“O valor de um hotel não depende do custo de construção””

“O valor de um hotel não depende do custo de construção, porque nós podemos ter um hotel de luxo, mas se ele não estiver bem localizado, se não tiver afecto num segmento próprio, o seu valor é baixo e acaba por ser menor, provavelmente, que o seu custo de construção”, começou por explicar Paula Sequeira, directora de consultoria da Aguirre Newman, na conferência &Quanto vale o seu hotel&, realizada na passada sexta-feira, no Hotel Tryp Aeroporto, e com a organização da Associação da Hotelaria de Portugal, em colaboração com& a Aguirre Newman.Segundo a responsável, para incrementar valor num hotel, há que ter em conta vários factores chave, “que deverão fazer com que receitas e custos sejam equilibrados”: a localização, “um elemento essencial”; o rácio entre as áreas de exploração e áreas comuns e técnicas; a estrutura do pessoal; a questão do design, conceito e estado de conservação, uma vez que “cada vez mais as pessoas procuram sítios diferentes quando vão de férias”; o segmento de mercado a que se destina o hotel, “adequando as facilidades do hotel ao seu público-alvo”, e a gestão, “se tem ou não envolvimento de cadeias hoteleiras”.Patrícia Liz, managing partner da Aguirre Newman, começou por alertar os cerca de 100 presentes para a “necessidade de manter a conservação de um hotel para evitar investimentos mais avultados de futuro”. Dando conta da importância que é, hoje em dia, manter em boas condições as infra-estruturas de um hotel, a responsável, deu conta do investimento feito no Hotel Villa Magna, em Madrid, hoje, “uma referência a nível europeu”. Segundo esta, o hotel, depois de investir vários milhões na sua reabilitação, “incrementou em cerca de 75% o preço médio por quarto”, que hoje se fixa nos 300 euros. Patrícia Liz falou ainda na importância “da primeira impressão que uma pessoa tem de um hotel”, alertando para o “equilíbrio” que tem de existir “entre aquilo que é a recepção e o que os quartos têm para oferecer”, para não cair no risco de iludir o hóspede na chegada ao hotel e o desiludir na hora da entrada no quarto.À semelhança dos anteriores oradores, Robert Chess, director da Christie and Co´s, especialista em avaliação de hotéis e membro da Royal Institution of Chartered Surveyors, salientou que o sucesso de um hotel passa pelo equilíbrio de vários parâmetros, entre os quais: localização, configuração, “ter em atenção as chamadas áreas mortas”, infra-estruturas, competição, licenças para operar, serviço, marca e histórico das suas contas.O responsável sublinhou ainda o facto de &em Portugal existirem poucas cadeias hoteleiras internacionais& e de que, em comparação com outras grandes cidades europeias, Lisboa ainda apresentar baixas taxas de ocupação e RevPar. Para Robert Chess, o plano de marketing de um hotel tem de passar pela &sedução de reservas através dos websites dos hotéis&, em vez de deixar entregue esta tarefa meramente à distribuição.Pouca transparência no mercado hoteleiro português Em Portugal, &existe muito mercado, não está é exposto&, afirmou, na mesma ocasião, Paula Sequeira. A realidade é que, e também por consequência da crise, &as pessoas não se sentem confortáveis em admitir que houve uma gestão mal desenhada de um hotel. É muito complicado as contas de exploração de um hotel virem a público&, afirmou a responsável, acrescentando que &tem havido muita passagem de hotéis, que estavam presos aos bancos, para fundos de recuperação&.&Por Raquel Pedrosa Loureiro