“O setor aposta cada vez mais em profissionais com formação em Gestão Hoteleira”

A um dia da celebração do Dia Mundial do Turismo, a Ambitur quis trazer para cima da mesa um dos temas que mais tem sido discutido no seio do setor e que está relacionado com o recrutamento e formação. Estivemos à conversa com José Miguel Rosenbusch, Consultor da Michael Page Hospitality & Leisure que, para além de alertar para as tendências a que os diversos players do setor devem estar atentos, frisou a aposta que o setor tem feito nos profissionais com formação em Gestão Hoteleira.

josemiguelRegistou-se nos últimos anos um crescimento no setor do turismo em Portugal. Este crescimento tem-se refletido também no recrutamento da área Hospitality & Leisure?

A Michael Page verificou um crescimento de 58% na área de Hospitality & Leisure respetivamente ao período homólogo anterior, de 2012 a 2014. Verificamos com agrado o contínuo aumento da confiança dos nossos parceiros e a tendência para o crescimento contínuo do setor do Turismo em Portugal. Indicadores como aumento da população empregada, a redução das assimetrias regionais, o crescimento do setor em valor com o consequente aumento das receitas, e a aposta na formação e qualificação profissional têm tido um impacto significativo no crescimento do setor, bem como na necessidade dos nossos parceiros recorrerem aos nossos serviços/know-how dos profissionais do setor.
Tendo em conta os processos de recrutamento realizados pela unidade de Hospitality & Leisure da Michael Page, em 2016, quais as regiões com maior empregabilidade nesta área?

Analisando por regiões e por projetos desenvolvidos no período de 2014 a 2016, constatamos que a região Centro-Sul foi aquela que registou maior crescimento de empregabilidade no setor, correspondente a 70%. O resto do país apresenta também taxas de crescimento interessantes, com a região Sul a registar um crescimento de 17% e a região Norte 13%.
Considerando os processos de recrutamento realizados pela unidade de Hospitality & Leisure da Michael Page durante o período de 2014 a 2016, a região Centro-Sul tem uma correspondência de 69% dos projetos efetuados, dividindo-se pelas áreas de Operação (22%), Finance & HR (18%), Comercial (17%), Marketing (14%) e Food & Beverage (12%).
No caso da região Sul, a segunda em volume de processos de recrutamento, é dada preferência às áreas de Finance & HR (38%), Food & Beverage (23%), Comercial (19%), Operação (13%) e Marketing (7%).

Para que funções têm recrutados mais as empresas do setor do Turismo?

O setor aposta cada vez mais em profissionais com formação em Gestão Hoteleira, acompanhada por uma forte componente analítica e uma maior diversificação de ferramentas de apoio (como Marketing, Revenue, Serviço e Luxo).
No seguimento dos projetos desenvolvidos podemos constatar que existe uma dinâmica acentuada nos perfis a recrutar, sendo comum a todos, com especial enfoque nas seguintes competências: resiliência, capacidade de gestão de equipas, foco nos resultados, componente analítica, “hands on – sleevs on”, pragmático e “problem solving”. Ao nível das funções verificamos um acentuado crescimento nas áreas de F&B (Director de F&B e Executive Chef), na área Comercial (Director Comercial e Revenue Manager), começando agora a surgir necessidades crescentes ao nível da Operação (Academy Manager, Facilities Manager, Director de Golfe e Ecommerce Manager).
Quais as tendências do setor a que o trade português deve estar atento e que devem chegar num futuro próximo? Qual a sua evolução? E a nível mundial?

São inúmeros os desafios e tendências do Turismo e, como tal, importante acompanhar as inclinações do mercado, sempre antecipando os seus possíveis impactos. O Turismo, assim como muitos outros setores, tem-se ressentido e procura ajustar a sua oferta em consonância com as “exigências” de um consumidor cujo “foco” está na internet, na diferenciação de produtos, na experiência oferecida/vivida.

Desde a expansão da economia partilhada, com o surgimento da Uber, Bla Bla Car, Couchsurfing, Eat with Me, boatbound, entre outros, assim como com o crescimento de novos conceitos hoteleiros, ao intensificar do uso das aplicações mobile, e o crescente dos bleisures – turista que mistura negócios com prazer, – é necessário ter capacidade de resposta. Para isso, os profissionais e os parceiros necessitam estar “up-to-date” em relação a estas tendências, nunca perdendo a noção de que o impacto quer a nível nacional, quer a nível mundial é imediato.
É natural e expectável que com o tempo e com o surgimento de novas tecnologias aliadas a este setor de negócio, novas empresas e novos profissionais tenham que se mostrar mais flexíveis, dinâmicos e “openminded” de forma a ter uma resposta mais eficaz e eficiente.