O que poderá impactar o valor da TAP pós-Covid-19

“Importante, além de colocar dinheiro nas empresas para compensar perdas de receitas, será perceber como será efetuada a redução da dimensão” da empresa, indica Pedro Pita, professor da Universidade de Lisboa, em declarações ao Expresso, numa análise que o jornal fez sobre as ajudas dos países da União Europeia às companhias aéreas. Indica o responsável que “é previsível que o transporte aéreo leve tempo a recuperar o nível pré-Covid-19, e que os cistos aumentem com as novas regras de segurança sanitária. Elementos que devem forçar uma redução de frotas”, sublinha o responsável.

Defende Hugo Espírito Santo, sócio da McKinsey, que na Europa os apoios pretendem dar “maior sustentabilidade, uma maior proteção dos ativos nacionais e uma maior coordenação com os restantes setores da economia”. As estimativas da McKinsey apontam para uma queda da procura em 2020 entre 50 a 65% a nível mundial, com uma recuperação a níveis de 2019 que pode demorar até três anos. “As alterações comportamentais dos passageiros, as implicações de natureza ambiental, o ajuste dos processos operacionais e a pressão incremental dos preços irão ditar uma necessidade de ajustar um setor, que tradicionalmente, tem demonstrado não ser capaz de criar valor de forma estrutural”, alerta, ao Expresso, o especialista.

Espírito Santo defende que “em Portugal, o setor será mais afetado do que em outros países, já que tem como base o tráfego de lazer, com forte relevância da placa giratória de Lisboa”. A McKinsey estima que o PIB direto do setor contraia entre 30 a 40%, acima dos 25 a 35% previstos para a Europa. Relembra ainda, o responsável que “A aviação tem um papel central nos 70% de turistas internacionais que são a base dos 15% de contributo do turismo para o PIB em Portugal”.

O sucesso nos últimos 20 anos de Portugal assenta, de acordo com o responsável, na capacidade de os operadores locais explorarem vantagens únicas (como a rede transatlântica). Mas alerta, o país “mantem desafios estruturais nomeadamente a nível das restrições de capacidade no hub de Lisboa e da necessidade de manter uma estrutura de custos competitiva, além do imperativo de manter crescimento futuro e ganhar escala”.