Por André Gomes, Presidente do Turismo do Algarve

Ao longo dos últimos anos, temos tido a oportunidade de observar uma crescente consciencialização de todos os setores no que à responsabilidade ambiental diz respeito, e o Turismo não foge à regra. Nos dias de hoje, não podemos olhar para a indústria do Turismo sem olharmos, simultaneamente, para a Sustentabilidade. O Turismo Sustentável é, cada vez mais, uma prioridade estratégica a nível mundial e, hoje, os destinos turísticos pretendem satisfazer as necessidades dos turistas e das comunidades locais, através do respeito e da proteção dos recursos naturais, culturais e sociais.
A proteção ambiental, a autenticidade sociocultural e a viabilidade económica devem coexistir em equilíbrio e para isso é necessária uma visão integrada dos diferentes fatores. Uma governação inclusiva e colaborativa, com participação ativa de todos os stakeholders e com mecanismos de monitorização de impacto e satisfação dos visitantes, revela-se também fundamental.
A proteção ambiental, a autenticidade sociocultural e a viabilidade económica devem coexistir em equilíbrio e para isso é necessária uma visão integrada dos diferentes fatores.
Foi assim que, em 2015, as Nações Unidas aprovaram a Agenda 2030 e os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A nível europeu, o Pacto Ecológico Europeu reforça este compromisso ao colocar a sustentabilidade como eixo central da transição ecológica e económica da União. E em Portugal, tanto a Estratégia Turismo 2027 como a mais recente ET 2035 estabelecem o Turismo como motor de desenvolvimento sustentável e competitivo, com as pessoas no centro da estratégia.
No Algarve, o turismo é um dos pilares estruturantes da economia regional e nacional — com mais de 20 milhões de dormidas e 5,2 milhões de hóspedes em 2024 — e, à medida que a sustentabilidade assume um papel central no setor, tornou-se imperativo que acompanhássemos esta transformação.
No Algarve, o turismo é um dos pilares estruturantes da economia regional e nacional e, à medida que a sustentabilidade assume um papel central no setor, tornou-se imperativo que acompanhássemos esta transformação.
O Observatório para o Turismo Sustentável do Algarve (AlgSTO), promovido em parceria entre o Turismo do Algarve, a CCDR Algarve, Universidade do Algarve e Turismo de Portugal, constitui uma plataforma de análise, partilha e planeamento. Por outro lado, a integração em redes como a INSTO (OMT) e o Destination Watch reforça a cooperação internacional e a adoção de boas práticas globais.
No entanto, conseguimos compreender que, para a maioria do público geral, o verdadeiro impacto só se sinta no terreno. Um exemplo disso é o selo de eficiência hídrica “Save Water” que lançámos em 2024. Esta iniciativa foi criada com o objetivo de promover o uso eficiente da água no setor turístico, particularmente em unidades de alojamento, incentivando a adoção de boas práticas, tecnologias de poupança e a consciencialização de hóspedes e colaboradores. Desde a sua implementação já foi possível reduzir em 13% o consumo total de água nas unidades aderentes.
Simultaneamente, procuramos diversificar e enriquecer o destino através de projetos como a Dieta Mediterrânica (classificada pela UNESCO) e o Algarve Craft & Food, que promovem os saberes, sabores e tradições locais. Expandimos a oferta para o interior com o Geoparque Algarvensis e eventos como o Algarve Walking Season, que atraem turistas durante todo o ano, o que reduz a sazonalidade e distribui riqueza de forma mais equitativa.
O programa Descarbonizar+ Algarve, promovido em conjunto com o NERA e a AREAL, está já a apoiar inúmeras de PMEs na eficiência energética e na redução de emissões.
Por outro lado, o futuro constrói-se também com compromisso ambiental das empresas. O programa Descarbonizar+ Algarve, promovido em conjunto com o NERA e a AREAL, está já a apoiar inúmeras de PMEs na eficiência energética e na redução de emissões. A sustentabilidade é hoje, mais do que nunca, sinónimo de competitividade.
O caminho não é isento de desafios. A pressão sobre os recursos, a sazonalidade e a necessidade de adaptação às novas exigências do mercado impõem ação contínua. Mas os sinais são positivos: os turistas procuram cada vez mais destinos sustentáveis, autênticos e conscientes, e o Algarve está a responder nesse sentido.
Este artigo foi publicado na edição 353 da Ambitur.





















































