Temos, hoje em dia, um consumidor cada vez mais atento e por isso a pesquisa e comparação entre preços de companhias aéreas vai continuar a ser uma tendência”, frisa.

Francisco Teixeira, CEO Melair

No mundo dos cruzeiros, a Melair, representante da Royal Caribbean em Portugal analisando os indicadores de reserva antecipada, admite que no próximo ano “possa ter um pequeno crescimento no consumo de viagens em 2017”. Francisco Teixeira, CEO da Melair acredita que ao nível do produto, “as viagens de curta duração, e consequentemente, de curta distância, poderão ser aquelas que mais atrairão o consumidor português mais jovem”. Por outro lado, o responsável crê que o grande desafio está na “situação económica das famílias”. Ainda assim, “acredito que possamos ter um consumidor com maior vontade de viajar e mais disponível para novos destinos e produtos”, frisa.
Ainda em relação ao setor do turismo de cruzeiros, mas na visão da MSC Cruzeiros, Eduardo Cabrita, director-geral da companhia em Portugual observa que “a tendência é para que continue a crescer nos próximos anos”. “As pessoas cada vez mais vêm o produto cruzeiro como uma opção final de férias devido a todas as vantagens e benefícios que podem usufruir a bordo e o facto de poderem acordar todos os dias num porto diferente, ou a possibilidade de visitarem vários locais sem nunca terem de desfazer as malas”, declara.

José Manuel Antunes, Sonhando

O operador turístico Sonhando prevê para 2017 um aumento da oferta para os destinos tradicionais. José Manuel Antunes, responsável do operador turístico evoca “que o mercado português prefere produtos de tudo incluído”.
Mais do que isso, a agência pretende “alargar os períodos das operações”, esperando assim “uma maior descentralização de datas de partida”. Acima de tudo, 2017 servirá para “consolidar a opção pela marca Sonhando nos agentes de viagens e consumidor final”.

Álvaro Vilhena, general manager Viajar Tours

Relativamente ao Viajar Tours, Álvaro Vilhena, general manager do operador turístico, constata que o próximo ano irá seguir a tendência de anos passados, em particular através do comportamento do cliente. “O comportamento do consumidor tenderá a centrar-se numa escolha mais ponderada, assente numa seleção cuidada e fiável, que privilegie a relação preço/benefício”, adianta.

Neste sentido, o operador acredita que em 2017, as viagens de férias aumentem “acompanhando a média dos restantes indicadores económicos e ampliando as suas expectativas de consumo”. Assim sendo, o responsável admite que “os produtos de médio curso, abrangendo destinos onde predomine o regime de Tudo Incluído, e onde o fator preço assuma uma relevância evidente” deverão ocupar um papel central nas escolhas do consumidor.

Maria José Silva, CEO RAVT

A RAVT, agrupamento de agências de viagens, por seu lado, concorda com a solidificação da confiança dos consumidores nos próximos anos. Maria José Silva, CEO da RAVT afirma que espera a “continuação do crescimento de procura dos millenials que tinham quase parado há uns dois e três anos atrás e que já registam o retornar a agências e a compras de viagens”. Por outro lado e num ano em que notou “um crescimento de mais procura”, esta responsável prevê também que haja um aumento nas viagens de longo curso.

Finalizando, Maria José Silva refere ainda que o grande desafio para 2017 se prende com “a adaptação dos produtos, serviços, operação e distribuição ao abrigo da nova diretiva de viagens que vem trazer maior responsabilização para os agentes sejam eles grossistas ou retalhistas, offline ou online”.

Patrick Borg Hedley, Country Manager da Lufthansa para Portugal

De regresso ao setor das transportadoras aéreas, a Lufthansa pretende fortalecer a sua posição junto do mercado português. Patrick Borg Hedley, Country Manager da Lufthansa para Portugal anuncia que a companhia terá em 2017, “novos voos e horários melhorados de/para Lisboa, Porto, Faro e Funchal” baseado nas previsões que apontam para boas tendências na procura. O profissional confessa mesmo: “ficámos muito felizes por ter finalmente conseguido, no final de outubro, alterar a partida do nosso primeiro voo de Lisboa para Frankfurt, que agora dá ligação a todos os voos da rede global da Lufthansa, incluindo os voos para a América do Norte”. Com esta alteração de horário a Lufhtansa espera “que uma das tendências do próximo ano seja um aumento das reservas para os EUA e para o Canadá”.

