Oposição cabo-verdiana quer saber se Governo quer fechar TACV

O maior partido da oposição cabo-verdiana, PAICV, questionou hoje o Governo se pretende apenas privatizar ou se tem algum “plano escondido” para fechar a transportadora aérea TACV, que passa por dificuldades financeiras e será reestruturada, noticiou hoje a agência Lusa.

“O Governo pretende apenas privatizar os TACV ou existe algum plano escondido de fechar as portas da empresa”, questionou, em conferência de imprensa, Rui Semedo, membro da Comissão Política e deputado nacional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV). O maior partido da oposição cabo-verdiana colocou a questão após as últimas notícias sobre a companhia de bandeira do arquipélago, que dão conta, entre outras, que o Governo vai avançar com um plano de reestruturação que vai implicar despedimentos.

Na quarta-feira, o representante da União Europeia em Cabo Verde, José Manuel Pinto Teixeira, disse que a situação da companhia aérea “é insustentável” e poderá pôr em causa o financiamento ao país de alguns parceiros do Grupo de Apoio Orçamental (GAO). O representante lembrou que a TACV, que enfrenta dificuldades financeiras e será alvo de um plano de reestruturação com vista à sua privatização, é um “problema crónico”. Sublinhando que a TACV é “um património de todos os cabo-verdianos”, Rui Semedo lembrou que durante a campanha eleitoral o Movimento para a Democracia (MpD) prometeu soluções para a companhia, tendo substituído o conselho de administração. Mas afirmou que “desconhecem-se outras soluções para resolver os problemas reais da empresa”.

“O PAICV entende que é chegada a hora de conhecer até onde vai a criatividade do Governo do MpD na apresentação de soluções que garantam tranquilidade aos trabalhadores, segurança aos cabo-verdianos e viabilidade à empresa”, continuou.

A companhia área, com mais de 50 anos, é detida a 100% pelo Estado, custa um milhão de euros por mês aos contribuintes cabo-verdianos e, desde 2012, tem uma dívida de mais de 10 milhões de euros.

O PAICV pediu ainda ao Governo liderado por Ulisses Correia e Silva para esclarecer os cabo-verdianos que tipo de reestruturação será feita na companhia aérea, qual o plano que a suporta e quando será compartilhado com os cabo-verdianos.

Na quarta-feira, o ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, disse que o plano de reestruturação só será apresentado quando estiver concluído na totalidade. “Afinal, vão ou não ser despedidos trabalhadores e qual o número verdadeiro de despedimentos”, voltou a questionar Rui Semedo, referindo que nos jornais já se fala que serão 150 trabalhadores a serem despedidos e que a TACV tem 300 trabalhadores a mais.

Por isso, o PAICV quer saber “com a urgência necessária” também quais são as garantias que serão asseguradas aos trabalhadores “que investiram uma vida inteira nos TACV”. Rui Semedo indicou que o grupo parlamentar do PAICV vai sugerir uma audição parlamentar, para o Governo informar os contornos do processo da TACV, que considera ser “delicado”.