Porto e Norte: “Sobrevivência” das empresas em perigo devido à Covid-19

O mês de janeiro colocava o Porto e Norte de Portugal no topo das preferências dos turistas e esta região crescia acima da média nacional. “Vivíamos um momento incrível”. Mas, em 15 dias, o cenário inverteu-se com a chegada do novo coronavírus a Portugal. Em exclusivo à Ambitur.pt, o presidente da Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, frisa que os efeitos negativos da pandemia provocada pela Covid-19 estão a ser globais e a região “não foge a essa realidade”. 

Os “cancelamentos e adiamentos de reservas” ou a “suspensão de atividade de grande maioria das empresas do setor” são alguns dos efeitos nefastos que se fizeram sentir após a declaração de Estado de Emergência e das medidas de contingência anunciadas pelo Governo. Apesar de serem “decisões inevitáveis no atual contexto”, Luís Pedro Martins salienta que “toda esta situação” coloca em “causa” a “sustentabilidade socioeconómica” do setor dificultando “a sobrevivência das empresas”, nomeadamente, das “mais jovens” que estão em “grande número no tecido empresarial do turismo” e na “nossa região”.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) ndicam que o turismo “emprega diretamente cerca de 400 mil pessoas” e no Norte de Portugal, estão indexadas no Registo Nacional de Turismo, existem “cerca de 20 mil unidades de negócio”. São números que motivam apreensão da entidade: “A nossa maior preocupação incide sobre as pessoas que têm no turismo as suas fontes de rendimento e que, neste momento, vêem as suas vidas suspensas”, sustenta o dirigente da TPNP. 

Mitigar o impacto da crise da Covid-19

Apesar da incerteza da conjuntura atual, Luís Pedro Martins garante que as Entidades Regionais estão na “linha da frente” do combate: “Os nossos associados são empresários e associações do setor e todos os municípios da região”, precisa o  dirigente, indicando que as Entidades estão em contacto “permanente” com a secretária de Estado do Turismo e com o Turismo de Portugal, estudando as “melhores medidas” para fazer face a “uma grave crise”. 

Falando do TPNP, Luís Pedro Martins indica que o “combate” será feito em “duas frentes”, concentrando os esforços iniciais na frente de “mitigação” do “impacto da crise”. A prioridade passa por “disponibilizar o máximo de recursos, ferramentas e informação” aos empresários do setor.  Um dos recursos de auxílio aos empresários é o microsite da TPNP para a COVID-19 (covid19.portoenorte.pt) e que incluirá, além de informação para preparação das candidaturas às várias linhas de apoio,  toda a informação disponível e mais relevante em tempo real. 

A segunda frente seguirá uma lógica de “day after”: “Temos de estar preparados para avançar na promoção da região logo que nos seja possível”, diz o presidente da TPNP, sublinhando a atitude de “grande entendimento, articulação e cooperação” com a Associação de Turismo do Porto (ATP) para promoverem um conjunto de ações junto dos principais mercados emissores de turistas. “Numa primeira fase, iremos “atacar” no turismo interno e no mercado espanhol, primeiro mercado emissor da região e, posteriormente, nos restantes”, elenca Luís Pedro Martins, realçando a “importância das campanhas de marketing de reforço da confiança”, que serão dirigidas ao cliente final, e as “campanhas dirigidas ao trade” para apoio à “comercialização e venda do destino”.

Os pedidos dos empresários quanto a apoios aos setor  são, para o responsável, algo “natural. Claro que os empresários reivindicam mais apoios”. No entanto, o dirigente do TPNP acredita que as medidas vão ser  “agilizadas à medida que vamos tendo novos dados sobre o impacto que está a provocar no país”. Luís Pedro Martins garante que existe “total articulação com as associações empresariais”, lembrando que “muitas das medidas tomadas pelo Governo vêm dessa partilha de opiniões e de um trabalho conjunto”.

“Estaremos, de certeza absoluta, melhor preparados como país”

Esta situação de caráter excecional poderá ser um momento preparar o futuro: “Estamos todos a aprender com esta pandemia”, afirma Luís Pedro Martins, acreditando que “todos os setores” e o “mundo em geral” vão tirar lições desta situação. 

No caso do turismo, o presidente atenta para a necessidade de existir um “plano B” para dias de contingência: “Os projetos, os investimentos, a gestão em geral terão de prever situações semelhantes”, algo que na “nossa geração não fazia parte dos planos. Hoje sabemos que não será a única [situação similar]”. No entanto, o presidente da TPNP acredita que, em condições similares no futuro, “saberemos agir com maior rapidez e articulação entre Estados: estaremos, de certeza absoluta, melhor preparados como país”.  

E seguindo o ditado “O que não nos mata torna-nos mais fortes”, o presidente do TPNP não tem dúvidas de que “vamos vencer este combate, o pior da nossa geração, um combate muito complexo e de escala mundial”.