 

Dana Dune, CEO eDreams ODIGEO

Tecnologia, sustentabilidade e preço
Estas três palavras, nada desconhecidas no setor do turismo, vão repetir o protagonismo de anos anteriores e estar no top de tendências do novo ano. Num ano em que se prevê que o turismo a nível mundial continue a crescer, a agência de viagens online eDreams ODIGEO, não descura a importância das novas tecnologias e no acesso facilitado que este tipo de dispositivos concede aos seus clientes. Dana Dune, CEO da eDreams ODIGEO, assegura mesmo que na eDreams se registam já “29% das nossas reservas através das aplicações móveis, o que nos torna uma empresa de referência a este nível, já que praticamente registamos o dobro de reservas que os nossos concorrentes através desta via.”

Carlos Neves, administrador Gecontur

No caso da Bestravel acredita-se que 2017 irá evoluir os “índices de confiança dos consumidores nacionais”. “O facto dos preços se terem mantido relativamente estáveis, diminuindo as datas e unidades disponíveis à medida que se aproxima o período da viagem incute no consumidor a necessidade e vantagem na compra antecipada, que esperamos se acentue em 2017”, refere Carlos Neves, administrador da Gecontur, master franchising da Bestravel. Mais do que isso, este responsável admite nos próximos tempos, “muito da atratividade junto dos novos consumidores resultará não exclusivamente do fator preço, mas também de variáveis como a tecnologia, a sustentabilidade, as questões políticas e de segurança e da promoção de novos destinos em especial na Ásia, América do Sul e Europa do Leste.

No entanto, Carlos Neves alega que é necessário agregar a um serviço diferenciado com um produto turístico inovador, de modo a que o processo de compra não se baseie exclusivamente no preço”. “No caso específico da Bestravel será o lançamento do conceito physital, onde conjugaremos na mesma marca a loja física com a aposta no digital”, termina.

Valérie Chenevisse, diretora-geral Ibérica do Grupo Avis Budge

Noutra vertente, mas igualmente importante para o setor turístico e também a braços com importantes desenvolvimentos tecnológicos está a Avis Budget Group. Valerie Chenevisse, diretora-geral Ibérica do Grupo Avis Budget, acredita que “a tendência do aluguer através de uma plataforma digital continuará a aumentar em 2017”.

A empresa está também a desenvolver projetos como a “Avis Untrending” e a “Budget list”. “A “Avis Untrending” é a ferramenta interativa que permite aos utilizadores descobrir quais os locais menos conhecidos que se encontram a uma curta distância dos principais destinos turísticos da Europa”. “Já a “Budget List” apresenta os destinos mais animados e concorridos da Europa. Esta lista inclui os destinos mais atraentes e quais os eventos na Europa que são acessíveis de carro”, adianta.

Por fim e olhando para um tipo de consumidor “cada vez mais exigente”, Valerie Chenevisse acredita que a “concorrência pelos melhores e mais modernos serviços será um ponto fulcral” em 2017.

Fernando Fagulha, diretor de Vendas e de Marketing Europcar

Por seu lado, a rent-a-car Europcar acredita que o turista de hoje pretende conhecer “o que de mais genuíno existe” nos diversos destinos. Para isso “a mobilidade é um elemento essencial na criação da própria experiência”. Ao encontro desta expectativa Fernando Fagulha, diretor de Vendas e de Marketing da rent-a-car, refere que a Europcar pretende “oferecer soluções de mobilidade facilitada como as scooters e as bicicletas, fortes aliadas quando se trata de conhecer uma cidade”.

O responsável destaca que a empresa aposta “na diversidade de frota uma oferta de mobilidade que torna possível acompanhar todo o tipo de experiência em qualquer ponto do país”. “Esta orientação é seguida ainda pela nossa oferta de serviços Chauffeur Service e Entregas e Recolhas, sendo o primeiro um serviço de motorista particular e o segundo uma comodidade suplementar que a Europcar introduziu e que consiste na possibilidade de entrega e/ou recolha do automóvel na morada do cliente (disponível em Lisboa e no Porto)”.

No próximo ano, a estratégia passa por “continuar a apostar na Mobilidade 360º”. “Acreditamos que em 2017 poderá haver uma maior procura pelos meios de deslocação mais ecológicos e temos a nossa frota preparada nesse sentido com os híbridos, as scooters e as bicicletas”.

Eduardo Cabrita, diretor-geral MSC Cruzeiros Portugal

Também nos mares a sustentabilidade marca pontos. Eduardo Cabrita, diretor-geral da MSC Cruzeiros em Portugal argumenta que a preocupação ambiental que tem envolvido esta indústria: “as companhias de cruzeiros estão cada vez mais empenhadas no seu compromisso de protecção ambiental, não só pelas questões legais, mas porque a sustentabilidade dos oceanos é essencial para a experiência de cruzeiro”.

