Budapeste, capital da Hungria, é o destino perfeito para uma escapada em qualquer altura do ano, e três ou quatro dias são suficientes para conhecer o melhor da cidade das 11 pontes, e aguçar o apetite para poder voltar mais tarde. Foi o que a Ambitur fez, a convite do Grupo Hotusa. Instalados no majestoso Aurea Ana Palace, localizado no lado Peste, explorámos as duas margens que o rio Danúbio teimou em separar durante muitos anos mas que hoje estão mais unidas do que nunca, completando-se para uma experiência de história, cultura e gastronomia que não é indiferente a ninguém.
Depois de nos dedicarmos a explorar a história e majestosidade do lado Buda de Budapeste, chegou agora a vez de visitarmos o seu lado Peste. Este é, sem dúvida, o lado mais plano da cidade húngara, sendo por isso mais apetecível de conhecer a pé. Foi o que fizemos a partir da nossa base, o Áurea Ana Palace, dos Aurea Hotels, uma unidade de 5* que nasce num palácio húngaro do século XIX e que nos permite mergulhar na magia desta cidade boémia, cultural e elegante. Localizado no coração da cidade velha, no n.º 15 da Rua Akadémia, dali partimos então com o Parlamento de Budapeste já no horizonte. E em menos de 10 minutos ali estamos, naquele que é considerado o maior edifício da Hungria e, lado a lado com o Castelo, um impressionante cartão postal da cidade.
Instalado à beira do rio Danúbio, é atualmente um dos maiores parlamentos do mundo e, na época da sua construção, entre 1884 e 1902, foi a maior obra, dominando hoje a paisagem do lado Peste. Um domínio que é explicado por números como as cerca de 1000 pessoas que terão estado envolvidas na sua edificação, ou dos 40 milhões de tijolos, meio milhão de pedras preciosas e 40 Kg de ouro que se estima terem sido usados, ou ainda das 700 salas e gabinetes, ou 27 entradas que o compõem. Há quem se fique (só) pela visão majestosa do exterior deste edifício – poderá tirar as melhores fotografias se estiver do lado Buda, ou mesmo ao fazer um cruzeiro pelo Danúbio. E aqui poderá admirar o estilo neogótico marcado por torres e arcos brancos, e com paredes decoradas por 242 estátuas de monarcas húngaros e comandantes militares. São 268 metros de comprimento cheios de detalhes, que obrigam a que o edifício esteja quase sempre em renovação. Algo que é visível no seu excelente estado, aliás como em quase todos os monumentos da cidade.
Nós tivemos a sorte de poder conhecer também o seu interior e não nos desapontámos. Muito pelo contrário, é um ponto de paragem obrigatório, que merece ser reservado com antecedência (pode fazê-lo no site próprio) para não correr o risco de não entrar. A visita tem a duração de 45 minutos, e está disponível com guia áudio em mais de 20 línguas (incluindo o Português), levando-nos a passar por espaços fundamentais, desde logo a magnífica escadaria do século XVII, uma das 28 que integram este complexo e que nos abre a porta a esta visita. Nesta escadaria banhada a ouro são várias as estátuas, vitrais e frescos decorativos que fazem as delícias dos visitantes e das câmeras dos telemóveis. Daqui é possível ter uma vista limpa sobre a Praça Kossuth Lajos, onde se encontra a estátua do herói nacional Ferenc Rákóczi II. Outro momento especial no Parlamento da Hungria é o Old Upper House Hall, o salão onde se realizam conferências e reuniões locais, e que em tempos abrigou a assembleia nacional. Mais uma vez o ouro domina a decoração, bem como os painéis de carvalho eslavos, com as cadeiras dispostas em forma de ferradura a partir de um púlpito de carvalho central. Atrás deste púlpito são visíveis pinturas de brasões de famílias reais húngaras e, são vários os murais que retratam o papel histórico da nobreza. Daqui passamos para o Upper House Lobby, um longo corredor ladeado por esculturas que preservam a memória de grupos nacionais húngaros antigos e do seu artesanato.
O coração do edifício é a Dome Hall, onde estão guardadas as Joias da Coroa, nomeadamente, a Coroa de Santo Estêvão e o Cetro Real, as peças de coração mais antigas da Europa, e que são vigiadas por membros da Guarda Real 24 horas por dia. No topo, impõe-se a grandiosa cúpula com 96 metros de altura, sustentada por 16 pilares com vitrais coloridos, todos eles com estátuas em pedestais de ouro e um brasão em honra de 16 antigos reis da Hungria.
A destacar ainda a grande escadaria com 96 degraus revestidos a tapete vermelho que nos conduzem ao Dome Hall e que não deixam ninguém indiferente. A grande “estrela” deste espaço é a coleção de oito colunas de granito, com cerca de quatro toneladas, bem como os vitrais ornamentais de Miksa Róth ou os frescos no teto do pintor Károly Lotz.
É verdade que o Parlamento de Budapeste poderia preencher, por si só, uma única reportagem, tal é a riqueza deste edifício e o que podemos visitar. Mas o lado Peste de Budapeste não é só o Parlamento. Há muito mais para conhecer.
A não perder em Budapeste…
Bem perto do Parlamento, não estranhe ver os sapatos à beira do rio. É o memorial “Sapatos na Margem do Rio Danúbio”, feito de sapatos de bronze, que homenageia as vítimas assassinadas a tiro por militares da Cruz Flechada, um partido nazi e antissemita húngaro, que receberam a ordem de tirar os seus sapatos antes de serem mortas.
