Opinião: “O setor dos cruzeiros regressará mais forte”

Por Francisco Teixeira, CEO da Melair Cruzeiros

Toda a indústria de viagens foi “ferida” pela pandemia da Covid-19, mas acredito que a memória é curta, e após meses de isolamento, as férias tornar-se-ão mais valiosas do que nunca.

Vamos levar algum tempo a reconstruir e a voltar para onde estávamos. Mas isso é o que a nossa indústria faz.
Existe uma razão pela qual esta é a maior e mais importante indústria do mundo de hoje, e é porque as pessoas precisam dela. Depois do Covid-19, a necessidade de estar com outras pessoas, de ter novas experiências, será realmente mais valiosa do que era.

O setor terá de se adaptar, mas os cruzeiros estão em constante adaptação e mudança ao longo dos anos.
O cruzeiro do ano passado não era o mesmo de há 10 anos atrás. O cruzeiro continua a mudar todos os dias, e continuamos a aprender.

Quem sugerir a outras pessoas que parem de viajar ou sejam dissuadidas, está errado.

Depois do 11 de Setembro, as pessoas diziam que nunca mais viajariam, ou que a viagem seria tão diferente que as pessoas não gostariam. Ambos os extremos mostraram-se errados.

Faremos as coisas de maneira diferente. É claro que haverá maior controle do saneamento e higiene. É claro que haverá mais trabalho sem contacto, usando os programas de computadores Excalibur da RCCL. E está claro que haverá mais triagem. Mas as companhias da RCCL irão acomodar tudo isso.

Período de Transição
No início, quaisquer alterações necessárias podem não precisar de ser permanentes. Algumas serão muito diferentes, mas será uma coisa no dia em que a RCCL iniciar e outra coisa um mês depois, e outra coisa um mês depois disso.

Comparando por exemplo com os restaurantes, alguns estão a começar com baixos níveis de capacidade para poderem distanciar-se socialmente. Quando tiverem provas que funciona, eles reduzirão o distanciamento social. Em pouco tempo, estes restaurantes voltarão ao que eram antes.

Com o cruzeiro, também haverá um período de transição, mas a experiência fundamental, as coisas que as pessoas gostam no cruzeiro, mantêm-se lá, e isso é o que o torna atrativo.

Confiança no Cruzeiro
As pessoas têm memória curta, de forma que não descartarão o cruzeiro a longo prazo, como resultado da imprensa negativa que enfrentou no início da crise, mas é verdade que o setor tem trabalho a fazer.

O importante não é o passado, o importante é o que fazemos daqui para a frente, sabendo que atrair novos hóspedes para cruzeiros será mais difícil do que antes do surto.

As pessoas com experiência em cruzeiros entendem como é o seu ambiente, a sua atitude em relação ao cruzeiro é fundamentalmente diferente da atitude das pessoas que nunca o fizeram. Quantas mais pessoas souberem sobre o cruzeiro, e sobre como operamos um cruzeiro, maior a probabilidade de elas voltarem.
Sempre foi mais difícil convencer alguém que nunca fez um cruzeiro a experimentar um pela primeira vez, e não há dúvida de que será mais difícil agora do que antes. Mas esse é o nosso trabalho. Esse é o trabalho do agente de viagens.

O agente de viagens é muito importante nisso, porque ninguém compra um cruzeiro porque viu uma das nossas publicidades. A nossa diretora de marketing vai ficar furiosa comigo por dizer isto, mas ninguém compra um cruzeiro porque viu uma publicidade.

Eles compram um cruzeiro com base na sua própria experiência, ou porque alguém em quem confiam os aconselhou, e a pessoa que fará isso é provavelmente uma consultora de viagens. Portanto, precisamos de ter cuidado em sermos transparentes e divulgar o que estamos a fazer, e porque o estamos a fazer e como o fazemos.

Precisamos de dar aos consultores de viagens as ferramentas que precisam para conquistar as pessoas que nunca navegaram, pois serão ainda mais resistentes hoje do que o eram atrás.

Agentes e Ilhas
Os agentes serão muito mais eficazes em divulgar as mensagens sobre os novos protocolos de higiene e limpeza e os padrões de segurança, do que qualquer documento técnico.

As pessoas querem entender o que estamos a fazer. Podemos publicar um folheto de 50 páginas que diz que estamos a fazer isto, como estamos a fazer aquilo, mas nada disso se compara a um consultor de viagens confiável. Um resumo de dois minutos é mais convincente do que um artigo branco e chato de 50 páginas. Para isso, iremos preparar um alargado plano de formação.

Pelo que temos vindo a ouvir, as ilhas têm conseguido um maior controlo da propagação da doença, e nesse sentido, as ilhas privadas da RCCL, Cococay nas Bahamas e Labadee no Haiti, com toda a sua beleza e pelo fa to de a RCCL as controlar totalmente, seguindo protocolos estabelecidos pela companhia, penso que no começo possam ser um ponto valioso.

Olhando o Futuro
Não existe uma resposta simples para qual das marcas e navios do grupo RCCL voltarão primeiro.

Em alguns aspetos, um navio maior tem vantagens sobre um navio menor. Enquanto noutros aspetos, um navio menor tem vantagens sobre um navio maior. A RCCL terá um conjunto de protocolos que funcionam nos navios maiores, um conjunto que funcionam nos navios menores e um conjunto que funcionam nos navios médios.