Penamacor Vila Madeiro

Vem de mansinho com o avançar da estação. Sente-se nos aromas que se evolam das florestas húmidas, nos cheiros que se desprendem dos telhados, no brilho das luzes, no calor do fogo. Tudo sensações que se multiplicam e se ampliam com o aproximar da data. E há um frémito que percorre os corações dos homens, mulheres e crianças. Uma leve ansiedade que não ensombra, antes ilumina corações e almas, desejosas do encontro e da celebração. É o Natal!, com todas as suas tradições! E aqui, em Penamacor, temos a maior tradição, temos o maior Madeiro de Portugal!

madeiroMadeiro, a chama da tradição
Todos os anos, com o aproximar do Natal, por todas as freguesias do concelho, os jovens em idade de cumprir o serviço militar reúnem-se para cortar e transportar os troncos que alimentarão a fogueira do Menino Jesus.

7 de Dezembro é o dia em que os jovens de Penamacor vão para a floresta e abatem as árvores secas ou afetadas por doença, previamente marcadas pelos doadores. Nessa noite, no campo, acontece o primeiro grande momento da saga do Madeiro, com os amigos e população a juntarem-se ao arraial montado em redor de uma generosa fogueira. O vinho corre pelas gargantas e os cânticos elevam-se ao céu em torno das chamas crepitantes. A animação segue até de madrugada entre um copo e uma febra grelhada, para que o ânimo não esmoreça e as forças não faltem de manhã, quando chegar a hora de carregar e transportar o Madeiro para a Vila. Ao início da tarde do dia 8, a multidão acorre à rua para saudar o cortejo de tractores e camiões, com os jovens do ano empoleirados nos troncos, cantando e dando hurras acompanhados à concertina.

O grande monte de madeira é então depositado no adro da igreja e aí ficará até à noite do dia 23, pronto para ser ateado. É o momento de grande apoteose: é a chama e o calor do maior Madeiro de Portugal a iluminar e a aquecer o Natal beirão.

Por cá, a tradição ainda é o que era.