O tema dos Recursos Humanos nunca foi tão “quente” como nos dias de hoje. E a hotelaria é um dos segmentos do turismo que mais sente na pele a escassez de pessoal, sobretudo depois de dois anos em que uma pandemia veio alterar as ambições e possibilidades profissionais de muitos que poderiam depositar neste setor o seu talento. Ambitur falou com oito das principais cadeias hoteleiras em Portugal e com quatro prestigiadas unidades independentes, e quis saber de que forma estão a lidar com as dificuldades de captar e reter talento. Destacamos hoje a perspetiva da Azoris Hotels & Leisure, através das palavras de Paulo Limão, diretor geral das unidades do grupo.
Com três hotéis nos Açores, nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial, a Azoris Hotels & Leisure contava, em 2020, antes da pandemia, com 196 colaboradores e, no início do verão, seriam 200, “a esmagadora maioria com vínculo efetivo”, frisa o responsável. E explica que, durante os dois anos de crise Covid-19, “mantivemos todos os postos de trabalho e começámos a preparar a retoma, que acreditamos que seja plena já em 2023”. No que se refere ao pessoal, a cadeia hoteleira prevê uma estabilidade com possibilidade de um ligeiro aumento nos próximos anos devido “à melhoria contínua do nível de serviço que procuramos sempre ter”.
Tal como várias outras cadeias hoteleiras nacionais, esta também se depara com dificuldades de recrutamento de pessoas com formação e competências sólidas nas áreas operacionais, ou seja, F&B, cozinha/pastelaria e mesa/bar, mas também no housekeeping. “Existe claramente um défice destes profissionais no mercado e o ritmo de formação de novos profissionais não acompanha as necessidades do setor, situação que prevemos se continue a agravar com o crescimento da oferta de quartos, sem que exista o necessário acompanhamento em termos de disponibilidade e formação de mão-de-obra”, diz Paulo Limão.
[blockquote style=”1″]”Existe claramente um défice destes profissionais no mercado e o ritmo de formação de novos profissionais não acompanha as necessidades do setor, situação que prevemos se continue a agravar com o crescimento da oferta de quartos, sem que exista o necessário acompanhamento em termos de disponibilidade e formação de mão-de-obra”.[/blockquote]
Para a Azoris Hotels & Leisure é, antes de mais, essencial, recrutar bem, ou seja, “garantir que conseguimos atrair pessoas com as competências certas e com potencial de desenvolvimento”, sublinha o diretor geral da cadeia. E acrescenta que, numa fase posterior, é fundamental garantir que os colaboradores “têm as condições necessárias – emocionais e materiais – para crescerem e desenvolverem o negócio, acrescentando valor”. Por fim, há que proporcionar oportunidades de progressão.
[blockquote style=”1″]”o fator determinante será, sem dúvida, a capacidade de liderança das equipas, sendo o papel dos líderes fundamental na construção de uma organização alinhada e robusta, face à proximidade com a sua equipa e capacidade de a influenciar positivamente.”[/blockquote]
O gestor não duvida que “o fator determinante será, sem dúvida, a capacidade de liderança das equipas, sendo o papel dos líderes fundamental na construção de uma organização alinhada e robusta, face à proximidade com a sua equipa e capacidade de a influenciar positivamente. Para reter o talento, concorda que é fundamental uma gestão e alinhamento de expectativas, tendo como bases principais o diálogo aberto. E garante que “uma cultura da empresa em que os colaboradores se revejam é essencial para que a motivação exista e apenas assim se consegue uma situação win-win para ambos”.
Por outro lado, a questão da remuneração e os difíceis horários de trabalho são dois problemas que são, habitualmente, apontados para justificar a fuga de ativos da hotelaria, mas Paulo Limão acredita que “aumentar a atratividade é obviamente uma questão salarial, mas não se esgota aí”. E defende que é cada vez mais importante as empresas investirem num conjunto de benefícios a atribuir aos trabalhadores. E acredita que é igualmente importante valorizar as carreiras, tornando-as mais “sexy”. “Da mesma forma que um aluno de uma escola de cozinha ambiciona ser um chef com estrelas Michelin, é necessário trabalhar as restantes carreiras operacionais – Mesa/Bar, Andares, Receção”, aponta.
O responsável dos Azoris Hotels & Leisure reconhece a dificuldade que os jovens ativos têm em perceber o setor do turismo como uma alternativa viável e atrativa para as suas carreiras profissionais. “Necessitamos que as pessoas queiram trabalhar no turismo, nos hotéis. De outra forma, este será para muitos um setor de passagem, não por opção, mas por falta dela, o que não serve o propósito de nenhuma das partes”.
O que oferece a Azoris Hotels & Leisure
- Oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional
- Formação contínua
- Qualificação profissional
- Garantias de boas condições de trabalho