Ali próximo, a Praça da Liberdade é um ponto de passagem interessante, tendo sido construída no local onde o Primeiro-Ministro Lajos Batthyány foi executado, em 1849. Rodeada de edifícios Art Nouveau, aqui também se encontra um monumento soviético em homenagem aos húngaros que faleceram durante o domínio nazi, assim como uma estátua dedicada a Ronald Reagan.
Não perca a Basílica de Santo Estêvão, cujas torres e cúpula são já visíveis da Praça Elisabeth, assim designada como homenagem a Sissi, a mulher do imperador Franz Joseph. Este é também um dos edifícios mais altos da cidade, com 96 metros de altura, e a maior igreja da Hungria. Se quiser aventurar-se a subir os 364 degraus que o levam ao topo da cúpula (também há elevador disponível), por certo não irá arrepender-se as vistas sobre o Danúbio e o Castelo. Na capela encontrará a múmia do Rei Estêvão I, primeiro rei da Hungria e fundador da igreja, uma das relíquias mais importantes da Cristandade do país.
Se quiser conhecer o comércio local e fazer algumas compras, poderá sempre passear pela Rua Andrassy, também conhecida como os Champs Elysées húngaros. É aqui que também se situa a casa de Ópera de Budapeste, em estilo neorrenascentista e alguns elementos barrocos, que em tempos funcionou como Ópera Real Húngara.
À noite, e uma vez que o lado Peste da cidade é garantidamente mais animado, com os seus muitos restaurantes e bares, a proposta vai para que passe pelos famosos “ruin bars”, bares emblemáticos localizados em antigos edifícios abandonados. O Szimpla Kert é um exemplo, situado no bairro judaico conhecido por bairro 7, e que além de funcionar como bar, é também um centro comunitário, com música ao vivo, galerias de arte, exibições de cinema, entre outros. Outro bar muito procurado por jovens e turistas é o Kuplung, no bairro 6, com concertos ao vivo quase todas as noites.
Um mergulho nas águas termais de Budapeste
Em Budapeste, seja qual for a altura do ano, não deixe ainda de dedicar umas horas a um mergulho de relaxamento nas águas termais desta cidade, uma tradição muito popular para os locais e que se tornaram um local turístico. A verdade é que, noutros tempos, Budapeste foi conhecida como a cidade das termas, e ao longo da cidade existem mais de 100 nascentes termais e vários banhos públicos.
Claro que quisemos experimentar e fomos conhecer as Termas de Széchenyi, que remontam a 1913 e são parte importante do património cultural e natural de Budapeste. Não se esqueça de levar os seus artigos de higiene pessoal, toalhas, chinelos e roupão, e prepare-se pois se for nos meses de inverno, o frio poderá querer fazê-lo desistir, mas não tema pois vale muito a pena e é um momento de diversão e relaxamento inesquecível.
Neste que é o maior complexo termal da Europa, e um dos mais populares de Budapeste, existem 15 piscinas térmicas internas e três externas, sendo que a água do Széchenyi Spa tem propriedades medicinais e curativas. Aberto durante todo o ano, são muitos os serviços de spa e massagens disponíveis, incluindo uma das duas únicas termas de cerveja da cidade, que não podemos conhecer por já se encontrar fechada. A temperatura da água é sempre convidativa e promete fazê-lo esquecer do frio ou mesmo neve que o esperam lá fora. É uma ótima maneira de nos despedirmos de Budapeste com o corpo e coração quentes, descansados e prontos para voltar não uma, mas várias vezes.
Uma estadia “real” no lado Peste
Durante toda a nossa estadia em Budapeste, podemos desfrutar da arte de bem-receber do Grupo Hotusa, que nos instalou no Áurea Ana Palace Hotel, unidade de 5 estrelas dos Áurea Hotels. CA unidade é composta por dois edifícios, sendo que o mais antigo, localizado na Rua Akadémia, 15, foi construído em estilo neoclássico e serviu de edifício residencial até 1920. O edifício nº 17, construído em 1894, durante o reinado do Imperador Franz Joseph I, foi projetado como sede da delegação austríaca. Após a I Guerra Mundial e o colapso do império, o edifício sedeou o Partido Nacional Socialista e o Partido Comunista.
Quem já conhece a história da Imperatriz Sissi não ficará por certo indiferente a este hotel, todos ele dedicado à célebre mulher de Franz Joseph. Uma homenagem visível nos grandes retratos da Imperatriz nos armários de todos os quartos, ou nos escudos do Império Austro-Húngaro visíveis no teto da sala principal, que tem o seu nome e hoje alberga o restaurante do hotel. Sissi foi umas das figuras mais famosas da época, frequentando os bailes e as reuniões palacianas de Budapeste do século XIX. E ao percorrermos os pisos deste hotel podemos vislumbrar descrições de vários episódios da sua vida.
A recuperação destes dois imóveis históricos manteve as formas e cores originais, reconstruíndo algumas partes que se deformaram com o tempo, mas preservando elementos arquitetónicos, tanto em pedra como em pedra artificial ou reboco. Também as fachadas e a ala do pátio são uniformes no estilo do historicismo.
O Áurea Ana Palace Hotel conta com 107 quartos, 55 dos quais suites ou suites júnior. Conta ainda com restaurante, fitness centre, Spa e cinco salas para eventos.
Por Inês Gromicho
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