Opinião de José Carlos Pinto Coelho: E depois da crise?

Por José Carlos Pinto Coelho, presidente da Onyria

“Os vaticínios sobre o futuro, no início de um acontecimento disruptivo intenso como é esta “pandemia“, são totalmente erróneos. É incrível mas a probabilidade de acerto aproxima-se de 50%, ou seja, iguais aos de lançar uma moeda ao ar e acertar na face que fica voltada para cima.

A quantidade de fatores a considerar nesta crise sanitária e económica é extensa e de enorme variabilidade. Não há qualquer padrão fiável que se ajuste a uma crise mundial do tipo que atravessamos.

Sendo este o panorama que temos da parte do “Emissor”, isto é, do que provoca a situação, que neste caso não ajuda a prever o futuro, vamos ver o que se passa no “Receptor“, ou seja, “nós“ – as pessoas que são expostas a este acontecimento, para aí procurar respostas.

Os fatores que vou considerar são:

Positivos
– A constante busca de felicidade que dirige os nossos comportamentos
– A extraordinária acumulação de conhecimento mundial em todos os setores nesta nossa época

Negativos
– O “medo “ que as notícias com que somos bombardeados provocam
– A situação económica difícil que esta crise traz associada

Considero que a força dos dois fatores positivos que refiro é mais poderosa do que a combinação de medo e fragilidade da economia.

Desta forma, a ‘felicidade’ como motor das nossas ações e decisões, vai ser um elemento que sairá reforçado num período pós-crise, ou seja, vamos voltar a fazer tudo o que nos aproxima da concretização dos nossos desejos e de forma ainda mais persistente do que em anos anteriores. Depois da crise vamos querer, ainda mais, fazer parte de grandes manifestações desportivas, culturais, religiosas e tudo o que nos possibilite viver mais experiências, conhecer mais pessoas e viver novas situações. O génio humano tratará de resolver os problemas e efeitos desta crise e a época ‘pós-crise’ mais rapidamente do que os atuais prognósticos.

Esta é, possivelmente, a primeira vez na história em que toda a comunidade científica está alinhada e motivada para encontrar urgentemente as melhores soluções.

Nota: Evidentemente que tendo referido a falibilidade de prognósticos, quem tem responsabilidades sobre pessoas e bens, terá que acautelar a situação oposta, isto é, uma crise longa. Livro com interesse “Wisdom of the crowds”. ”

* A opinião foi solicitada por Ambitur.pt no âmbito de um conjunto de artigos que estamos a elaborar com empresários e responsáveis do setor sobre a atual situação que o país/mundo vive no âmbito da Covid-19.