Opinião: “REVIVE – (Re)Viver o Património”

Por Pedro Machado*

O Património Cultural e Histórico de um destino é uma das principais motivações para que este vivencie atividade turística. A cada dia que passa, e com o crescimento do conhecimento, o aumento da mobilidade e das acessibilidades, cresce, proporcionalmente, a curiosidade para que se conheça a cultura de outras sociedades.

Como atesta a Organização Mundial Turismo, o turismo e os setores culturais surgem, atualmente, por todo o mundo, como promotores da revitalização de edifícios e de espaços abertos para fins contemporâneos, oferecendo, deste modo, uma oportunidade de sustentabilidade dos seus valores culturais tradicionais e contemporâneos.

Por todo o mundo é uma realidade “incómoda” os edifícios históricos e outro património, que se encontram ao abandono, muitos deles deteriorados e que incorrem contra a segurança pública, representando, muitos deles, uma perda de oportunidade na manutenção da história, da identidade e das tradições sociais de uma comunidade.

No entanto, este é um paradigma que tem sofrido, atualmente, alterações profundas. Governos e privados, sensíveis ao seu potencial e à importância da sua sustentabilidade, começam já a olhar para estes ativos, patrimoniais e históricos, como potenciais locais criativos, com uma forte capacidade de atrair turistas. Hotéis, restaurantes, escritórios, centros comerciais e áreas urbanas revitalizadas, galerias de arte, museus e locais de performance têm sido algumas das criativas soluções para projetos de requalificação séria do património.

Uma das questões mais polémicas a que se tem assistido, no nosso país – ainda que por todo o mundo -, assenta em qual o uso a dar ao património material abandonado e/ou em ruínas, nomeadamente, no que respeita à sua requalificação e/ou reconversão para efeitos turísticos.
Em Portugal, o Governo mostrou estar atento a este fenómeno, procurando dar solução com a aplicação de uma medida a que chama de Valorização do Património Cultural e Natural. O projeto REVIVE tem como principal objetivo a identificação e divulgação, a potenciais investidores, do património público existente, com vocação turística, propondo-se a criação de um portfólio com os principais ativos do território, de modo a tornar possível a sua divulgação, e de forma a possibilitar a sua reabilitação e utilização para efeitos turísticos.

A listagem dos projetos a integrar no REVIVE está já fechada, contemplando cerca de 30 concessões por todo o país. Só na região Centro de Portugal envolve sete projetos, nomeadamente, o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (Coimbra), Pavilhões do Parque D. Carlos I (Caldas da Rainha), Colégio de São Fiel (Castelo Branco), Mosteiro de Lorvão (Penacova), Forte da Barra de Aveiro (Ílhavo), Casa de Marrocos (Idanha-a-Nova), Convento de Santo António dos Capuchos (Leiria).

No passado dia 02 de fevereiro, no âmbito da celebração do 20.º Aniversário do Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Velha, assinou-se o Memorando de Entendimento entre o Estado Português, Turismo de Portugal, IP, e o Município de Idanha-a-Nova, para a requalificação e aproveitamento turístico da Casa de Marrocos, no âmbito do Projeto Revive. Este foi um momento simbólico, para a comunidade e para todos nós, tendo sido possível vislumbrar o respeito e a importância que aquele edifício assume na história e na identidade daquela população. Mas, acima de tudo, foi visível o entusiamo e a esperança de “o” ver devolvido, com maior dignidade e com a capacidade de gerar valor.

Património e Turismo. Um dos principais vetores do desenvolvimento de qualquer país, região e/ou comunidade. A isto, acrescente-se “sustentabilidade”, e teremos o garante de uma fórmula de sucesso.

* Presidente da ERT Centro de Portugal