Tempos houve em que as hospedeiras e ajudantes de voo eram só amabilidades e todos os passageiros pessoas educadas. Voar era um luxo e quase sempre um prazer. Mas segundo Antoine Michelat, presidente do motor de pesquisa Jetcost, “a chegada das low cost e a rápida adaptação ao seu estilo das linhas convencionais (pagamento por malas, por escolha de assento, limites ao equipamento de mão, eliminação de obséquios durante o voo…) fez com que as coisas mudassem. O lado bom é que isso permitiu a muita gente a possibilidade de viajar de avião, graças aos voos baratos, e que se tenham ligado com voos diretos, muitas cidades de menor dimensão. O lado pior foi que tanto os passageiros como as hospedeiras, também tenham mudado”.
Todos comentam ou dizem ter ouvido queixas de que a hospedeira era um pouco grosseira, de que são chatas com os anúncios de vendas, do pouco espaço disponível… Mas o passageiro também não é inocente. Também as hospedeiras de voo (que agora têm de trabalhar mais horas, receber menos e fazer trabalhos que não são exatamente os seus) têm queixas em relação aos passageiros. A Jetcost, um dos motores de pesquisa mais utilizados em Portugal para conseguir voos e hotéis baratos, compilou as 10 coisas que tanto as hospedeiras como o pessoal auxiliar de voo, menos gostam:
1. Brincadeiras com as medidas de segurança.
Os passageiros frequentes conhecem de sobra os gestos e as palavras que os auxiliares usam para indicar os meios de segurança, sejam as portas de emergência, os coletes salva-vidas, etc. Por vezes, eles mesmos se sentem um pouco ridículos com o gesto dos quatro dedos ou indicando como se deve soprar para encher o colete salva-vidas, mas para eles, o cúmulo é que os passageiros se riam dos seus gestos, os imitem ou brinquem.
2. Ocupar todo o compartimento para malas.
Muitos passageiros optam por levar quase toda a bagagem com eles para o avião, para assim evitarem ter de pagar pela mesma. Depois, o que acontece é que não cabe tudo no espaço que corresponde a cada passageiro e acabam por invadir o espaço que corresponderia a outro, ou então colocam-na logo nos compartimentos à entrada do avião, mesmo que o seu assento seja umas dez filas depois. Por outro lado, alguns há que se negam a colocar as suas coisas debaixo do assento dianteiro que é um espaço perfeitamente útil e que pertence a cada um. Alguns também pretendem que sejam as hospedeiras que ponham a sua bagagem no compartimento, quando o podiam fazer eles.
3. Dificultar a passagem pelos corredores.
Os espaços são cada vez mais reduzidos dentro dos aviões e alguns tentam ganhar espaço e ocupam o dos outros. É o caso do passageiro que ocupa permanentemente os apoios para os braços que separam os assentos, embora isso só costume incomodar o passageiro do lado, outros há que passam as pernas ou os braços para o espaço do corredor por onde devem passar os carrinhos de bebidas ou as próprias hospedeiras. Quando isso acontece e tropeçam nas pernas de um passageiro, alguns há que nem desculpa pedem.
4. Utilizar aparelhos eletrónicos quando não devem.
Embora hoje em dia seja possível utilizar muitos aparelhos eletrónicos durante o voo: computadores, telemóveis em modo avião, tablets… há momentos em que isso não se pode fazer, no entanto a Jetcost pôde comprovar que sempre há quem não cumpra as normas pré-determinadas e além disso, quer dar lições tecnológicas sobre “o seu” aparelho às hospedeiras e sentem-se incomodados quando estas lhes recordam as normas.
5. Levantar do assento antes de terminado o voo.
É um hábito contagioso que incomoda passageiros e hospedeiras. Há como que uma urgência em ser dos primeiros a sair do avião, depois de passar algumas horas dentro dele. É não só desagradável como pode ser perigoso quando o fazem antes que o avião tenha estacionado e desligado os motores, sendo algumas vezes necessário que se peça através da instalação sonora para que voltem a sentar-se.
6. Ligar o telemóvel antes de tempo.
É outra das urgências absurdas e que se contagia; se se esteve duas ou três horas sem comunicar, não acontece nada por estar mais cinco minutos. No entanto, muitos fazem-no para passar o aviso urgente e necessário: “querida, já cheguei…”. O comandante de um avião comentou à Jetcost que teve de pedir que se desligassem todos os telemóveis porque uma interferência tinha bloqueado o trem de aterragem e não podia conduzir o avião ao seu lugar de estacionamento.
7. O uso excessivo de chamada da hospedeira.
Todos os assentos têm à mão um botão para chamar o pessoal de bordo. No entanto, muitos usam-no de modo inadequado. Há os que o confundem com o botão da luz, outros chamam para pedir uma bebida depois de se terem recolhido os carros cinco minutos antes, outros há que pedem para baixar a temperatura no avião, para perguntar por onde estão sobrevoando no momento ou para pedidos mais absurdos.
8. Ir à casa de banho ou levantar-se quando não deve.
Quando há turbulências, durante a descolagem ou aterragem está proibido levantar do assento. Mas isso não impede que alguns tenham pressas em ir à casa de banho, e outros que nesse momento tenham de procurar algo na sua bagagem ou de falar com outro passageiro cinco filas atrás.
9. Usar o avião como caixote do lixo.
Os assistentes de voo costumam passar várias vezes com carrinhos para onde deitar o lixo gerado durante o voo, mas alguns preferem colocá-lo na bolsa que há na parte de trás do banco dianteiro ou simplesmente deitá-lo ao chão do avião. Atualmente costumam ser as próprias hospedeiras ou assistentes os encarregados de fazer a limpeza devido ao pouco tempo de slot que têm os aviões nos aeroportos de escala e não é muito agradável tirar embalagens de chocolates, pacotes de batatas fritas ou… Chicletes pegados às bolsas ou às revistas da companhia. A Jetcost conhece o caso de uma hospedeira que uma vez utilizou a instalação sonora do avião para dizer: “Pedimos aos senhores passageiros que o lixo que tenham gerado, que o levem consigo”.
10. Tentar aventuras insólitas.
Praticar sexo a bordo de um avião é uma fantasia recorrente para muitos. Existe um clube, o Mile High Club, que integra aqueles que o conseguiram. Não é tarefa fácil, é requisito que seja um voo longo e de noite, com a maioria dos passageiros a dormir, um par de cobertores que possibilitem intimidade ou, se for o caso, uma casa de banho um pouco mais ampla do que o normal e não tocar nos vários botões que servem para diferentes serviços (água, gel de mãos, autoclismo, botão de emergência…). Quer as hospedeiras quer os auxiliares não costumam interferir a não ser que o caso seja escandaloso, se procure a sua cumplicidade e/ou… o seu protagonismo.