Pedro Costa Ferreira: “O setor necessita de união de esforços”

Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, na abertura do 46º Congresso APAVT, em Aveiro, salienta a necessidade da união entre os vários parceiros da atividade turística, de empresas a associações, em prol da resolução de vários temas que impactam nesta.

De acordo com Pedro Costa Ferreira, “apesar desta dimensão e capacidade de intervenção na cena económica, a APAVT está bem ciente da importância da integração em universos mais abrangentes. Os dois mais importantes, a CTP -Confederação do Turismo, em Portugal, e a ECTAA – Confederação das Agências de Viagens, na Europa. Estratégia de integração, com o propósito assumido de juntar e não dividir; de contribuir e não apenas berrar; de construir e não apenas criticar”. Para o responsável “com a firme convicção de que o setor necessita de união de esforços, apesar das diferenças de opinião; de uma resposta comum, que proteja e projete aquilo que nos une, naturalmente muito mais importante do que o que nos separa”.

Considera o orador que “muitas são as razões pelas quais tanto necessitamos de união, de concertação de esforços, de sentido de estratégia”. Em primeiro lugar, Pedro Costa Ferreira relembra a necessidade de se resolver o problema da solução aeroportuária, pois “sabemos que queremos chegar ao ano de 2027 com a performance turística prevista para esse ano, antes da eclosão da crise”. Em segundo lugar, “porque num momento em que as questões relacionadas com a sustentabilidade são decisivas, temos que resolver a questão da ligação ferroviária de alta velocidade, iniciando uma estratégia de resposta perante as dificuldades que rapidamente surgirão, no que concerne a voos de curta duração”, acrescenta. Outro ponto destacado: “numa altura em que, do lado da oferta, flexibilidade será a palavra-chave, temos de desenvolver uma resposta una e coerente, ao longo de toda a cadeia de valor. Não haverá oferta competitiva, se não for flexível; hoje, todos temos de ter a consciência de que é preferível termos reservas que poderão ser canceladas, do que simplesmente não termos reservas”. Em quarto lugar, refere o presidente da APAVT que “precisamos de união e sentido de estratégia, também porque teremos de nos preocupar com a defesa do hub aéreo em Lisboa, e isso não parece possível sem a manutenção de uma TAP com dimensão”.

Se, na opinião de Pedro Costa Ferreira “hoje, vemos o país dividido entre quem sustenta o apoio estatal à TAP e quem o combate, não nos revemos nesta simplicidade de análise”. Para o orador, “desde logo porque o principal desafio do turismo português é o desenvolvimento dos mercados longínquos, que nos trarão mais território turístico e menos sazonalidade. Não cremos que tenhamos êxito nesta tarefa, se não mantivermos o hub, bem como não acreditamos que consigamos manter o hub, se não for através da TAP”. Questiona o responsável: “Por outras palavras, o que é mais caro? Apoiar a TAP, ou regredir 10 anos no setor turístico, com todas as implicações para a economia nacional?” Acrescenta o empresário que “dizer isto, e com isto acreditar que, enquanto país, devemos apoiar a TAP, não é isentá-la da necessidade de gestão rigorosa e resultados positivos, procurando que o apoio seja o menor possível, pelo menor período de tempo possível”. Remetendo a mesma ordem de ideias para a SATA considera que “o mesmo, aliás, deve ser dito da SATA. O papel que esta companhia aérea representa nos Açores dificilmente permitirá, em nosso entender, sermos levianos ou termos um olhar político de curto prazo quanto à necessidade de resolução dos problemas que tenta agora resolver, através de uma estratégia reformadora”.