Portuguesa cria associação para promover Portugal como destino no Médio Oriente e gerar negócio a empresários nacionais

Inês Amaral assume-se como uma nómada, tendo passado por vários destinos internacionais ao longo da sua vida adulta. Mas foi no Dubai, onde vive já há oito anos, que encontrou a sua estabilidade profissional. O turismo fez sempre parte da sua vida, tendo trabalhado em agências de viagens, aviação ou operadores turísticos, e por isso, há quatro anos, criou o seu próprio grupo de empresas by Aurora group. Fundou a Aurora Agency, uma empresa de marketing de turismo focada em clientes internacionais que trabalha com produtos exclusivos, apostando na qualidade em detrimento da quantidade. Com esta empresa tem clientes como safaris de luxo, uma empresa de space travel ou um hotel de luxo em Santorini. Durante a pandemia, criou a The Concierge Hub, devido ao “enorme interesse em Portugal por investimentos no setor imobiliário, com ou sem acesso a visto gold”, explica. A ideia é oferecer uma solução chave-na-mão, dando não só o apoio ao processo de compra do imóvel como todo o serviço de acompanhamento durante a viagem a Portugal.

Desde cedo Inês Amaral se apercebeu que Portugal era vendido sobretudo por DMC’s espanhóis, e como uma extensão de uma ou duas noites de umas férias em Espanha. Se, por um lado, o setor turístico local se queixava da ausência de informação e de apoio, também é verdade que em Portugal se verificava uma falta de conhecimento sobre os mercados do Médio Oriente, evidencia a empresária. Assim, durante o confinamento de 2020, após muita reflexão, decidiu criar a Associação Portuguesa de Turismo para o Médio Oriente para “dar vida a esta minha ideia”.

A empresária trabalha com uma equipa de freelancers nesta empresa 100% privada, sem qualquer apoio financeiro. E assume como missão promover Portugal como destino no Médio Oriente, criando oportunidades de negócio para os associados e dando suporte ao setor do turismo neste destino com informação e apoio na promoção e venda do mercado português.

Neste momento, a associação conta com hotéis, agências de turismo e DMCs como associados mas a empreendedora explica que qualquer empresa no setor do turismo em Portugal se pode associar, dando o exemplo de empresas de transferes, villas privadas, golfe, turismo de compras, entre outras. Em apenas cinco meses, em pleno confinamento, a associação conta já com sete empresas como associadas, entre as quais o Grupo Pestana. E garante que quem o fizer poderá ter acesso a mercados que, de outra forma, não seriam acessíveis. “Estes mercados são muito convencionais e nem sempre é fácil entrar aqui com um novo produto; requer muita consistência, informação contínua e formação”, justifica. A associação conta já com parceiros na região como a Emirates, dnata, Seera group, Orient Travel, Al Rais ou Al Jazeera media network, para dar alguns exemplos.

Ajudar o mercado nacional a entender melhor o cliente do Médio Oriente é um dos objetivos desta associação. E Inês Amaral adianta que se trata de clientes que reservam as suas viagens à última hora e são muito exigentes. Além de terem um poder de compra muito superior à média mundial, e de procurarem sobretudo hotéis de luxo e produtos exclusivos, viajando em jatos privados, em classe executiva ou first class, são também clientes que gostam de viajar em família e que, muitas vezes, se deslocam com o seu próprio staff e segurança privada. A responsável admite que há associados que já se aperceberam da importância deste mercado e da necessidade de olhar para mercados alternativos, sobretudo numa altura em que aqueles que são mais convencionais para Portugal (EUA, China ou Brasil) deverão levar mais tempo a recuperar.

A empreendedora portuguesa lembra ainda que, nos últimos dois anos, a Emirates aumentou a frequência de voos para Lisboa e colocou mais um voo para o Porto; já a Qatar Airways contava com um voo direto de Doha para Lisboa. “Portugal tornou-se aquele destino que toda a gente quer conhecer”, admite. Além disso, o facto de ser “um destino que oferece muita segurança, excelente gastronomia e a melhor relação qualidade-preço da Europa foram, com certeza, fatores que ajudaram”.

Inês Amaral espera pois poder ajudar a diminuir a falta de conhecimento sobre o mercado português, contando com uma vasta rede de contactos pelos cinco países do Golfo Pérsico. Embora a associação esteja sediada no Dubai, opera também nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Kuwait e Qatar.