Após a pandemia o Algarve tem outro desafio pela frente que é o inverno. Embora o turismo sénior, maioritariamente inglês, seja fundamental para a região durante a época baixa, o administrador do Dom José Beach Hotel, João Soares, confia que os “ingleses vão ser os primeiros a regressar”.
Durante a 1.ª Tourism Talks, da Message in a Bottle, João Soares começou por notar que “arrancamos todos do zero” após a pandemia e que o Algarve não é exceção. Pelo contrário, enfrenta o problema da sazonalidade, pelo que pós-Covid “tem logo outro desafio a seguir que é o inverno”. Durante a época baixa, o administrador do Dom José Beach Hotel, dá conta que a região é ocupada para congressos e incentivos, golfe e pelo turismo sénior. Os eventos atraem grandes aglomerados populacionais pelo que vão sentir “dificuldades”, no golfe “existe uma competição muito grande com outros destinos”, na medida em que o desporto é considerado “muito caro” no Algarve, e finalmente no que respeita ao turismo sénior, maioritariamente inglês, existe a a preocupação de que os idosos são constituem o principal grupo de risco desta pandemia. No Dom José Beach Hotel cerca de 44% da ocupação é mercado inglês e, entre outubro e maio, 50% é mercado sénior.
Porém, João Soares quer acreditar que “o Algarve será o menos penalizado se houver uma pequena retoma”, este verão, por ter sido sempre o “grande destino turístico dos portugueses” e por ser a “zona mais quente do país”. Segundo o hoteleiro, o Algarve tem “oferta e maturidade turística” e “pode apostar em várias coisas”.
Os apoios “não são suficientes”
O administrador do Dom José Beach Hotel não tem dúvidas de que “a retoma vai ser muito lenta” e preocupa-se, sobretudo, com a “articulação e rapidez do setor público” para responder às exigências que serão colocadas. Por outro lado, confia que o setor privado irá conseguir faze-lo rapidamente. João Soares defende que “os apoios não são suficientes” e que “tem de haver sinais muito mais fortes da parte do Estado e do Governo” na medida em que “o dinheiro ainda não chegou às empresas” e “é insuficiente quatro anos para pagar estas linhas de apoio ao setor”, sendo um ano é de carência, pelo que o financiamento “deve ser revisto”.
Recuperar os mercados históricos para o destino
Antes de se reinventar o destino é essencial “perceber o que vai acontecer”, nomeadamente, de que forma vão ser apoiadas as companhias aéreas que levam os turistas até ao Algarve, reflete o responsável. João Soares informa que o Dom José Beach Hotel fechou 2019 com 90% da ocupação durante todo o ano e que tem vindo a crescer todos os anos. Numa nota positiva, refere que os clientes que tinham reservas para o 1.º trimestre de 2020, alguns foram até repatriados por causa do vírus, deixaram mensagens de apoio e afirmaram voltar ao hotel. O hoteleiro considera que “os ingleses [o seu principal mercado] têm uma capacidade de retoma e de rapidez completamente diferente” e que serão os primeiros a regressar.
João Soares defende que se deve apostar em “recuperar os mercados que são históricos para nós”, como o inglês, alemão, holandês e o espanhol. Esses que são “naturalmente os nossos mercados” pelo que serão mais fáceis de reconquistar porque “já conhecem o destino”. Numa fase posterior, avança-se para mercados emissores mais recentes. Mas, para isso, é preciso incentivos.