Pedro Marques: “O acionista Estado está para ficar na TAP”

Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, em entrevista a Ambitur, sobre a TAP, defende que a palavra de ordem é estabilidade e que “o acionista Estado está para ficar, porque esta empresa é demasiado importante para o país”. Em relação a novas ligações, Pedro Marques apenas adianta que há anos defende que Portugal, ou a Europa, tem que ligar-se mais ao mercado imenso do Japão, mas admite não haver ainda nenhuma decisão, embora se mostre totalmente disponível para apoiar essa possibilidade.

Quais as principais missões que o Estado transmitiu ao novo conselho de administração executivo da TAP?
O Estado optou por manter os seus elementos no conselho de administração. A opção é de estabilidade para a TAP, que passou por um período de muita agitação na fase da preparação da privatização. Hoje a empresa tem o Estado presente porque alterámos o modelo de privatização. Tenho a certeza que se não tivéssemos renegociado, hoje estaríamos fora da TAP, como estamos fora de algumas outras empresas que prestam serviços importantes e que nós consideramos essenciais para o país.

No caso da TAP temos 50% da empresa. Isso significa que as grandes decisões estratégicas de desenvolvimento da empresa são aprovadas no conselho de administração. Isto quer dizer que o plano estratégico da TAP de manter uma presença muito regular, por exemplo, na Lusofonia; ou o plano estratégico que respeita à opção estratégica no Brasil e de reforçar e voltar a crescer tanto na ligação à América do Sul no último ano; ou a opção estratégica de desenvolvimento em direção à América do Norte. Todas elas são opções estratégicas em que nos revemos globalmente enquanto acionistas, mas em que o Estado tem uma palavra a dizer muito importante.

A empresa mantém-se como uma companhia de bandeira, não foi e não será descaracterizada. E tem a estabilidade que só a existência de um acionista como o Estado lhe pode dar. O acionista Estado está para ficar porque esta empresa é demasiado importante para o país.

A TAP teve um crescimento extraordinário outra vez em 2017, cresceu mais de 22%, transportou mais de 14 milhões de passageiros e os números que já temos disponíveis de janeiro de 2018 são outra vez muito bons. Voltámos a ter o melhor janeiro de sempre na TAP, o que significa que temos ótimas perspetivas para 2018 e estamos mais uma vez a dar um contributo extraordinário para o combate e redução da sazonalidade em Portugal.

Que futuro vislumbra para a TAP?
A TAP ganhou uma posição absolutamente estratégica nas ligações do continente europeu para a América do Sul. Depois tem esta ligação crítica à Lusofonia. Neste período mais recente fez também um desenvolvimento importante em direção à América do Norte. Isso significa que a TAP se assume como um grande hub na perspetiva da ligação europeia ao continente americano – seja a América do Norte ou do Sul.

A TAP pode afirmar-se como um grande hub, quer nas ligações à Europa quer nas ligações da Europa à América do Norte, América do Sul e África. Este papel da TAP enquanto hub nestas ligações cumpre muito bem o desígnio que é também o do nosso país. Poderá estrategicamente continuar a fazer sentido que este seja o papel da TAP.

Está em condições de anunciar alguma nova ligação a Lisboa?
Não são competências do conselho de administração a definição das rotas da TAP e é sempre a comissão executiva que anuncia esses novos voos.

É sabido que há anos que defendo que Portugal, ou se quiser a Europa, tem que se conseguir ligar mais a esse mercado imenso que é o Japão. E tenho promovido diligências, em particular ao longo do período em que permaneço no Governo com esta responsabilidade, junto da Embaixada do Japão em Portugal ou do ministro dos Transportes e Turismo japonês, mas também das agências de turismo no Japão e das próprias companhias aéreas no Japão, para que possamos obter no futuro essa ligação direta. Não estamos ainda em condições de dizer que essa decisão foi tomada por nenhuma das companhias aéreas japonesas, mas estamos a lutar por isso. Nesta última interação que tive com uma das grandes agências turísticas do Japão, a JTB, deram-me a indicação de que têm expectativas de crescimento significativas dos passageiros em direção a Portugal, embora ainda tenham que o fazer nesta fase com ligação indireta. A conclusão recente do acordo comercial entre a Europa e o Japão, concluído em dezembro de 2017, também é um fator muito positivo, porque estou convencido que aproximará muito mais as economias. Portanto diria que a questão da ligação aérea há-de ser um ponto que há-de decorrer deste reforço das relações económicas e turísticas, mas tem que ter também um impulso importante, e estamos preparados para apoiar essa possibilidade, se ela vier a acontecer, como o que fizemos noutras rotas, no sentido da promoção da utilização dessa rota.

A entrevista pode ser lida na íntegra na edição 308 da Ambitur.