Por Carlos Rosa, diretor do Centro de Competências do Turismo da Moneris
Analisar dados, números e estatísticas tem um propósito inegável: antecipar tendências para melhor planear investimentos. Investimentos financeiros, investimentos em recursos, investimentos em inovação, investimentos tecnológicos, investimentos em processos, investimentos em expansão.
Da análise dos principais indicadores de desempenho no setor de Turismo em Portugal, 2018 foi um ano ainda positivo, mas que começa a deixar alguns sinais de estagnação.
No Anuário do Turismo de 2018, elaborado pelo Centro de Competências do Turismo da Moneris, mostra-nos que o número de hóspedes e o número de dormidas contaram com crescimentos bem mais tímidos do que em 2017, sendo que no caso da Madeira, houve mesmo uma tendência negativa.
A análise do Revpar (Revenue per Available Room) mostra-nos muitas assimetrias para as quais o setor deve estar atento e responsivo. Desde logo, na região do Algarve, cujo impacto da sazonalidade no Revpar é muito relevante, chegando a ter o valor mais alto do país no mês de agosto (124,70€) e o valor mínimo em janeiro (12,30€).
Lisboa surge imponente no topo da classificação quando analisamos não só o Revpar, mas também os proveitos totais, uma tendência de crescimento em linha com os anos anteriores.
A exploração em alojamento local tem vindo a marcar posição no setor do turismo, tendo em 2018 representado cerca de 12,3% do total de dormidas registadas.
A balança turística aferiu um saldo positivo de mais de 11 mil milhões de euros, com a predominância de receitas a manter-se no Reino Unido, França, Espanha e Alemanha.
Nesta publicação abordamos ainda dois pontos que consideramos fundamentais e que impactam profundamente a atividade: a saída do Reino Unido da União Europeia e o Regulamento Geral de Proteção de Dados.
Dada a importância do mercado do Reino Unido para o setor do Turismo em Portugal, e considerando a potencial saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo, estão já previstas algumas medidas de preparação nacional, como a criação de um canal informativo no VisitPortugal.com, de relação com o consumidor britânico ou a realização de ações de informação destinadas aos operadores britânicos, relativas a alterações em matéria de prestações de serviços. Além disso, o Governo aprovou o plano de contingência Brexit, em caso de saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo, com o objetivo de otimizar as condições de viagem dos turistas britânicos neste cenário.
Outro dos temas que desenvolvemos com destaque é o Regulamento Geral de Proteção de Dados, que é especialmente relevante num setor onde são tratados inúmeros dados pessoais, muitos deles dados pessoais sensíveis.
Adaptar uma unidade hoteleira ao RGPD exige tempo, conhecimento e atenção ao detalhe. Vai exigir também alguma elasticidade da organização para a adoção de novos e renovados procedimentos. Mas acima de tudo, vai obrigar a um grau de formação elevado de todo o staff, pois a maioria das violações de dados resultam de erros humanos, muitas vezes causados por falta de informação ou falta de zelo.
Para conformar qualquer empresa ou organização ao RGPD é fundamental um trabalho conjunto e contínuo em três vertentes: a tecnologia, os processos (e pessoas) e a base legal / jurídica.
Não é fácil, não é rápido, mas é obrigatório para aqueles que vivem da sua reputação e confiabilidade. Então por onde começar?
O primeiro passo será rodear-se de especialistas. Este é um tema muito específico e se conseguir um consultor que alie o conhecimento do RGPD ao conhecimento do setor, poderá desenvolver um projeto de conformidade faseado, com ações definidas por criticidade, que tenham em conta a capacidade financeira da organização e o risco que está disposta a assumir.
Estamos já na fase de preparação e definição do Plano & Orçamento para 2020. Tome nota de algumas destas tendências para preparar o futuro da sua empresa. E pense estrategicamente, com metas mais longas que lhe vão permitir diferenciar-se e melhorar os seus rácios.
Mais informação: www.moneris.pt