OPINIÃO: “Formação e retenção de talentos na hotelaria”

Por Cristina Siza Vieira

 

O “Guia do Mercado Laboral 2016”, recentemente editado pela Hays Portugal, revela factos e sinais muito interessantes sobre mudanças que se estão a verificar no mercado de trabalho em Portugal.
Destaco 3 tópicos na área do Turismo e Lazer: o primeiro, que dá nota de que 78% dos profissionais que trabalham na nossa área estão disponíveis para mudar de emprego em 2016; o segundo, de que o principal motivo apontado para a mudança (para 68% dos inquiridos) é a procura de projetos mais interessantes; o terceiro ponto, é que 83% dos profissionais nesta área apontam a formação/certificação como o benefício mais desejado (seguindo-se o seguro de saúde; automóvel para uso pessoal; telemóvel e flexibilidade de horários, que recolhem preferências de 75%, 40%, 33% e 30%, por esta ordem).
Se relativamente ao primeiro tópico (apetência para a mudança), ainda que tendo crescido 4 p.p de 2015 para 2016, compara bem com a média em outros sectores (74 %), já é muito revelador perceber que a motivação “procura de projetos mais interessantes” é apontada por estes profissionais como principal fundamento para a mudança, mais do que querer mudar pelo pacote salarial ou pela progressão na carreira.
Dá que pensar, sobretudo se cruzarmos com o que os inquiridos dizem sobre a valorização da formação/certificação dadas pela empresa.
A busca de talentos, sua conservação, motivação e formação tem sido a pedra de toque da gestão de recursos humanos na hotelaria. Várias vezes tem sido apontada a necessidade das nossas escolas estarem mais alinhadas com o mercado de trabalho, alterando os curricula e ajustando-os a outras disciplinas do saber, havendo uma certa tensão entre os que consideram que a formação deve ser dada ao nível das escolas e os que consideram que é nos próprios hotéis que se formam os profissionais (mas que muitas vezes temem – e como se vê bem…- que uma vez formados saiam em busca de “projetos mais interessantes”).
A verdade é que este é um desafio permanente e que é entre esses dois mundos que na área do turismo e lazer (e de resto noutras) se qualificam os bons profissionais.
Em boa hora, portanto, a AHP vai desenvolver um programa “Formação-Ação” com o duplo objetivo de preparar melhores profissionais em áreas onde as empresas envolvidas estejam carentes (após diagnóstico para o efeito) e dar mais e melhores competências, certificadas, aos colaboradores. Estas formações on the job virão consolidar conhecimentos, validar atualizações e permitir melhor gestão nas empresas turísticas e, por aí, maior capacidade de retenção de talentos.

 

Este artigo pode ser lido na íntegra na Edição Nº 287 da Ambitur.