Pilotos da TACV preocupados com futuro da empresa

Os pilotos da Transportadora Aérea de Cabo Verde (TACV) manifestaram-se hoje preocupados com a situação atual e futura da empresa, por causa das dívidas, cancelamento de voos e falta de informação, e pedem soluções ao Governo, indica a agência Lusa. “A situação atual (da TACV) preocupa a todos, não só a classe dos pilotos, mas também qualquer trabalhador”, assumiu Ricardo Abreu, porta-voz do sindicato que representa os pilotos da companhia aérea cabo-verdiana.

O representante dos pilotos falava à imprensa após uma delegação do sindicato ter sido recebida pelo presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, a quem foram expor as suas preocupações por causa da situação atual da companhia de bandeira cabo-verdiana. A comunicação social cabo-verdiana divulgou esta semana uma carta em que o próprio presidente do conselho de administração, João Pereira Silva, assumiu as dificuldades da empresa, mas tranquiliza os profissionais dizendo que a administração está a fazer tudo para recuperar a empresa, “principalmente na sua componente financeira”.

Para Ricardo Abreu, a carta já não é novidade, e disse que são coisas que remontam de muitos anos, mas que agora os profissionais querem é uma solução para o futuro.

Sem avançar muitos dados sobre o que se passa com a TACV, o representante de 52 dos cerca de 60 pilotos da empresa espera que o Governo dê um futuro à transportadora porque, disse, a situação atual afeta a todos. “Estamos preocupados com o nosso futuro e não com a política (…) a situação afeta qualquer um, qualquer trabalhador que não sabe o futuro da empresa, o dia de amanhã”, lamentou Ricardo Abreu, após o encontro de quase uma hora com o presidente do MpD.

Ulisses Correia e Silva disse que, por causa da “má gestão”, a TACV está nunca situação de “descalabro financeiro, económico, de quebra de imagem e com futuro comprometido”. “Nunca a TACV esteve pior, está péssima”, avaliou Ulisses Correia e Silva, considerando que se caminha para a “falência técnica” da empresa. “Precisamos que o Governo seja claro e assuma as suas responsabilidades”, prosseguiu o líder partidário, indicando que a TACV tem um passivo corrente de 10,9 mil milhões de escudos cabo-verdianos (98,8 milhões de euros) e seis milhões de euros de divida de leasing.

Para Ulisses Silva, há um quadro “intencional” para criar dificuldades para que a empresa se mantenha no mercado. “Por isso, esta preocupação dos profissionais da TACV é legítima e nós compartilhamos porque estamos a falar de uma empresa de bandeira, que deverá estar em condições de representar o país para que a própria economia cabo-verdiana seja operacionalizada”, referiu. O presidente do MpD espera que a “indefinição em relação ao futuro” seja resolvida antes das eleições legislativas, que deverão acontecer no primeiro trimestre do próximo ano.