A transição da indústria para combustíveis mais limpos pode ter impactos significativos no negócio. Neste sentido, a MSC Cruzeiros e outras companhias de cruzeiros, têm optado por encomendar navios movidos a LNG – gás natural liquefeito – que traduzem um menor impacto no meio ambiente, com avançada tecnologia em todos os aspetos e que ajudam à proteção dos oceanos e da vida marinha.

No mesmo sentido avançam as preocupações com a sustentabilidade pelo ar. A Lufthansa, por exemplo, depois de ter introduzido na frota o Airbus A320neo, acaba de receber o primeiro de dez A350-900 que irá começar as suas operações regulares entre Munique e Deli a 10 de fevereiro de 2017. “O avião de longo curso mais moderno do mundo é um investimento para o futuro: reduz as amissões em 25% e significativamente menos ruidoso durante a descolagem em comparação com outros tipos comparáveis de aviões”, assegura Patrick Borg Hedley, o country manager da companhia alemã para Portugal.

Fernando Bandrés, diretor Operacional da Soltrópico

Fernando Bandrés, diretor Operacional da Soltrópico observa, ainda sobre o tema, que “as Nações Unidas decretaram o ano de 2017 o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento e é notório o incremento da consciência nacional de férias sustentáveis, quer em alojamento e/ou meios de transporte, acreditamos que será algo que se desenvolverá em 2017”.

Para onde vão os consumidores em 2017?
As escolhas dos portugueses no próximo ano deverão seguir a linha das de 2016. No caso da agência de viagens online da eDreams ODIGEO, o CEO, Dana Dune acredita que “as escapadas curtas (3-4 dias) a destinos europeus, especialmente a grandes capitais como Londres, Paris ou Madrid, continuarão a ser um dos principais atrativos para os viajantes portugueses”.

Outra das tendências sentidas nesta agência de viagens online, que deverá ter continuidade, é o especial interesse pelo turismo no próprio país, com enfoque para os destinos insulares, como a Madeira e Açores. “Uma surpresa agradável, que nos demostra que os portugueses não só apostam em conhecer outros países, mas que também gostam de desfrutar da diversidade e riqueza cultural do seu país”, evoca Dana Dune.

Paulo Mendes, diretor geral Airmet

No caso da Airmet, Paulo Mendes, diretor geral do grupo refere que a tendência aponta para que o consumidor aposte mais nas férias dentro do território nacional. No entanto, refere também que para “quem viajar fora de Portugal, a tendência é fazer em média uma semana e os destinos mais procurados são Espanha, Brasil, México, Cuba, Cabo Verde”.
Os destinos de praia continuam a ser a grande procura do cliente português em geral, mas o produto que hoje em dia mais atrai o consumidor é o que permite conjugar a descoberta, com lazer e descanso.

Francisca Ferreira, manager TUI Portugal

Francisca Ferreira, Manager do operador turístico TUI Portugal, prevê assim que os destinos de praia continuem no cimo das preferências, no entanto começa a ser preponderante “a busca pela experiência e pela vivência do destino de uma forma mais proativa e que lhes permita não só ir, mas também sentir de facto o local que estão a visitar. E desse ponto de vista os ‘combinados’ estão na moda e doravante é muito mais interessante poder descobrir 2 destinos numa só viagem, aliar a cultura ao ‘dolce fare niente’”.

Na visão do operador turístico Solférias em 2017 “haverá uma grande procura em relação a Portugal, de norte a sul e ilhas. Na Madeira e Açores tenho a certeza que a procura vai continuar a crescer no mercado nacional”.

Nuno Mateus, diretor geral Solférias

Nuno Mateus, diretor geral da Solférias acredita, ainda que haverá “muita procura em destinos de praia, no verão, seja em termos de Cabo Verde, Baleares e Caraíbas”. O responsável adverte que no caso de outros destinos, como por exemplo Porto Santo “não vai crescer porque não há possibilidades de crescer mais. Nao é por falta de procura mas o destino tem limitações”.

No mesmo sentido está a perspetiva do operador turístico Soltrópico. “O produto tradicional de tudo incluído em destinos de praia manter-se-á no topo das preferências do consumidor”. Fernando Bandrés, diretor Operacional da Soltrópico, defende que este é um traço muito distintivo do viajante nacional, no entanto “os short breaks também irão continuar em força, principalmente nas ilhas portuguesas”. Os Açores e a Madeira têm estado na agenda dos portugueses e manter-se-ão em 2017, na Soltrópico.