Porto e Norte quer reforçar conectividade aérea como estratégia de crescimento em valor para a região

O reforço da conectividade aérea ao Porto e Norte bem como da mobilidade ferroviária e a sua conexão ao mercado espanhol, em particular com as regiões da Galiza e Castela e Leão, são duas das principais linhas de atuação para o Turismo do Porto e Norte. Projetos estruturantes para o destino e para os quais o presidente da Associação do Turismo do Porto, a agência regional de promoção turística, pede o empenho do Governo.

A questão da conetividade aérea é, aliás, uma bandeira da região, que reivindica para o aeroporto Francisco Sá Carneiro um outro olhar, não só com uma maior aposta da transportadora nacional, mas também na captação de novas companhias e rotas, permitindo, assim, atrair mercados emissores de alto rendimento, uma das condições essenciais para a atração de segmentos de procura com maior rendimento: “Contamos com o Ministério das Infraestruturas para dar continuidade a projetos estratégicos como a Linha do Douro ou a criação do Fundo para Conectividade Aérea da região, a exemplo do que acontece em outros destinos nossos concorrentes”. Luís Pedro Martins relembra que do grupo de trabalho constituído para desenvolvimento desta matéria “resultou um estudo já entregue ao Governo, sobre o qual aguardamos ansiosamente resposta por parte do Ministério, porque estes existem para além dos mandatos dos ministros”.

Luís Pedro Martins, eleito pela primeira vez para liderar a agência de promoção externa do Porto e Norte, no final de 2020, e agora reeleito para o triénio 2023-2025, frisa que a tarefa que se afigura para os próximos três anos não é fácil, porque as sequelas económicas da pandemia ainda estão bem presentes. “É fundamental que exista uma continuidade das linhas de apoio às empresas”, salientou. É que, adverte Luís Pedro Martins, “as empresas do setor ainda não respiram de alívio e não será certamente no ano de 2023, com um conflito bélico no nosso continente, com a inflação a disparar, com o aumento dos custos das energias e das matérias-primas, que poderão adquirir outra robustez económico-financeira”.

Em outro plano, mostrou disponibilidade para contribuir na discussão da governança das organizações do turismo, inclusive na discussão da Lei n.º 33/2013, que estabelece o regime jurídico das áreas regionais de turismo de Portugal continental, a sua delimitação e características, bem como o regime jurídico da organização e funcionamento das entidades regionais de turismo. “É uma lei que se encontra ultrapassada e que não responde ao que foi o espírito do legislador, até porque as regiões têm provado que podemos percorrer um caminho de maior autonomia administrativa e financeira, sem colocar em risco o alinhamento com a tutela e com o Turismo de Portugal”. “Todas as regiões sem exceção provaram que sabem assegurar e manter esse alinhamento, sabemos que juntos somos mais fortes e que há uma marca que nos une a todos, a marca Portugal”, concretizou.

No discurso de tomada de posse o presidente reeleito destacou, igualmente, o excelente desempenho da região e, sobretudo, a forma como o Porto e Norte conseguiu já retomar níveis de desempenho pré-pandemia. No destino, frisa Luís Pedro Martins, o ano de 2022 fechou com dados extremamente positivos, dado que “ultrapassámos todos os indicadores de 2019, seja no número de hóspedes (6 milhões), no número de dormidas (11 milhões) e no valor dos proveitos arrecadados”. Neste último vetor, acrescenta, a região atingiu “os 700 milhões de euros, um crescimento de 20% em relação a 2019, quando a média nacional foi de 14%”.

Um feito que, sublinha o presidente da agência de promoção externa, é conseguido com verbas muito inferiores aos dos mercados concorrentes. “Realizar e conseguir o que conseguimos com um orçamento de 1 milhão e 400 mil euros, quando, a título de exemplo, os nossos vizinhos da Galiza têm destinados, só para promoção externa, 16 milhões de euros, é um resultado notável”, frisou.

E se alguns consideram que o Turismo tem um peso excessivo no PIB, Luís Pedro Martins lamentou que “ainda não se tenham habituado à ideia, mas estamos de regresso e em força, para bem do País, nomeadamente para bem de algumas partes do país onde já só o turismo investe e acredita”. “Trabalhamos com os mesmos orçamentos há demasiados anos, só que, entretanto, o mundo mudou, e os nossos concorrentes também, tendo hoje orçamentos reforçados”, acrescentou Luís Pedro Martins. Por isso, o Turismo do Porto e Norte quer dar corpo a um conjunto de objetivos que vão da atenção no apoio às empresas, ao incentivo e estímulo de projetos que tenham o propósito de reter talento e mitigar a escassez de recursos humanos. A este propósito refere a relevância da cooperação institucional, nomeadamente com a CCDR-N e a concertação de esforços no aproveitamento e otimização do Programa Operacional Norte 2030. “Queremos ainda abrir caminho e ser referência para a melhoria dos conteúdos e da experiência turística no destino e ainda estimular a dinâmica do território com eventos turísticos”. Continua, evidenciando, a aposta em dois grandes compromissos: a digitalização e a sustentabilidade. Aprofundar a relação com as regiões vizinhas da Galiza e de Castela e Leão, é, desde há muito, outro dos grandes focos de Luís Pedro Martins, que recorda também que “no terreno está já a criação de um Cluster de Turismo da Euroregião”. Apostas que, acredita, irão repercutir-se em ganhos importantes para a região. “Acreditamos que o sucesso do Turismo será o sucesso de todos aqueles que aqui vivem, investem, trabalham, estudam e visitam”, concluiu.