“Os principais prejudicados serão os empresários” na crise que se avizinha

Num quadro marcado pela incerteza, a secretaria de Estado do Turismo fez um exercício, no qual foi estimado que, em média, “as empresas do setor terão este ano uma quebra de 50% da faturação face a 2019”. Nesta quebra, é fundamental perceber que, no setor do turismo, existem “400 mil trabalhadores, cerca de 132 mil empresas registadas e, destas, 74% são empresários individuais”, indica Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, durante a sua intervenção no 3º Fórum de Turismo Visit Braga, que teve lugar na passada sexta-feira. Face a estes números, a governante ressalta que a “diversidade é brutal: temos empresas que faturam mais de um milhão de euros e muitas que faturam muito menos que um milhão de euros, assim como há empresas com vários postos de trabalho e outras com um posto de trabalho”, neste caso, apenas o sócio-gerente, acrescenta. “As médias são sempre muito diferentes”. Por isso, há aquelas que “terão menos choque e outras empresas que terão mais do que 50%”, afirma.

Não restam dúvidas de que muitas áreas serão afetadas mas há subsetores que notam mais “incertezas do que certezas”, como é o caso da organização dos eventos: “Não sabemos quando é que podemos voltar a ter eventos e como serão os do futuro”, avança Rita Marques. Também o setor da restauração e similares é muito “fustigado: vão abrir com metade da capacidade e os modelos de negócio podem não ser viáveis”. Os grandes hotéis das cidades também são motivo de interrogação: “A tendência passará muito pelo turismo de natureza”, acredita a governante, destacando a necessidade dos Governos e empresários se adaptarem à “nova realidade”.

Com uma visão otimista, a secretária de Estado diz que, “confiando que teremos nos próximos dias uma resposta idêntica àquela que demos nos últimos dias no que toca à saúde pública, temos que acreditar que vamos dar a volta”.

Por seu turno, Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo de Portugal (CTP), atenta que, no geral e numa quebra de 50%, a “amálgama” é muito diferente: “Tem meses como, por exemplo, janeiro, que foi 110%, como abril, que são 10%, e terá meses como novembro com 70%”. Para Calheiros, há uma certeza: “Ninguém assistiu a uma crise como estas. Que se desengane quem pensar que não vão haver muitas falências e muito desemprego” avisa o responsável, acrescentando que “os principais prejudicados serão os empresários”.

Veja o Fórum aqui:

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* O 3º Fórum de Turismo Visit Braga realizou-se na passada sexta-feira, dia 8 de maio, e debruçou-se sobre o tema “Os desafios pós-pandemia no turismo”. Foi uma iniciativa da Câmara Municipal de Braga, em parceria com a Associação Comercial de Braga e o Visit Braga, e teve como moderador Pedro Chenrim, diretor da Ambitur.