Porto e Norte: “Estamos a acelerar a estruturação de novos produtos e a maximizar a venda do destino no TOP 10 dos mercados”

O país já começou a desconfinar mas as dificuldades para o setor do turismo ainda estão longe de terminar. Ambitur.pt continua a falar com as várias regiões nacionais para saber quais os desafios que enfrentam neste momento e como planeiam estruturar a sua ação ao longo deste ano, perante a pandemia da Covid-19. Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), reconhece que os desafios hoje são transversais a todas as regiões turísticas do país, e mesmo do mundo. E diz que, se a evolução da crise sanitária for favorável, há que continuar a apostar na criação de uma perceção de segurança, algo fundamental para o turista decidir o seu destino. No que diz respeito à entidade que lidera, o responsável explica que desde logo percebeu que esta seria uma crise “sem precedentes” pelo que logo começou a agir. Numa primeira fase, no apoio às empresas e, num segunda fase, a preparar o futuro, ” que nos coloca novos desafios e nos obriga a ser muito assertivos nas opções que vamos tomar, para que o destino continue a estar na preferência da procura”. E mostra-se otimista, esclarecendo que, neste momento, “estamos a adaptar a oferta aos novos tempos e a implementar o nosso plano de reerguer o turismo da região, delineado para dois anos”. Para isso, complementa, será essencial repor a conectividade aérea nos níveis de março de 2020 para que a estratégia de internacionalização, pela digitalização da oferta, tenha os frutos desejados. “Estamos a acelerar a estruturação de novos produtos de acordo com a nova procura e a maximizar a promoção e venda do destino no TOP 10 dos mercados“, avança Luís Pedro Martins. E revela que espera, em breve, poder propor um plano de estímulo do território com eventos turísticos que projetem internacionalmente o destino, bem como cruzar diferentes motivos de consumo nos quatro subdestinos do Porto e Norte de Portugal: Porto, Minho, Douro e Trás-os-Montes.

No que diz respeito à estruturação de produtos que respondam à nova procura, o Turismo do Porto e Norte está a trabalhar no sentido de “organizar a oferta turística dos produtos estratégicos, de crescimento, de aposta e de atuação seletiva na nossa região”. Destaque, por exemplo, para a estruturação do produto wellness, promovido sob a nova marca “Termas do Porto e Norte”; a Rota dos Vinhos e do Enoturismo; a certificação dos Caminhos de Santiago; a estruturação das road trips N103 e N222; ou o turismo industrial.

Luís Pedro Martins faz questão de destacar também a promoção acelerada do produto de aposta para 2021, o MI (Meeting Industry), bem como a reposição da atração dos city and short breaks, “tão importante pelo potencial efeito de arrastamento da forte marca que é o Porto”.

Já no campo da gestão e do marketing do destino, está a ser redesenhada a marca Turismo do Porto e Norte, acompanhado de um Masterplan de Gestão e Desenvolvimento Turístico, e do respetivo Plano de Marketing Turístico. A entidade está igualmente a desenvolver as bases do sistema de business intelligence da região, que tem a intenção de candidatar à rede de observatórios da Organização Mundial do Turismo. Bem como a ultimar o novo Porto de Turismo do Porto e Norte, que apoiará o planeamento e a reserva de experiências.

O responsável confirma que a campanha “O Norte Lá em Cima” tem sido um sucesso e que já no passado verão, quando se dirigiu sobretudo ao mercado nacional, apresentou resultados “muito interessantes”. “Estamos agora com a internacionalização da campanha desde o início do corrente ano, acreditando que alguns mercados internacionais podem chegar até nós nesta época alta que se avizinha”, confidencia ao Ambitur.pt. A campanha está a decorrer nos mercados emissores de Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Reino Unido e, tal como em julho de 2020, continua com enfoque nos meios digitais.

Em fase de conclusão está a nova campanha de “warm up” para a época alta de 2021, com o objetivo de “posicionar o nosso destino no top of mind da procura turística deste ano, desejando que seja relativamente melhor do que em 2020 no que diz respeito ao mercado internacional, mas que ainda assim terá no mercado interno e alargado a maior quota”, explica Luís Pedro Martins. E acrescenta que o TPNP está ainda a trabalhar na criação de novas ofertas “impactantes”, trabalhando em cima dos insights recebidos da campanha de 2020 e das ferramentas de medição da reputação online do destino, “que nos ajudam a afinar o perfil e comportamento da procura”.

“Um verão melhor do que o anterior”
Com base nos dados de que dispõe, Luís Pedro Martins assume ter a perspetiva de “um verão melhor do que o anterior”. Em 2020, por essa altura, os números registados foram “interessantes”, diz, mas adianta que já tem indicadores de que este ano será “um pouco melhor”, com o mercado nacional a dominar mas com os mercados tradicionais a chegarem com mais força através de reservas “last minute”, “isto se a pandemia der algumas tréguas”, assume.

Destaca aqui o mercado de maior proximidade, espanhol. E garante que o Porto e Norte de Portugal tem “vantagens competitivas em áreas como o Turismo Rural ou o Enoturismo, que podem captar o turista espanhol que procura experiências ao ar livre”. Também o mercado francês poderá dar sinais de “retoma moderada”. E o responsável acredita que, no final do verão e início do outono, alguns mercados de curta distância, nomeadamente os nórdicos e alemães, irão intensificar a procura. Por outro lado, lembra que “o mercado brasileiro irá retomar a sua procura assim que as rotas aéreas sejam repostas” pois “a vontade de viajar é muita”. Em 2019, o mercado brasileiro foi o terceiro emissor do destino. Ou seja, resume, “as perspetivas são relativamente animadoras“.

Luís Pedro Martins recorda porém que as empresas turísticas têm, neste momento, “a tesouraria depauperada” pois não faturam e não têm mais capacidade para se endividar, pelo que “necessitam urgentemente de apoios a fundo perdido e medidas a montante”, tais como a redução temporária do IVA. “As empresas de organização de eventos, as de animação turística, os agentes de viagem estão praticamente sem faturar há um ano”, aponta e, estando agora à porta da única época alta ainda possível em 2021, o responsável lembra que é também “a reta final de poder dar o apoio que as empresas necessitam para abrirem as portas e fazerem o que sabemos fazer melhor, receber de braços abertos”.