OMT: O objetivo é “criar uma regra para todos os turistas” porque “existem muitas questões e diferentes restrições”

A Organização Mundial do Turismo (OMT) reuniu, ontem, o seu Comité de Crise pela primeira vez fora de Madrid e a partir de Lisboa, com a presença do secretário-geral da OMTZurab Pololikashvili

Questionado pela imprensa sobre se, face à chegada da primeira vacina para a covid-19, a OMT terá uma nova ‘timeline‘ para a recuperação do turismo e se essa acontecerá mais cedo que o previsto, o secretário-geral comenta que “todos os dias a situação tem mudado” nas diversas regiões e países além de que “as expectativas em relação à vacina são diferentes”.

Neste sentido, Zurab Pololikashvili admite ser “muito difícil avançar datas concretas” ainda que a vacinação tenha já começado no Reino Unido. Sabe-se apenas que “a UE será a seguir, a partir de janeiro, país a país” e que só “durante o inverno poderemos dizer algo mais concreto porque veremos como este processo irá continuar, quanto tempo demorará e qual a reação aos procedimentos”. Ainda assim, e apesar do “demorar a mudar a mentalidade dos turistas”, confia que “a vacinação ajudará a reiniciar o turismo”.

Também o Brexit “será um problema na indústria do turismo”, sobretudo para a UE, esclarece o responsável, no entanto “não irá afetar tanto durante a corrente situação” onde se sobrepõem questões de saúde.

Esta é a oportunidade de falar sobre desenvolvimento rural”

O secretário-geral da OMT relembra que, mesmo antes da pandemia, a organização anunciou que “gostaríamos de apoiar o desenvolvimento regional dos países” para “criar novos destinos”, pois “acreditamos que esta é a forma de criar novos empregos e descentralizar capitais e grandes cidades, dando mais oportunidades às famílias e pessoas fora delas”. Esse trabalho foi iniciado e, embora interrompido pela pandemia, no verão deu-se outra “transformação”, segundo Zurab Pololikashvili, quando “as pessoas começaram a viajar dentro dos seus países, tentando evitar a concentração massiva de visitantes, e em zonas mais remotas”. Desta forma, a OMT irá focar-se em “apoiar especialmente novos destinos” visto ser esta uma “oportunidade para falar sobre o desenvolvimento rural”.

Não sabíamos como agir em março mas estamos a coordenar melhor”

Acerca do Comité de Crise da OMT, o responsável explica que foi criado com o objetivo de “encontrar soluções para os hotéis, companhias aéreas e tour operadores, etc.” e “as formas corretas de sair desta crise” . Zurab Pololikashvili admite que “não sabíamos como agir em março” mas que agora “estamos a coordenar melhor”.

O trabalho do Comité começou, no início da pandemia, por tentar perceber “como é que os países podem estar prontos para reiniciar o turismo e como é que as pessoas vão voltar a viajar”. Em seguida, atribuiu recomendações e procurou ajudar o setor privado — o secretário-geral da OMT diz que “Portugal foi dos primeiros a faze-lo” — e tudo “correu muito bem”, considera, fruto de “regras concretas que ajudaram a viajar com mais segurança e de um modo mais responsável”.

Agora, o objetivo é “harmonizar protocolos e criar uma ‘regra’ para todos os turistas” até porque “existem muitas questões e diferentes restrições consoante os países”. Atenta que é “muito difícil” chegar a tal nível de coordenação pois tudo depende também da visão dos restantes ministérios. Mas o trabalho irá prosseguir.