“Os recursos naturais ou são activos turísticos ou escapam ao ritmo do sector”

Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, esteve presente na Conferência Consumo Sustentável: O poder do Consumidor dos Green Project Awards, na Fundação Calouste Gulbenkian,&onde falou sobre Turismo Sustentável e a importância de estreitar relações entre o sector do Turismo e o do Ambiente, e como esta articulação pode dar resposta à procura por turismo de natureza e reduzir a sazonalidade.

 

“Os recursos naturais ou são activos turísticos ou escapam às vontades e aos ritmos do sector do turismo”, afirmou, apelando à necessidade de perceber como “tornar os recursos naturais em activos turísticos de tal forma que o turismo contribua para a sua preservação e não seja um inimigo ou mau estar”.

 

O SET apelou à cooperação entre os dois sectores, justificando que não só o turismo pode ajudar o ambiente financeiramente e tecnicamente, como o ambiente pode ajudar o turismo a responder a uma procura crescente relativa ao turismo associado à fruição dos recursos naturais. Prevê-se que, no próximo ano, 40 milhões de viagens sejam feitas só por mercados emissores europeus com motivações relacionadas com a natureza. “E já para não falar da enorme dependência que o nosso principal produto turístico, sol e praia, tem relativamente aos recursos naturais. Não podemos promover uma praia se o mar não estiver em condições de ser banhado, não podemos promover monumento se ele não estiver em condições de ser aberto ao publico, não podemos promover um destino rural se foi destruído por um incendio, a preservação dos nossos recursos é fundamental, não apenas porque perderíamos a nossa vantagem competitiva, como perderíamos recursos insubstituíveis que necessitamos para a nossa actividade turística” &Adolfo Mesquita Nunes reitorou que esta tendência de procura destes produtos tem vindo a crescer porque não só há uma maior consciência ambiental, como há uma preferência maior por destinos de viagens não massificados e por férias activas, uma procura mais por experiências do que hotelaria.”

 

A fruição dos recursos naturais contribui directamente para um problema que Portugal enfrenta em termos turísticos que é a sazonalidade, na medida em que oferece produtos todo o ano e estabilidade económica para os agentes do sector”. Referiu ainda algumas boas práticas ambientais a serem aplicadas cada vez mais pelos hotéis, como a energia solar para aquecimento de água, os temporizadores nas torneiras, mudar toalhas apenas a pedido ou ar condicionado eficiente. “É preciso que de um lado e do outro nos concentremos no que em conjunto pode ser feito”, disse, apelando a uma estratégia integrada. “A longo prazo os meios de conservação vão escassear e vai ser necessário o turismo. É preciso que os dois sectores comuniquem melhor e encontrem espaços de actuação conjunta num clima de confiança e não de desconfiança”.

 

Mesquita Nunes referiu ainda que a sustentabilidade tem estado na base das políticas públicas de turismo e que a prioridade para os próximos anos será a eficiência energética e a conservação da água numa abordagem conjunta do governo.