Portugal precisa de 45 a 50 mil trabalhadores no setor do turismo

A secretária de Estado do Turismo estima que Portugal precise de 45 mil a 50 mil trabalhadores no turismo, vagas que poderão ser preenchidas por trabalhadores de países de língua portuguesa ao abrigo de um regime recentemente aprovado. Em declarações à Lusa, à margem de uma visita ao Algarve, Rita Marques adiantou que está a ser preparada, para o último trimestre do ano, uma “missão empresarial” portuguesa para “garantir” que o país possa receber trabalhadores destes países, com o enquadramento do novo regime de entrada e permanência de trabalhadores em Portugal.

“O objetivo é levar uma comitiva de empresários portugueses que estejam à procura de reforçar os mapas de pessoal, identificando trabalhadores dessas geografias que estejam interessados em vir para Portugal […] e que os serviços consulares possam depois administrativamente despachar favoravelmente os vistos e possamos trazer connosco os trabalhadores que pretendem ingressar neste setor de atividade”, precisou.

Segundo a a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, que esteve reunida com vários representantes do setor do turismo no Algarve, a missão empresarial portuguesa, que conta com várias áreas do Governo, como o “Trabalho, Negócios Estrangeiros e Economia”, deverá realizar-se no último trimestre de 2022. “Nesta altura em que há uma retoma pujante do setor do turismo, estamos a viver vários desafios e um deles tem a ver, justamente, com a falta de capital humano”, referiu, adiantando que, durante o encontro com empresários do setor, foi abordada a nova lei votada favoravelmente na Assembleia da República em 21 de julho. De acordo com a governante, a nova lei veio introduzir “alterações muitíssimo relevantes e substanciais na emissão de vistos, designadamente no âmbito dos países que ratificaram o acordo da CPLP”.

Estimando que o país precisa entre 45 mil a 50 mil trabalhadores no setor para garantir a qualidade de serviços no turismo, Rita Marques considerou que o novo regime de entrada e permanência de trabalhadores em Portugal “pode ser útil justamente para se poder importar capital humano”. No entanto, sublinhou, há a preocupação “de garantir que este capital humano também é adequadamente formado e capacitado” para manter “uma prestação de serviços de excelência” no setor, envolvendo nesta matéria as escolas de hotelaria e turismo nacionais.

Na agenda de Rita Marques esteve também uma visita a dois resorts turísticos que estão na “vanguarda” da eficiência hídrica na região do Algarve, outro dos temas que mereceu destaque durante a sua deslocação à região, afetada por uma situação prolongada de seca que já levou a que começassem a ser implementadas medidas de poupança de água.

Sublinhando que se está a “viver tempos de mudança no que toca aos recursos naturais” e que “a água é um recurso precioso sem o qual não se consegue prestar um serviço de qualidade”, Rita Marques sustentou que é preciso haver um compromisso em “desenvolver soluções inovadoras que garantam que este recurso não é desperdiçado”.